Com os tomarense finalmente activos na defesa dos seus interesses básicos, (tarde e a más horas, é certo; mas mais vale tarde que nunca), a nossa situação enquanto país tende a agravar-se singularmente no contexto internacional, conforme mostram as quatro ilustrações supra.
A primeira infografia permite visualizar as recentes descidas de notação financeira, que nos colocam como último dos menos maus. Logo antes da Grécia e abaixo de Chipre, que tem um governo de esquerda com ministros comunistas. A segunda fornece-nos a previsão da dívida pública em 2011, em % do PIB. Tomar nota que a Irlanda está pior que nós, mas tem mais crescimento económico. A terceira e última infografia mostra as taxas de juro a dez anos de cada um dos países, no mercado da revenda de títulos. Exceptuando a Grécia, virtualmente já em bancarrota, somos os desgraçadinhos do filme, a 40 pontos percentuais da Irlanda.
Quanto ao título do Le Monde, está longe de nos favorecer. Vejamos as aludidas quatro velocidades da zona euro. Primeira: AAA = Alemanha, Finlândia, Luxemburgo e Holanda. Segunda: França (AA+), Áustria (AA+), Bélgica (AA) e Estónia (AA-). Terceira: Eslovénia (A), Espanha (A), Eslováquia (A), Itália (BBB+), Irlanda (BBB+), Malta (A-). Quarta: Chipre (BB+), Portugal (BB), Grécia (C).
Dado o largo fosso existente entre Portugal e Grécia, parece-me que teria sido mais justo mencionar uma zona euro a quatro velocidades e marcha atrás (a Grécia). Mas se calhar penso assim porque sou tomarense e português, tanto nos bons como nos maus momentos.
A análise de Clément Lacombe, baseado na apreciação da agência de notação Standard & Poor's, termina assim: "Resta o caso de Portugal e de Chipre, doravante classificados pelos mercados como "lixo", o que vai automaticamente levar alguns investidores, em virtude das suas normas internas, a desembaraçar-se destes empréstimos públicos. Para a ilha mediterrânica, a recente degradação pode muito bem vir a abrigá-la a solicitar um primeiro plano de ajuda à zona euro. Quanto a Lisboa, com esta degradação corre o risco de ver alongar-se ainda mais o período fora dos mercados, após um primeiro programa de resgate de 78 mil milhões de euros, concedido em Maio de 2011." (Le Monde, 16/01/12, página 5).
Posto que estamos na cidade-capital do Congresso da Sopa, para não entornar o caldo limito-me a uma consideração perifrástica. Durante as décadas anteriores tivemos direito à Sopa Rica Europeia. Daqui para o futuro, vamos ter de nos habituar à Sopa de suor e lágrimas. Ainda assim melhor do que aquela que os ingleses foram forçados a ingerir entre 1939 e 1945, que Churchill, o primeiro-ministro da época qualificou como "Sopa de sangue, suor e lágrimas". Andavam os portugueses a braços com o racionamento e alimentados a sopas de cavalo cansado...
1 comentário:
Pois é Sr Professor Rebelo!
A malta acha que isto são detalhes densos e chatos. Piada tem dizer umas baboseiras irresponsáveis para mostrar à patroa e aos amigos, arvorando-se em intelectuais(pelo menos não dão erros de ortografia grosseiros...).
Como é habitual neste país em que não se percebe a importância da literácia básica, para as pessoas entenderem o que conseguem ler e o que escrevem (diminuiria a corrupçao e o engarrafamento na justiça).
Já lá vão 37 anos sobre o 25 de Abril. Mas nota-se pouco no plano dos neurónios disponiveis.
Até parece que foi de propósito!
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