segunda-feira, 4 de outubro de 2010

QUATRO MOSCAS NA MESMA SOPA É DEMASIADO !




Pessoa amiga e influente no meio local chamou-nos a atenção para uma recente publicação da autarquia nabantina, que a deixou surpreendida e alarmada. Trata-se de uma espécie de agenda cultural anual, editada recentemente pelos serviços municipais de turismo. A ideia em si é excelente, pois faz parte das boas práticas na área operacional do turismo industrial, uma vez que os operadores necessitam absolutamente de conhecer com anterioridade suficiente os eventos programados, de forma a poderem elaborar e comercializar atempadamente os seus "pacotes". Andou bem, por conseguinte, o vereador Luís Ferreira. A demonstrar mais uma vez que, por muito que se esforce, ninguém consegue fazer tudo bem nem tudo mal.
Há, todavia, quatro "moscas" nesta "sopa", o que é manifestamente exagerado. Mesmo em Portugal e em Tomar, pátria do Congresso da Sopa. Que se saiba, até agora não são conhecidos apreciadores de "sopa moscatel".
 A primeira "mosca na sopa" é a ideia bacoca de ocupar a página 2 com propaganda ao presidente da edilidade e ao vereador do pelouro que edita a publicação. Só falta incluir o currículo de cada um. Trata-se de uma prática pacóvia, mais própria de uma junta de freguesia do interior alentejano (com o devido respeito pelos alentejanos, que são quase todos boa gente). Os operadores turísticos e os turistas não estão mesmo nada interessados, nem têm de estar, em conhecer os autarcas locais, por mais ilustres que sejam. Excepto talvez Luís Ferreira, que se tornou numa figura regional pelas piores razões -as sequelas do triste episódio Lobo Antunes.
A segunda "mosca" provém da exageradíssima tiragem do opúsculo em questão, mesmo dando de barato que se trata de publicação a difundir no concelho e fora dele. Dados os parcos meios de distribuição, é um disparate -e um disparate muito caro- editar 25 mil exemplares em papel  "couché" (o mais oneroso), quando 10 mil já seriam demais. Feita a asneira, metida a pata na poça, resta agora aos decisores limpar os sapatos e aguentar de cara alegre as justas críticas dos cidadãos eleitores e pagantes. Que naturalmente, perante tais despesas sumptuárias e parcialmente inúteis (uma grande parte dos opúsculos vai acabar no lixo ainda antes da distribuição), ficam todos com a mosca. E têm razão de sobra.
Terceira "mosca": Mais adiante (numa página sem número, tal como as restantes, (e aqui está mais uma "mosca na sopa", a quarta), escreve-se sobre a "Evocação de 13 de Outubro de 1307 (Processo dos Templários) e da morte de Gualdim Pais". Nada a dizer quanto à escolha do evento ou às referências ao pretenso tesouro dos templários. Os factos são sagrados, mas a sua interpretação é livre e cada qual come do que gosta.
O problema é que o redactor, ou os redactores, que até têm uma escrita corrida e agradável, parece terem perdido as estribeiras a dado passo, tendo caído do cavalo abaixo. É a única explicação racional para este troço de prosa: "Será o tesouro um facto ou uma lenda? As dúvidas subsistem até aos nossos dias, sendo no entanto facto que os Templários se instalaram em Tomar, com a bênção do Rei D. Dinis, e aqui iniciaram a sua aventura como Ordem de Cristo, tendo como Grão-Mestre Gualdim Pais."
Os distintos, prestigiados e diplomados historiadores locais não deixarão decerto de vir a terreiro dizer o que lhes aprouver. Enquanto tal não acontece, que nos seja permitido, enquanto leigo em história, que nunca foi além do bacharelato na matéria, alinhavar um apontamentozito.
Na frase "As dúvidas subsistem até aos nossos dias", bastava terem-se ficado por "as dúvidas subsistem". O resto é redundante. Sendo "subsistem" um presente do indicativo, está implicito que é até aos nossos dias, e mesmo para o futuro. Depois, a ideia de que os templários se instalaram em Tomar coma bênção do rei D. Dinis, é uma evidente heresia histórica, sobretudo para as crianças e para os adultos menos artilhados, nada habituados a estas nuances de linguagem. Finalmente, "e aqui iniciaram a sua aventura como Ordem de Cristo, tendo como Grão-Mestre Gualdim Pais" é uma quimérica salada incomestível. Não só a Ordem de Cristo nunca se envolveu em qualquer aventura enquanto tal, tendo até lutado internamente quanto poude contra o mentor e o motor dessa aventura, o Infante D. Henrique, que lhes foi imposto, como governador, regedor e administrador da Ordem; como Gualdim Pais nunca foi nem usou o título de Grão-Mestre. De qualquer forma, tanto no reinado de D. Dinis como na época do Infante D. Henrique, (1420-1460), Gualdim Pais já jazia em Santa Maria desde o século XII.
Nestas coisas da promoção e da história, como em qualquer outra matéria, é sempre conveniente certificar-se de que sabemos nadar antes de nos atirarmos ao mar encapelado da opinião pública, que nunca perdoa aos principiantes aprendizes de feiticeiro.

15 comentários:

Anónimo disse...

Caro António Rebelo,

Fiquei de boca aberta com o que aqui acabo de ler. Tanta asneira patrocinada pelos autarcas mais visíveis do reino, pelas piores razões.

Um trabalho sério não se compadece com as ligeirezas e muito menos com a ignorância. Todos sabemos que a ignorància é muito atrevida.

O prsidente formal é um papagaio de papel nas mãos do vereador Luís Ferreira. Em abono da verdade, o Luís Ferreira "papa-o" com alguns elogios pacóvios, que o enchem como balão de ar que ao mínimo descuido rebenta e mostra o que lá dentro existe: NADA!

Este "panfleto" é a prova provada da inutilidade dos que nos (des)governam.

José Soares

Anónimo disse...

A égua Ratona do Rui Salvador faria ali melhor figura...

Luis Ferreira disse...

Estimado

(a correr) De acordo com a interpretação dúbia que a forma "light" do texto pode induzir.

Não é a única. O mesmo acontece com o texto sobre a republica, quando se refere o regicídio e o príncipe luis Filipe aí Tb assassinado.

Ossos da redução de texto a que fomos obrigado por motivos financeiros, porque decidimos que esta edição de divulgação de todos os eventos de outubro, devia chegar a generalidade dos cidadãos através do correio e para ficar dentro de padrões financeiros aceitáveis, foi necessário compactar.

De notar que ediccao semelhante realizada em Agosto para divulgar os bons Sons teve 15 mil exemplares. Este aumento foi necessário porque 15 mil foram os distribuídos pelo correio sobrando 10 mil para distribuição junto de operadores e hotelaria, como ancora para todos os eventos e promoção dos futuros.

Essa tem sido a nossa estratégia, que vai sendo aprimorada e corrigida. E os texto, na sua clareza, precisam naturalmente de melhoria.

Unknown disse...

Para Luís Ferreira:

Obrigado pelo teu comentário. É pena que o dito opúsculo não possa ser emendado, pois como está vai permitir que muitos leitores se riam. E não será propriamente de satisfação. Além da baralhada com os templários, a Ordem de Cristo, Gualdim Pais e as datas, temos também o assassinado príncipe D. Luís Filipe a reinar em vez do irmão D. Manuel II e, vê tu bem! Um mercado 1900 onde "se pesavam os ovos", coisa rara e nunca vista! Cuidava que todos sabiam serem os ovos vendidos à unidade, à meia-dúzia ou à dúzia, e afinal...deve haver por aí quem ande a pesar ovos, mas com i, quando se trata de pensar um bocadinho. Oxalá os ditos não venham a servir um dia como armas de arremesso contra os autarcas que temos...

Cordialmente,

António Rebelo

Anónimo disse...

OH Sr. Vereador Luís Ferreira está bem conseguida esta accção de campanha da sua imagem! Está sim senhor. Você aprendeu depressa os truques dos politiqueiros.
Quem é que você quer enganar? Ou antes, a quem é que você quer impor-se? Pois é já anda a trabalhar para as próximas autárquicas.
O Carrão com a velhada ignorante, que me perdoem os velhotes, mas também gostam de se corromper com os pratinhos de lentilhas. E você com ar de pseudo-intelectual e de barriguinha cheia de República, vamos a isso! Todas as casotas da terra receberam a sua propaganda.
Eu se aí tivesse fazia-o com maior inteligência. Os seus métodos são demasiados obvios!!!
Conclusão cheira a mediocridade baloufa!!!

Anónimo disse...

Turismo "industrial" em Tomar? Não brinquem com coisas sérias nem queiram iludir mais os cidadãos com "amanhãs de progresso" baseados em turismo e criadagem!
Essas ilusões já estão a sair muito caro a todos os que têm que procurar trabalho fora de Tomar.

Anónimo disse...

O senhor vereador parece que não compreendeu que o problema não é propriamente o tamanho do texto, mas a incorrecção do conteúdo. Desculpar isto com a necessidade de poupar nos custos e encurtar a informação é lamentável. Os custos para a imagem da autarquia e dos seus serviços de cultrua e turismo, não contam? Ou espera-se que as pessoas não leiam e se dê pouco pelas "gafes". Se não é para ler, são precisos 25 mil para quê? Para ver apenas os bonecos? Será que a culpa vai ser da tipografia? Errata precisa-se. Dinheiro que podia ter sido bem gasto, vai acabar no lixo? Ou vamos dar a imagem de que nem a nossa história conhecemos?
Laura Rocha

Ernesto Jana disse...

Meu caro António Rebelo. Tenho a brochura que trouxe de Tomar. Estive aí no sábado, dia 2 numa reunião do Forum Ribatejo. Vi a brochura, trouxe-a e ainda nem a vi com olhos de ver. Agora, graças ao seu blog, estive a ver o texto, tanto o da República como o dos Templários. Sabe tão bem quanto eu que dantes os jornais e outros organismos tinham revisores que detectavam os erros, quer os ortográficos como os outros. Agora com os computadores temos os correctores automáticos. Mas estes não corrigem os erros graves e crassos que aparecem naqueles momentos em que se usa o copy paste, corta e cola. E depois, depois dá nisto. E é uma mensagem que passou em 25000 brochuras.

Anónimo disse...

Ediccao?? Que palavra é esta? Confesso que este vocabulário do vereador é demasiado para a minha bagagem... Bem, por isso ele é vereador da cultura e eu de cultura, só mesmo no quintal...

Anónimo disse...

Quando ele intervem o cheiro é nauseabundo...

Anónimo disse...

E viram a maravilha?

O vereador ferreira põe toda a gente a discutir o que faz, as gaffes dos documentos que manda produzir e ainda é ele que explica os erros de truncagem nos documentos.

Comparável, só mesmo aquela da foto do D.Nuno Alvares Pereira, com a cara do infante D.Henrique nas Estátuas vivas.

E que vivá a cultura das gaffes.

Este Luis ferreira tem a arte de nos por a discutir tudo e mais alguma coisa, com um único objectivo: o de se evidenciar.

É de mestre. Único!

Anónimo disse...

Um banhito por dia, ele havia de ver o bem que lhe fazia...

Anónimo disse...

Fontes bem informadas garantem que haverá "bordoada" da grossa, dos IpT, do BE do ex-PSD, agora independente Cruz, exigindo a Corvelo que retire de imediato os pelouros (da Cultura e do Turismo) ao vereador socialista.

E que o vão fazer com cerimonial a preceito.
Não se sabe ainda se a lenha para a fogueira do Auto de Fé vem directamente da Sede nacional do PSD em Lisboa ou se é fornecida por empreiteiro amigo do EngºDelgado, da secção de Tomar do mesmo Partido.

Consta ainda que foi convidado para fazer o elogio fúnebre o escritor Joaquim Emídio, uma vez que à última hora Lobo Antunes teve um torcicolo no sobrolho esquerdo e avisou que: "não volto aquela terra de malucos, nem que me garantam o prémio nobel".

Anónimo disse...

...e tem distúrbios de personalidade assim a modos como o Pessoa. Escreve assinando-se e escreve como anónimo a falar dele próprio...

Anónimo disse...

A figura de baixo é que é o coiso da cultura?