sexta-feira, 8 de outubro de 2010

OUTRA VEZ O SEXO DOS ANJOS E A ALMA DOS ÍNDIOS

Há quinhentos anos, enquanto a Europa do norte, protestante, progredia a olhos vistos, a do sul, submetida a Roma, entretinha-se a discutir, em concílio convocado para o efeito, primeiro o sexo dos anjos, depois se os ameríndios tinham ao não tinham alma. Pois eis-nos agora perante nova discussão do mesmo tipo, conquanto totalmente profana. À hora a que este post está a ser escrito, a Comissão Política Concelhia do PS discute o que fazer com a estranha coligação sentada à mesa do orçamento camarário. Continuar como até aqui, ou romper o acordo, são as hipóteses na mesa, com mais ou menos palavrório para ornamentar a coisa.
O chamado "Acordo de partilha da gestão municipal de Tomar", subscrito por rosas e laranjas, em 23 de Outubro do ano passado, é a base contratual daquilo a que se tem chamado "coligação". Trata-se de um documento de oito parágrafos, que poderá ser tudo menos claro ou programático, pensamos nós. Basta atentar no seu terceiro parágrafo, que passamos a transcrever, para evitar dúvidas (Quem desejar ler o documento na íntegra, fará o favor de digitar psdigital): "O resultado determinado em Tomar pelos cidadãos a ambos os partidos, submete-os a traduzir com mais veemência essa consciência de responsabilidade e o objectivo primeiro da defesa dos interesses dos tomarenses,  obrigando ambos os partidos a uma capacidade de entendimento e de, com base no diálogo e no trabalho, conciliação de planeamento  e compreensão da cidade e do concelho várias vezes divergentes, para  de forma séria, capaz, determinada e leal, poderem ultrapassar os muitos desafios que a Tomar se colocam."
Face a tal peça, apenas uma pequena observação: Quem redige assim, só pode ter a cabeça cheia de ideias bem estruradas. Está-se mesmo a ver.
Enquanto isto, a nível nacional, o conceituado director do SOL, José António Saraiva, vai prevenindo os cidadãos responsáveis: "O Estado Providência, tal como o conhecemos, tem -por isso- os dias contados. Tem de mudar de paradigma. Logo à partida, só deve existir para quem precisa. Um indivíduo não deve morrer por não ter meios financeiros para se tratar; mas, simultaneamente, quem tem posses não deve recorrer ao auxílio do Estado.
Assim, o ensino não pode ser indiscriminadamente gratuito, a saúde não pode ser indiscriminadamente gratuita, as pessoas não vão poder receber todas por ano 14 ordenados por 11 meses de trabalho, as reformas não vão poder ser todas por inteiro, e assim sucessivamente.
É mau? A questão não é ser mau nem bom -é que não há alternativa. pela simplicíssima razão de que o que nós produzimos não dá para pagar o sistema assistencial que temos."
A nível municipal, mas exactamente no mesmo contexto de novo paradigma, Renato Campos, socialista, antigo presidente da Câmara do Cartaxo e actual alto funcionário governamental, escreve no semanário O Ribatejo, de hoje: "E julgo que não será difícil conter o despesismo municipal, senão vejamos alguns exemplos do que pode ser cortado. Serão precisos tantos vereadores a tempo inteiro, implicando secretárias, assessores, viaturas, gastos de representação, etc.? Serão precisos tantos funcionários, quando as câmaras estão a recorrer cada vz mais ao outsourcing para a prestação de serviços como limpeza urbana, jardinagem, transportes, etc? Justifica-se o lançamento de obras de duvidosa utilidade...? Para quê tantas festas e festinhas? Para quê tanto auditório, campos relvados e equipamentos lúdicos sobredimensionados?
Nos tempos difíceis que correm e que se irão agravar, os municípios devem, sobretudo, viabilizar uma "almofada financeira" que permita o pagamento  a tempo e horas aos credores, alimentando assim a economia local... ..."
Perante isto, senhores autarcas "nabanteiros" e respectivos acólitos e outros apaniguadas, vejam lá se vão arranjando argumentação nova. Essa de que Tomar a dianteira é só má língua já não pega.

14 comentários:

Anónimo disse...

Grupo Municipal Independentes por Tomar apresenta proposta de Plano de contenção de gastos e popança de energia:

"Tendo presente a difícil conjuntura económica e a necessidade de garantir uma parcimoniosa gestão dos recursos da autarquia na prestação dos serviços correntes e execução dos investimentos necessários ao desenvolvimento socioeconómico do Concelho, o Grupo Municipal Independentes por Tomar vem propor que a Assembleia Municipal, reunida em 30 de Setembro de 2010, decida:

Instar com a Câmara Municipal de Tomar para que, com a maior urgência, proceda à elaboração de um Plano de Contenção de Gastos e Poupança de Energia, no qual se insira, para além do mais:
- a execução da deliberação tomada na reunião de 28 de Outubro de 2008 - instalação de energias renováveis nos equipamentos e em outras infra-estruturas municipais em que tal seja possível;
- a tomada de medidas de poupança de energia e de recursos em todos os Serviços Municipais e nos Serviços Municipalizados;
- dotar o sistema de iluminação pública com lâmpadas de baixo consumo e com temporizadores para evitar desperdícios de energia eléctrica. "
M. Subtil

Anónimo disse...

Tomar só teria pessoas à altura para dirigir o concelho de forma dinâmica,desinteressada,competente e séria se acontecessem três milagres :

1º - Se fosse corrida de todos os partidos e movimentos,toda aquela gentalha oportunista que viveu quase toda a sua vida de expedientes e traficâncias políticas,à custa do erário público.

2º - Se regressasem aos partidos e movimentos todos aqueles que se afastaram por não aceitarem ser mercenários nem com eles colaborarem. E são muitos quadros válidos,de todos os quadrantes políticos,sem excepção.

3º - Se os partidos se abrissem verdadeiramente à sociedade e catalizassem o potencial humano,técnico e de trabalho e competência que muitas pessoas independentes podiam trazer à vida política local.

Se fosse possível isto acontecer na vida política local e nacional,outro galo cantaria.

Como,infelizmente,não vai acontecer teremos eventualmente novas moscas,mas a mesma m....

O país e os portugueses só pararão para pensar e agir quando a esmagadora maioria dos eleitores responder a um velho repto de José Saramago :

Vamos todos votar em BRANCO!!!!

ATÉ LÁ vão mudando alguns figurões,mas não mudam OS LADRÕES!

INFELIZMENTE,para todos nós,o país e a democracia estão PODRES!

Os "vermes" dessa podridão,de que é exemplar-tipo o LABROSTA,estão demasiado disseminados,sobretudo nos partidos do denominado "arco do poder",que mais não é que um ARCO DOS VILÕES.

Devia criar-se um movimento cívico nacional para o VOTO EM BRANCO!

Em CONSCIÊNCIA!

Anónimo disse...

Acabei de ler alguns relatórios internacionais. Todos eles falam de rupturas sérias no seio do sistema capitalista mundial, de aprofundamento da crise para amanhã, de inflação e de perda do poder de compra, de riscos de conflitos militares.
Todos os relatórios, estudos e livros desde há alguns para cá falam do fim da clase média.
Todos eles apontam para o fim do Estado Social, ou Estado Providência.
As últimas análises dizem, apoiando-se em dados estatísticos, que o Estado Social beneficia mais as classes médias do que os pobres. Por isso o Estado Social tem de ser reduzido e ser orientado, apenas, para os que não têm qualquer sustento, os pobres.
Exemplo apontado são as medidas anunciadas esta semana no Reino Unido, onde nasceu o Estado Social. Os abonos de família no RU passam a destinar-se apenas as pobres, a classe média perde o direito a ele. Em Portugal, as medidas de austeridade recentemente anunciadas corta o abono de família a quem tenha rendimento acima dos 600 euros mensais, beneficiando quem tem menos - os pobres. Alguns destes nunca descontaram para a Segurança Social, mas continuam a ter direitos.
Atrás da crise está em desenvolvimeto toda uma estratégia de desmantelamento do Estado Social para colocar a classe média a pagar o bem-estar, de alguns. O Estado do Bem-Estar vai morrer com o apoio da classe média, que se está a suicidar.
Muito do Estado Social britânico apoiou-se nas organizações e tradições locais. Em Portugal começou à muito com as Misericórdias e o Mutualismo,e, depois, durante o salazarismo, com base na Doutrina Social da Igreja, pela criação do sistema de Segurança Social, que apenas beneficiava quem para ele descontava, as classes médias.
O regime saído do 25 de Abril, que herdou todo um sistema montado em desenvolvimento, e forte financeiramente, geriu mal todo o proceso, enfraqueceu o sistema, como tem vindo a enfraquecer todo o corpo nacional. Aqueles que levaram anos a descontar para o Sistema de Segurança estão e vão perder os seus direitos.
Uma das camadas sociais que vai perder direitos, em todo o mundo, são os Funcionários Públicos. Os Orçamentos de Estado precisam de financiar outras prioridades mais guerreiras...
Por causa do fim do Estado Social, a Europa está a virar à direita, na Dinamarca, na Suécia, na Holanda em outros países, como os de Leste. Muitas destas viragens têm o apoio da extrema-direita, que sempre manteve forte influência na Escandinávia. A Escandinávia foi social-democrata para anular a influência da extrema-direita. Em Espanha, onde a extrema-direita continua muito poderosa, o Governo deverá vir a ser conquistado pela direita. Em Portugal tal modelo não se aplica, porque a direta não existe, e todos os partidos, da esquerda à direita, o único projecto que têm para o País é o desmantelamento do Estado Social, o empobrecimento da população, e o enfraquecimento da Pátria.
Em todo este processo de enfraquecimento de Portugal as autarquias têm papel importante a desempenhar, como se constata pelos factos.
SÉRGIO MARTINS

Anónimo disse...

Quanto ao texto do "acordo" PS/PSD até parece escrito pelo Manuel Maria enquanto esperava pelos hors d'oeuvre, algures num arrondissement à Paris!
Entretanto os tomarenses esperam pelo futuro!
Curiosa a escrita de espanto do sr. Renato (ex autarca)sobre obras de utilidade duvidosa. Querem ver que foram os jardineiros, desentupidores de esgotos e varredores autárquicos que mandaram fazer rotundas, pavilhões,
auditórios, parques inundados, etc? A propósito, soube-se que o Estado, sobretudo autarquias, gastaram em 2009 1 milhão de euros em medalhas! Quem terá sido o despesista?
Pedro Miguel

Anónimo disse...

Ó Simões. Diz-nos lá uma coisa. Quem é que achas que se preocupa com essas moções e recomendações que apresentas na Assembleia?

Não passaste quatro anos nisso? E perdeste quantos votos?

Anónimo disse...

Pois, no que toca à consistência, amplitude e profundidade da "coligação", tudo fica esclarecido com uma leitura atenta do tal papel....

Anónimo disse...

Até um Nobel da literatura pode para alguns só escrever lixo.
A qualidade depende muito de quem lê, como lê, porque lê.
Para quem quiser LER, aquele parece-me um documento de superior qualidade e muito claro.

LG

Anónimo disse...

Tomar a dianteira é quase só má língua.
Mas é disso que a malta gosta! Continue!

Anónimo disse...

Ó Sr. Dr. Rebelo!

Então são 11,38h da manhã e o homem dos "mentideros" ainda nada publicou sobre o conclave do PS?

Desculpe,mas é incompreensível e imperdoável...

Está a perder qualidades.

Francamente...

Anónimo disse...

Só nas reuniões de "maçons" ou "opus dei" é que nada transpira cá para fora.

Devem ter decidido ficar em reza e reunião permanente para o Relvas lhe continuar a assegurar a gamela.

O labrosta já não sabe viver de outro modo...é uma vida de chulice do erário público... e ainda não está preparado para se passar a apresentar,profissionalmente,como "marido de uma deputada"...

Anónimo disse...

Sergio Martins tem razão. O Estado social está a acabar, até porque não se cria riqueza suficiente e vive-se mais tempo. Acontece é que não acaba para todos. O governo anunciou ontem que não se podia receber a reforma do Estado e trabalhar nele, recebendo ordenado.
Justíssimo. Hoje já disse que os que já estão nessa situação podem manter-se(!) por razões constitucionais! E baixar ordenados e obrigar quem já trabalhou 35 anos a fazer mais 10 ou 15 não tem inconstitucionalidades?
Portugal está a saque, legalmente!
E com Relvas e o homem de Massamá ficará pior!
Pedro Miguel

Anónimo disse...

Para Pedro Miguel
Então o Governo não havia de autorizar os reformados (de luxo)a continuar a acumular com um ordenado? Então quem é que depois ia à TV dizer mal dos funcionários públicos e dos professores e dizer que a crise é só por causa deles? E que é preciso baixar ordenados de 1500 euros de quem faz 35 ou 40horas por semana, mas manter reformas de 10000 ou 15000 euros "arranjadas" antes dos 50 anos de idade. Tudo legal, claro!
Como disse a ANACOM à comunicação social, sobre a despesa da sua festa dos 20 anos(150.000euros): essa foi uma despesa legal.

Anónimo disse...

Excelente demonstração de clareza política, a posição do PS de tomar. Defendem o interesse do Concelho e o trabalho dos seus Vereadores e colocam pressão sobre o Presidente.

Anónimo disse...

Para o Anónimo das 20:06h :


Ficámos agora a saber que "clareza política" é sinónimo de recuo em pânico por poderem perder os tachos,fugindo à conversa com a CPC do PSD e indo a correr tentar segurar as gamelas através do Corvêlo,que nem é militante do PSD.
O casamento foi assinado pelos dois "Presidentes" das CPCs.
A desavença e o eventual divórcio tem de ser discutido entre as mesmas entidades.
Só que o PSD passou a ter um Presidente e o LABROSTA ditou ao "´Presidente Américo Tomás" que ignorasse o Delgado e fosse falar com o Corvêlo.

Até nesta postura mostram bem a sua natureza de politiqueiros sem princípios e sem escrúpulos.

Vamos ver se será só depois de 29/10 que esta palhaçada vai ter o seu epílogo.