Por agora, como se pode ver nas quatro imagens acima, obtidas cerca das 16H15 de hoje, tudo parece indicar que fracassou a aventura contestatária tomarense. Sem líderes identificados, apenas conhecidos entre os raros cidadãos cuja tarimba lhes permite ler "marcas de água"; sem objectivos, sem ideias claras e sem propostas alternativas, tratou-se no meu entender de mais uma acção prejudicial para o futuro de todos nós. Conforme já aqui foi antes referido, frustrados nas suas expectativas, dificilmente os eleitores tomarenses poderão voltar a ser mobilizados nos tempos mais próximos para qualquer acção em prol da cidade e do concelho, por muito meritória que venha a ser.
Pouco a pouco, paulatinamente, todos foram percebendo não só que estávamos e estamos isolados na região, mas também que a peregrina ideia de suspender a reestruturação do CHMT não tinha nem tem pernas para andar, pois o défice das três unidades hospitalares já vai nos 160 milhões de euros. Que vão ter de ser pagos e NÃO HÁ DINHEIRO para isso. Pura e simplesmente.
As autarquias de Abrantes e Torres Novas apoiam o plano a implementar. A comunidade do Médio Tejo, cuja sede é em Tomar, também. Quem somos nós para contestar? Que alternativas temos a propor? Que soluções para o défice? Em todos os casos, insistiu-se no blábláblá, nas suspeitas infundadas, na teoria conspirativa, na implícita divisão maniqueista entre bons e maus. Como se houvesse alguma força política, ou outra, só com bons ou só com maus. O resultado aí está, para quem tenha a coragem de o assumir.
Entretanto, ultrapassado este período de diversão em relação ao essencial, os grandes problemas tomarenses continuam a aguardar respostas adequadas. Com o caso ParqT à cabeça de uma longa lista: Mercado, Ciganos, Convento de Santa Iria, Mercado abastecedor, Nabão, Convento, Mata, Centro Histórico, Investimento, Caminho de Ferro, R.I. 15, Politécnico, Elefante Branco da Levada, Alambor. Tudo problemas complexos em permanente evolução, que não vão de certeza aguardar que os tomarenses, ou quem os representa, apareçam uma bela manhã com ideias luminosas prontas a aplicar. Tudo aponta aliás no sentido de em cada um desses processos virmos a ser "apanhados com a calças na mão", como acaba de acontecer com a reforma hospitalar, suspensa desde 2008.
Somos um povo sem emenda.
7 comentários:
Não percebo!
Dizia o sr. que não estaria presente na manifestação ( TALVEZ PARA CONTRIBUIR PARA A SUA DESMOBILIZAÇÃO ) e aparecem aqui fotos da mesma!, mandou espiões? foi?
As suas prioridades para Tomar são as suas, poderão não coincidir com as dos outros conterraneos e nem por isso são menos válidos. As prioridades das pessoas tambem podem ser ditadas pelas necessidades de cada um.
Cumprimentos
Mgil
O que eu escrevi foi "amanhã não irei à manifestação". E assim aconteceu. Limitei-me a ir até à esquina nascente dos SMAS, de onde consegui as fotos publicadas, conforme quem me viu pode testemunhar.
Nunca disse que as minhas prioridades para Tomar são também as dos outros. O que disse e repito é que tenho um plano para Tomar, o qual engloba a solução de diversos problemas. Nada mais.
Caro Sr. Prof. Rebelo
Não o conheço pessoalmente mas sou um seguidor atento do seu Blog o que me permite ter a ousadia de considerar que já o conheço um pouco.
Sei que é uma pessoa atenta e cuidadosa nos seus comentários que pugna, acima de tudo, por Tomar.
Pela primeira vez discordo da sua posição e refiro-me à questão do Hospital.
Estamos a falar de saúde e de vidas humanas... o dinheiro não pode falar mais alto.
Como sei que não procura "lavar" as acções do Governo, e pelo respeito que lhe tenho, permita que lhe conte uma pequena história:
Na noite do último dia 1 de Janeiro, pelas 3.30h, o meu filho Gonçalo, com 30 anos, teve um ataque que parecia ser de epilepsia, em casa de uns amigos no Algarve onde estava a passar a passagem de ano.
Chamado o Inem, foi levado para o Hospital de Lagos.
Como já aí chegou "recuperado" recebeu uma pulseira verde e ficou em observação.
Tac ou Ressonância Magnética nem pensar porque, como o Sr. Professor diz, não há dinheiro... penso mesmo que nem máquinas há, para tal, no Hospital de Lagos.
Transferi-lo para Portimão ou Lisboa nem pensar porque "não há dinheiro".
Cerca de 3 horas depois o ataque repetiu-se e só então foi mandado para Portimão... morreu pelo caminho (segundo uns)ou pouco depois da entrada naquele hospital (segundo a versão oficial).
Isto vai suceder em Tomar e não sei se a justificação da poupança servirá às famílias enlutadas.
Eu, por mim, sofrerei com todos aqueles que perderem os seus para poupar dinheiro a um Governo que tanto se esforça para o gastar depois... e tão mal!
Continuo a considerá-lo muito e peço-lhe que reflita, porque a Saúde não é a área em que se possa aceitar cortes que possam matar.
Peço-lhe ainda que me desculpe o tempo que lhe tomei... as palavras não são o meu forte mas o Sr. perceberá, com a sua indulgência, a mensagem que lhe quero transmitir.
Todos nos vamos sentir responsáveis se nada fôr feito, em Tomar ou noutros hospitais do País, e mais gente morrer para poupar esse tal malfadado dinheiro.
João Cardoso Dias
Senhor Cardoso Dias:
Obrigado pelo seu comentário, que me comoveu. Peço-lhe que aceite os meus pêsames.
A raiz do problema reside exactamente na falta de dinheiro e no défice de 160 milhões de euros dos três hospitais do CHMT. Esta reforma que agora está a ser implementada foi elaborada sob a orientação de Correia de Campos, ao tempo em que era ministro da saúde do governo PS. É consensual a opinião de que se trata de um especialista e cidadão impoluto. Não creio portanto que tenha querido prejudicar os doentes de algum dos hospitais, ou quem quer que seja. Apenas foi obrigado a gerir com os recursos disponíveis. Na saúde também não há milagres. Sem farinha nem grão ninguém consegue fazer pão.
Por outro lado, acho estranho haver contestação em Tomar e só em Tomar, mas ninguém ter apresentado até agora qualquer solução alternativa. Dado que as coisas não podem continuar como até aqui, por causa das dívidas que continuam a crescer, algo tem de ser feito. Suspender não é solução, tanto mais que já se suspendeu esta reforma em 2008 e quatro anos mais tarde ainda estamos em pior situação. Uma cidade a definhar não pode ter grandes pretensões, enquanto não demonstrar capacidade para inverter a tendência.
Goste-se ou deteste-se o capitalismo e o dinheiro, é com eles que temos de viver, até que se invente algo melhor.
Para o Sr. João Cardoso Dias o meu pesar pela sua perda e a minha total solidariedade para com a sua posição.
JN
Não quero reduzir esta questão a uma espécie de debate. Primeiro porque seria inútil, segundo porque defendemos os dois o mesmo: Tomar.
Mas tenho que lhe responder para esclarecer que Correia de Campos iniciou o programa baseado numa "antiga" teoria de Ordenamento Territorial: a Teoria dos Lugares Centrais, desenvolvida por Christaller, e que, preconizando a hierarquização dos aglomerados urbanos de acordo com a sua dimensão e área de influência, distribui equipamentos para melhorar a sua rentabilidade e assegurar a sua sustentabilidade (como agora se diz a propósito de tudo).
Acontece que a Teoria de Christaller assenta no princípio da garantia da total mobilidade. Não apenas no da poupança. Ora a mobilidade custa dinheiro tem-se visto o anular sistemático dos serviços de bombeiros, de ambulâncias, de helicópteros, etc.
Por isso é que o meu filho não foi mandado de imediato para um hospital central com os recursos necessários. Por isso vai morrer gente em todo o País e não só em Tomar.
A contestação ao encerramento de unidades hospitalares, ao contrário do que disse, não tem acontecido só em Tomar... tem é sido desordenada porque é popular.
Agora quanto ao capitalismo e ao dinheiro: tive a honra de trabalhar para o Sr. Jorge de Mello desde 73 e a sua preocupação como grande industrial, capitalista ou não, era o seu hospital Cuf. E sabe porquê? Porque sabia que as suas empresas dependiam do bem estar dos seus trabalhadores.
Desmantelaram-lhe o império mas o hospital Cuf ainda hoje é uma referência de qualidade.
E veja que Correia de Campos só é usado para justificar as medidas do actual ministro quando convém ao PSD, mas aparecendo este como o cérebro iluminado que vai salvar a economia hospitalar... como salvou antes a cobrança de impostos que só se tem aplicado aos mais desfavorecidos prescrevendo sempre quando se trata dos poderosos.
Sou, e o meu filho também era, Monárquico convicto. Mas não para brincar aos Condes. Apenas porque sabemos que um País tem que ter um rumo seguro e que destruíndo o Povo não há futuro. Por isso é preciso assegurar a saúde e a dignidade no trabalho.
Mas mesmo considerando só os lucros... veja quanto se pode perder: investiu-se na formação do meu filho, Licenciatura em Arquitectura, Mestrado, Doutoramento em curso... com 30 anos. Fez conferências em todo o mundo para propagar a sua luta pela integração total dos portadores de deficiencias e limitações físicas... Poupou-se na ambulância pela má aplicação da teoria dos Lugares Centrais.
Feitas as contas o saldo para o País é negativo, para os pais é aniquilador.
Sei que é um homem íntegro. Que Deus nunca o faça sentir ao que pode levar a poupança cruel com mortes estatisticamente irrelevantes.
Não acredite que isto, em Tomar, só se vai aplicar ao hospital. Depois será o Politécnico, como antes foram as indústrias e os comerciantes. O plano é vasto.
Lute comigo, ou melhor, deixe-me lutar consigo nessa batalha pela reafirmação de que Tomar está viva e assim vai continuar.
Inscrevi-me para usar da palavra na próxima sessão pública da Câmara, dia 16 de Fevereiro, mas eu sou um homem de riscos, não de palavras. O Sr. Prof. deveria estar comigo.
Aproveito para agradecer as suas condolências e do Sr. Snowgoose. Sei que como pessoas de bem a morte absurda magoa e torna-nos solidários.
Obrigado.
Senhor Cardoso Dias: Pode contar desde já com a minha presença e apoio. Apenas lhe peço um favor: mande na véspera um mail para me lembrar: a.frrebelo@gmail.com
Renovo os meus votos de pesar.
Cordialmente,
António Rebelo
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