sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

A saúde, o hospital e as dívidas

Notação dos países europeus após a degradação, segundo S&P  - Copiado de Le Monde on line

O post anterior teve o condão de enervar uma quantidade de gente, o que é óptimo, pois significa que finalmente começam a apaixonar-se pelos problemas tomarenses. Mas é também mau, porque denota falta de maturidade democrática, de respeito pelas ideias alheias e algum atabalhoamento. Há até quem venha uma vez mais com a conhecida e estafada cantilena dos que continuam a governar-se à grande apesar da crise, esquecendo-se que tal tipo de amálgama não é pertinente, devido à questão de escala e de estatuto. Não é porque o Mexia, por exemplo, aufere milhões como gestor de uma empresa privada que o Estado tem dinheiro para financiar hospitais mal planeados, mal implantados e  mal geridos. Quem não percebe isto, o melhor será manter um prudente silêncio sobre o tema.
Porque sou visceralmente tomarense, HOJE, SÁBADO, DIA 14, ÀS 8 DA NOITE lá estarei junto ao hospital. Mas sem grandes ilusões sobre o que aí vem. Por um lado, a Standard & Poors acaba de degradar uma vez mais a nota portuguesa. Coloca-nos ao nível da Irlanda, da Hungria, da Bulgária e da Lituânia. Não me parece nada abonatório. E indica uma muito forte probabilidade de novas e gravosas medidas de austeridade, antes do fim do ano. Por outro lado, o nosso exacerbado bairrismo tomarense tende a toldar-nos uma correcta visão do nosso posicionamento actual na região e no país. Há que ter em conta, parece-me, que a 20 quilómetros daqui, Ourém é um concelho mais populoso do que o nosso, que inclui Fátima, paga mais IRS, mais IRC, mais Imposto automóvel e mais IVA turístico. Apesar de tudo isto, não tem hospital moderno, nem politécnico, nem quartel, nem caminho de ferro dentro da cidade. Nestas condições, quer-me parecer que será de toda a conveniência não nos abalançarmos em vôos demasiado altos e longos para as nossas curtas e velhas asas. Estarei enganado? A seu tempo se saberá.
Segundo os dados de que disponho, o hospital de Tomar ficará com uma urgência básica, cuidados paliativos, oftalmologia, otorrinolaringologia e psiquiatria. Acham pouco? Também eu, porque ambiciono sempre o melhor para a minha terra. Tenho porém de concordar que, a ser assim, nos foram atribuídas as valências mais adequadas. Cuidados paliativos, porque somos cada vez mais um concelho de velhos, devido à falta de postos de trabalho. Oftalmologia, porque somos uma terra de cegos, onde quem tem um olho se toma por um às da visão. Sobretudo na política. Otorrino, porque sendo geralmente surdos, os instalados no poder não se cansam de cacarejar. Psiquiatria finalmente, porque enquanto não há uma especialização em reumatismo cerebral, foi o melhor que se conseguiu arranjar. Ou estarei uma vez mais a ver mal, apesar de há longos anos não usar lentes partidárias?
Seja como for, logo, a partir das 8 da noite, lá estarei junto ao hospital. A ver em que param as modas...

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