sexta-feira, 15 de outubro de 2010

REMÉDIOS PARA AS DOENÇAS E NÃO O INVERSO

Num interessante e muito pedagógico texto, hoje publicado no PÚBLICO, o ex-ministro das finanças de Sócrates, José Campos e Cunha, aborda uma das questões fundamentais para resolução da crise que se vive em Portugal. Afirma ele que em cada país a situação tem características próprias, que a distinguem das outras. E cita os casos de Espanha, da Irlanda e de Portugal. Acrescenta que, enquanto nos dois primeiros houve bolhas imobiliárias que rebentaram, sendo que posteriormente o caso irlandês se agravou devido à difícil situação dos bancos, no nosso país nada disso aconteceu. Usa até uma metáfora elucidativa: Enquanto a Espanha partiu um braço e a Irlanda fracturou as duas pernas, Portugal é tóxicodependente. Habituou-se a viver a crédito, que agora está em risco de não poder pagar, acrescentamos nós.
Assim sendo, conclui o ilustre economista, dado que a nossa doença é diferente, também a terapêutica não pode ser igual à adoptada pelos outros países. Descendo ao nível concelhio, afinal o que mais nos devia interessar, não fora o caso de sermos todos um bocadinho megalómanos, a sessão da Assembleia Municipal de ontem (ver post "A Montanha não pariu nada"), foi bastante esclarecedora, exactamente porque não esclareceu absolutamente nada. 
Conquanto haja cidadãos convencidos de que ali foram ditas coisas de grande importância, e apresentadas hipóteses consistentes de solução, desde logo entre os próprios membros da AM, a verdade nua e crua é que nada disso aconteceu. Se anteriormente não sabíamos quais as reais causas da crise local, continuamos sem o saber. Se anteriormente não existia qualquer documento credível enumerando os sintomas da crise local, continua a não existir. O resto que se possa vir a dizer sobre a referida sessão, não passará de balelas para mobilar. Comme d'habitude...
Sem um prévio estudo sério sobre as causas da crise local, dela abstraindo tanto quanto possível as influências da crise nacional, seguida de uma enumeração dos sintomas que se pretendem debelar quanto antes, é óbvio que não pode existir uma terapêutica adequada, elaborada exclusivamente para a doença tomarense. Há sim aquilo que ditou a implosão dos regimes dos países do leste europeu -A reiterada prática de arranjar doenças para os remédios disponibilizados pelo partido único. O mesmo que tem acontecido em Cuba ou na Coreia do Norte, com os resultados conhecidos de todos.
Aquilo de que Tomar precisa quanto antes, parece-nos, é que alguém ou alguma entidade tenha humildade, capacidade, coragem e oportunidade para publicamente dizer aos tomarenses quatro coisas fundamentais, a saber: A - Estas são as causas remotas e as causas próximas da crise que grassa no nosso concelho; B - Estes são os sintomas da crise local que nos assola, cuja eliminação depende de nós; C - Esta é a terapêutica que se propõe, para debelar a doença no prazo de X semanas, meses ou anos; D - Os recursos indispensáveis para a implementação da terapêutica virão de ... ... ... e serão custeados da seguinte forma.. ...
Dado que nada disto, nem parecido, foi ainda produzido na AM, no Executivo ou nas forças política locais, somos forçados a concluir que continuam alegremente a iludir a população. E, calhando, persuadidos de estarem assim a agir em prol do bem comum. Todavia, parece-nos que, salvo melhor opinião, debitar listagens de intenções, é do mais fácil que há. Indicar o financiamento, a implementação, a calendarização, a articulação, e os resultados esperados, isso é que era serviço. Mas até agora tudo está ainda por fazer nessa área.
Os tempos mudam cada vez mais rapidamente. As pessoas nem tanto. Os tomarenses nem pensar. Por isso estamos como estamos. E vamos para onde vamos.

7 comentários:

Anónimo disse...

A questão é que falta capacidade de diagnóstico, visão e competência aos dirigentes tomarenses. Há 20 anos. Ao povo votante tem faltado discernimento e exigência.
Convem ao sr. Gil (paiva&relvas) desviar a atenção para o Governo actual em Lisboa. Os tontos do PS vão no engodo e nem percebem que os problemas da cidade são devidos ao PSD. Coligados como haviam de os atacar? Mesmo sendo os tontos atacados pelo PSD!
Todos devem estar interessados é na "subvenção vitalícia". Valor mensal que o sr. Relvas já recebe, dado o tempo e os bons serviços feitos à comunidade!
Um exemplo sobre a paralisia tomarense: foi muito mais rápido ir buscar 33 mineiros soterrados a 600m que por de pé uma tenda em Tomar para venda de produtos alimentares. A NASA não quererá levar os nossos vereadores para coordenar missões espaciais? Poupariam muito combustível!
Pedro Miguel

Anónimo disse...

E qual é o melhor remédio para a ferreirite aguda?

Anónimo disse...

DESMASCARÁ-LA !!!!!!!

Anónimo disse...

O labrosta acaba de publicar as verbas destinadas ao concelho no OE de 2011.

Faltou acrescentar o comentário/desabafo final :

"Huga-se(!!),cortaram mas ainda chega para eu continuar a mamar e a fazer a minha propaganda."

Anónimo disse...

O vereador-fantoche Carlos Carrão devia ser colocado na mina de Atacama, exactamente o mesmo tempo que está a demorar a colocar em funcionamento uma simples Tenda no mercado de Tomar.

O PSD em Tomar tem dois chefes de gabinete, para ter incompetência a dobrar.

Anónimo disse...

No meio disto tudo, digam-me onde encontrar o Pedro Marques e a Graça Costa para lhes perguntar o que andam por lá a fazer.
No meio disto tudo, digam-me onde andam os vereadores dos Independentes, em campanha tinham as soluções todas e agora nada têm?
Os IpT fizeram uma campanha onde gastaram dinheiro que ninguém sabe de onde veio nem para onde foi. E agora não têm uns trocos para denunciarem esta política desastrosa? Ou não sabem e não têm qualquer ideia de como fazer política diferente? Será que o Pedro Marques apenas queria o poder para dar continuidade aos negócios que perdeu com a saída de cena? E a Graça Costa tão "púdica" por onde anda? Eclipsou-se. Isto de dizer umas banalidades na AM não é a mesma coisa que governar e/ou fiscalizar o executivo. O Pedro Marques anda obcecado por um lugar no executivo para quê?
Aceitam-se sugestões.

Anónimo disse...

Se é verdade que os vereadores dos IpT andam à caça de um lugar no executivo com pelouro distribuído, não vejo porque não.
O problema é que ninguém conhece nem as ideias nem os projectos alternativos ao actual executivo.
Os IpT estão para Tomar como o PSD para o país: é só conversa. Quando chega a hora de apresentar alternativas estão de férias. Veja-se o Passos Coelho que já anda aflito porque vai ter de voltar a pedir desculpas ao país por deixar o orçamento passar.
O mesmo acontece com os IpT em Tomar. Blá, blá, blá e pouco mais. Haja Deus.