1 - A polémica a propósito da reforma do CHMT praticamente cessou. Sem objectivos claros ou realistas, no estado actual das coisas não se vê o que dela possa resultar, qualquer que venha a ser a sua evolução. O que nasce torto, tarde ou nunca se endireita. No calor das concentrações, vários oradores de circunstância focaram um aspecto aparentemente consensual e irremediável: Edificar e equipar três hospitais a pouco mais de 20 quilómetros uns dos outros, foi uma asneira das grandes. Acontece que não foi. Apenas ocorreu o oposto do que se previa: a população e a economia, em vez de crescerem, como seria lógico, definharam e de que maneira. Claro que décadas mais tarde e em ambiente de desastre social, está-se mesmo a ver que FOI assim. O mesmo acontece com a crise em curso. Dentro de alguns anos, outros especialistas de café vão alcunhar-nos de asnos e coisas do mesmo tipo.
2 - Ainda que lateralmente, só um político local foi assaz ladino para pôr o dedo na ferida. Bruno Graça, do alto dos seus mais de 30 anos de actividade política, chamou a atenção para a saída de Tomar da ortopedia e da medicina interna, frisando que vão implicar a transferência de cerca de 100 funcionários qualificados e jovens. Tem toda a razão. De forma dissimulada é também isso que se está a procurar fazer, aproveitando a boleia da inevitável reestruturação justificada pelo enorme "buraco" de 160 milhões. Tenta-se compensar a perda de um em cada cinco habitantes de Abrantes, transferindo para lá postos de trabalho. O que todavia não implica taxativamente que os titulares desses empregos mudem a sua residência para a cidade à beira-Tejo. Há questões de recursos patrimoniais e paisagísticos, de qualidade de vida e de segurança, por exemplo. Em todo o caso, é óbvio que a evolução societal é cada vez mais rápida, pelo que mais ano menos ano, qualquer que venha a ser o resultado da reforma em curso, haverá novas alterações em termos de valências e portanto de postos de trabalho. Nenhuma administração responsável consentirá sustentar durante muito tempo situações em que os pacientes vivem numa zona e o hospital esteja noutra. Basta atentar nos preços do petróleo. E nesta conformidade, se Tomar conseguir dar a volta ao texto, aprendendo a gerir os seus ricos recursos...
3 - Assim ou assado, é óbvio que as próximas reformas vão ser a redução de freguesias, a racionalização das chefias nos municípios, a redução de funcionários e, já no segundo semestre, a supressão de pelo menos 60 municípios. Isto no âmbito nacional. E Tomar, como é costume, não tem opinião fundamentada sobre nenhum dos ditos processos. Depois queixam-se.
A nível local os problemas são conhecidos, alguns até já ultrapassaram a idade do serviço militar. O mais premente neste momento será a cabimentação orçamental da indemnização de 6,5 milhões de euros à ParqT, obrigatória porque determinada judicialmente. Uma vez que nem PS nem IpT estão dispostos a suportar o ónus do voto ou da abstenção colaborante, parece-me que só um acordo de cavalheiros, que inclua uma saída airosa para o actual bloqueio político de facto, poderá solucionar o imbróglio. Esse acordo de cavalheiros deverá resultar no meu entender de uma de duas hipóteses: A - Uma efectiva partilha de poder, que o PSD já demonstrou sobejamente não estar disposto a aceitar; B - A renúncia em bloco de todos os eleitos e membros das listas para o executivo, seguida de eleições intercalares só para o referido órgão. Os dados estão lançados. Quanto mais tarde, pior maré... que a evolução não espera por nós. E cada comboio só passa uma vez em cada estação.
4 comentários:
SOBRE O CENTRO HOSPITAL DO MÉDIO TEJO
A polémica não cessou porque o debate PROFUNDO, A SÉRIO, ainda não começou.
Porquê?
Pergunto:
Alguém já disse com objectividade e verdade as principais causas do défice obsceno de 160 milhões de euros ?
Qual a contribuição de cada um dos três hospitais para esse défice, com números e causas elencadas ?
Quais as valências e/ou serviços deficitários, com números e causas ?
Quais os custos fixos de estrutura de cada um dos hospitais, descriminados ?
Qual a relação entre os quadros de pessoal existentes em cada um dos hospitais e as necessidades efectivas para prestar um serviço de acordo com uma qualidade conforme aos padrões da União Europeia e da Organização Mundial de Saúde ?
Quais os custos por hospital e por cada valência/serviço com a contratação exterior (privada) de exames auxiliares de diagnóstico (análises clínicas, tacs, ressonâncias magnéticas, radiologia e todos os outros)?
Quais os rácios de aproveitamento dos equipamentos auxiliares de diagnóstico existentes, por hospital e por função ?
Estão de acordo com um aproveitamento optimizado?
Se porventura o não estão, quais as causas do deficiente aproveitamento?
Qual o montante dos encargos com horas extraordinárias, por hospital e por valência/serviço ?
Qual o nº de pessoas abrangidas pela área de influência de cada um dos três hospitais ?
Qual o nº de doentes atendidos por mês e por ano, em cada um dos três hospitais ?
Qual o nº de internamentos por ano e sua duração média em cada um dos três hospitais ?
Qual a origem geográfica, quantificada concelho a concelho, dos doentes atendidos em cada uma das valências/serviços de cada um dos três hospitais ?
Qual a taxa de ocupação das camas de cada um dos três hospitais, valência por valência ?
Qual o nº de doentes atendidos por dia, por mês e por ano, em cada uma das (ainda) três urgências médico-cirúrgicas ?
Qual o custo médio de cada atendimento da urgência médico-cirúrgica, em cada um dos três hospitais ?
Independentemente do erro que foi não ter sido construído um único hospital na zona do nó rodoviário da Atalaia, as estruturas físicas e operacionais existem.
PERGUNTO AINDA :
Então, qual a razão porque não se encara a reestruturação do CHMT numa perspectiva integrada da actuação de dois Ministérios - o da Saúde e o da Solidariedade Social ?
São enormes, até gritantes, as deficientes condições de apoio aos idosos. Basta atentar nas notícias recentes dos órgãos de comunicação social.
Há dezenas de milhares de idosos em lista de espera para receberem apoio.
Quantos estão nessa situação, na área de intervenção dos três hospitais?
O que impede que as mesmas infraestruturas, em áreas bem delimitadas, possam ser bivalentes - para a área da saúde e para a área da solidariedade social, particularmente no que se refere ao apoio a idosos ?
Alguém já pensou nos contornos de uma futura ligação/cooperação do IPT e seus polos com CHMT, no quadro de uma visão integrada saúde/solidariedade social ?
No dia em que houver resposta para todas estas perguntas e certamente para muitas outras que se possam formular ; no dia em que isso possibilite um debate sério e aberto entre o poder central, o local, as IPSS, as associações profissionais e sindicatos correlacionados e as populações; no dia em que a politiquice e os interesses obscuros fiquem submersos pelas realidades objectivas e pelo espírito de servir realmente as populações;
NÃO SERÁ MUITO DIFÍCIL ENCONTRAR UMA BOA SOLUÇÃO PARA O CHMT e, no nosso caso, sobretudo para o uso útil, eficaz, digno e sustentável das instalações e meios do HOSPITAL DE TOMAR.
Com impactos muito positivos na economia local e regional.
Com todo o respeito,
Virgílio Lopes
Sr V.Lopes
Interrogo-me onde estava em 2008 quando estas medidas foram aprovadas.Tinha sido boa altura de começar o estudo que refere. Talvez com mais uma comissão tão ao gosto do faz que anda nacionais.
Assim... Será só para entreter o pagode e ficar bem visto...
Interessado, sabedor, sagaz,culto,participativo,cuidadoso, cidadão de corpo inteiro,etc.
Experimente dar milho aos pombos.
Respeitosamente
ANTÓNIO REBELO,eminência parda e frustrado candidato a candidato a qualquer coisa, DIXIT :
"Apesar disso, alguns intervenientes, um deles médico, lá foram reafirmando que a administração do CHMT tem de justificar as opções tomadas. Estavam bem arranjados se assim fosse. Andariam meses e mais meses a alinhavar argumentos médicos, argumentos contabilísticos, argumentos demográficos, argumentos geográfícos, argumentos políticos, argumentos humanitários...e por aí fora.
Não; na realidade o que os mentores dos contestários pretendem é emperrar o processo em curso."
FACE A TÃO DISTINTAS E EXCELSAS CONCLUSÕES do adepto não ferrenho do PSD;
FACE a não ser MENTOR do que quer que seja;
FACE a pensar que, em democracia, qualquer gestor público TEM A OBRIGAÇÃO de justificar as opções tomadas;
FACE À MINHA TONTEIRA e ATREVIMENTO em fazer perguntas e colocar questões estúpidas e despropositadas num post anterior;
Decido dar uma ENORME ALEGRIA ao DONO DA VERDADE e aos seus amigos, correlegionários e protegidos :
TERMINOU a minha participação cívica num espaço que se transformou na VOZ DO DONO.
Porque a minha voz NÃO TEM DONO e continuará a ser INDOMÁVEL.
Porque ME RECUSO a legitimar a democraticidade de um espaço e o simulacro de um debate em que contributos sérios e abertos são considerados "chicana política".
Com todo o respeito pelos meus concidadãos que amam esta nossa terra,
Virgílio Lopes
Só agora me apercebi da retirada estratégica sob estafado pretexto do sr.Virgílio.
Pouco se perde em termos de esclarecimento ou conhecimento.
Mas torna-se menos divertido!
Lamento.
Respeitosamente
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