sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

A habitual teoria da conspiração


Afixado durante a noite, este panfleto necrológico tem  um mérito -existe e por isso alerta os tomarenses. Mas é também lamentável, por ser anónimo, precipitado, sumaríssimo e portanto contraproducente. Quase quatro décadas após Abril, só um comportamento político fortemente doentio pode justificar o carácter conspirativo em qualquer documento reivindicativo, uma vez que em democracia plural isso não é necessário nem  se usa, quanto mais não seja por uma questão de educação.
Pior ainda, além de anónimo, o dito papel é inconveniente, abusivo e inadmissível num Estado de Direito, ao acusar cidadãos e indicar os respectivos nomes, transformando-os assim em bodes expiatórios, pois numa mesma acção sumaríssima, como nos processos de triste memória, identifica-os, processa-os, julga-os e condena-os, tudo na praça pública, sem que lhes seja reconhecido o direito de defesa e um julgamento livre e justo..
As frases "Principais responsáveis" e "O roubo dos cuidados de saúde previstos na Constituição da República e aos quais todos temos direito", indicam de forma clara a origem do panfleto e a filiação do seu ou seus autores, quase de certeza virgilianos modernos. Porque a questão fulcral agora é esta: "Cuidados de saúde... ... ... aos quais todos temos direito" ?!?! E quem paga? A senhora Merkel já fez saber que não está mais para isso...
Por outro lado, ou sob outro ponto de vista, Relvas, Carrão, Esperancinha, "principais responsáveis neste processo de encerramento"? Estava convencido de que a saúde é uma competência do Estado, que o primeiro-ministro se chama PP Coelho e foi escolhido maioritariamente por todos nós, que Miguel Relvas é dos Assuntos parlamentares, que Carrão é apenas presidente interino, que o ministro da Saúde é Paulo Macedo e que Joaquim  Esperancinha se limita a executar ordens superiores, dadas por quem tem legitimidade democrática para o fazer. Estarei equivocado?
Claro que também sou favorável a um hospital em Tomar, bem equipado, com urgência permanente e com muitas valências. Acontece até que em tempos idos agi eficazmente nesse sentido, trazendo a Tomar o então ministro da saúde Maldonado Gonelha. Mas será que uma pobre cidade decrépita e sem rumo, cuja população diminui a olhos vistos, justifica semelhante investimento? Só conheço um caso em que vários hospitais conceituados e bem equipados coexistem e se revelam indispensáveis, num raio de 40 quilómetros. Chama-se Paris-Île de France,  tem uma população superior ao dobro da portuguesa, com  um alto nível de vida e que paga impostos para os custear.
Com um módico de realismo e bom-senso, dialogando entre tomarenses, designadamente com a Santa Casa, talvez venha a ser possível ultrapassar esta desgraçada crise que está para durar. Com atitudes dignas dos anos 50 do século passado, não vamos lá de certeza. Não é com vinagre que se apanham moscas e quando se apanham já estão mortas.

11 comentários:

Virgílio Lopes disse...

SR. REBELO,

O QUE É ISTO?

Quer "PROCESSO DE INTENÇÕES"
mais vergonhoso e descabelado?

Ou por vir de SI, puro e casto, JÁ O NÃO É?


"As frases "Principais responsáveis" e "O roubo dos cuidados de saúde previstos na Constituição da República e aos quais todos temos direito", indicam de forma clara a origem do panfleto e a filiação do seu ou seus autores, quase de certeza virgilianos modernos."

NADA, MAS MESMO NADA(!) tenho a ver com o panfleto que acabo de ver aqui publicado.

INDEPENDENTEMENTE de, em coerência com o que venho afirmando, estar de acordo com a responsabilização do seu novel padrinho - o Sr. Relvas.

APESAR de concordar que foi um erro a construção de 3 hospitais, apenas ditada pelo eleitoralismo partidário, pela falta de visão e pela total ausência de respeito pelo criterioso uso dos dinheiros públicos.

DEVIA ter sido construído UM único Hospital na região onde estão três, com valências aproximadas ao de um hospital central.

Para mim, o local ideal seria á zona do NÓ RODOVIÁRIO DA ATALAIA.

Mas, já que existem, vamos aproveitá-los em todas as valências/potencialidades úteis e racionais, para as populações residentes e outras.

SOBRE A GESTÃO DO CHMT, tenho a opinião firme de que a maioria das opções tomadas até hoje resultaram mais das pressões dos lobbies abrantino (Lacão, Nelson Baltazr e outros) e torrejano (Rodrigues e outros) do que de critérios objectivos e transparentes.

O lobbista de TOMAR, esse tal RELVAS, esteve sempre e exclusivamente focado nos seus negócios além-fronteiras - Brasil, Angola e Cabo Verde.

Esteve-se sempre "a cagar" para Tomar. A última "benesse" foi a invenção da A13, onde se cobram 5 cêntimos por uma curva para dela sair. Um portento!

A maior "benesse" será deixar a presidência da AM depois de dar cobertura e apadrinhar os maiores dislates e uma dívida de DEZENAS DE MILHÕES DE EUROS.

E se assim não é, venham os exemplos concretos do contrário.

De resto, o "virgiliano" Virgílio continua sem coleira, sem seguidores declarados, sem tutores, sem gurus, sem deuses, sem dependências espúrias.

Mas sempre com todo o respeito,


Virgílio Lopes

Unknown disse...

Quanto a processos de intenção, agora o caro Sr. António Rebelo meteu-se por caminhos que tem acusado outros de calcorrearem.

É a vida...

Unknown disse...

Quanto a processos de intenção, agora o caro Sr. António Rebelo meteu-se por caminhos que tem acusado outros de calcorrearem.

É a vida...

Virgilio Alves disse...

"indicam de forma clara a origem do panfleto e a filiação do seu ou seus autores, quase de certeza virgilianos modernos". António Rebelo

E acrescento, o pecado de uns é o anonimato, ao passo que o de outros é o da delaccção especulativa, porque "A razão de ser de qualquer fé é trazer-nos uma certeza" (André Maurois).

Pois parece-me que ao Sr. António Rebelo não lhe interessa o conteúdo, mas sim, a autoria, prima pelo ideário que professa a certeza da razão por meio da fé.

Posto, que nem eu, nem, pelos vistos, o Sr. Virgilio Lopes tenhamos tido a ideia de tal documento, resta-me "especular" se vai sua excelência do alto do seu pedestal imaculado de fé, se designar a procurar, que é com quem diz, apontar o dedo, a outros mais portadores do nome "Virgílio", visto que o Romano há muito se findou e, por certo, não estará a falar dele, ou será que de tantos ilustres e brilhantes, filósofos, oradores e políticas clássicos, apenas esse (o Vergílio que se escreve com 'e') lhe apraz mais sugerir?

Poderá vossa senhoria discutir a essência em detrimento da origem?

Eu, Virgilio M. A. Alves, nascido nesta cidade de Tomar no Primeiro de Março de 1990, o fiz escrever e assinar, para que não me tomem por anónimo.

Anónimo disse...

Se me permitem uma pequena achega, senhores comentadores, aquilo que pretendi dar a entender -para além do que lá está grafado- é simples: há escolas políticas que são como as marcas de água nos papéis antigos e agora nos €. Só isto. Sem salpicar quem não nada nas mesmas piscinas. Para que os autores saibam que eu também sei. Falhei? Paciência! Para a próxima prometo esforçar-me mais. Mas podem crer que não houve qualquer processo de intenções, do tipo daquele do aviso necrológico, responsabilizando o Carrão pelo que se passa e vai passar no CHMT. Tenham dó! Não maltratem tanto o senso comum.

Alter Ego disse...

Sr. António Rebelo, a democracia tem destes...panfletos. De facto há 50 anos isto seria descabido, até porque o responsável, muito provavelmente seria vitima de qualquer bufo pidesco e depois lá iria o desgraçado para o Tarrafal. Nomes!?, e depois?! qualquer cargo político ou público está sujeito a estas coisas ou será que também já não há carnaval de sátira e é tudo samba à moda do Brasil?...sabe, é que fartinhos de discursos politicamente correctos andamos todos nós, até porque, a nível politico, o que se fez neste país, especialmente o que fizeram os partidos do dito "arco governativo" deu no que está à vista, e no entanto os mesmos senhores doutores e engenheiros, barões e baronettes continuam a clamar inocência e direito ao bom nome. Pois bem, que se f*** o bom nome, o bom senso, o politicamente correcto e as balelas constantes que nos emprenharam pelas orelhas durante os últimos 30 e tal anos, é esta a escola politica destes senhores: começar numa qualquer "J" laranja ou rosa, lamber o cu ao "patrão" do partido e aos lobbys que ele representa durante os anos seguintes e é tacho garantido algures por esse Portugal...mas tem razão, a Sra. Merkl já não paga isto, no entanto os senhores do "bom senso" e da "responsabilidade" continuam à grande com subsídios, subvenções, acumulações, indemnizações e mais uns quantos sacos mais ou menos azuis, para isso já há dinheiro, para a saúde, o povo que a pague! Por isso, tenha mas é dó de nós porque eles piedade nunca tiveram!

Marco Santos, tomarense de afecto.

jflores disse...

Aqui estão os comentadores a discutir o "sexo dos deuses" quando a verdade verdadinha é que num futuro próximo o hospital serve para monumento à megalomania portuguesa. E já anda no ar que os cuidados paliativos também tem guia de marcha...

jflores disse...

Estão aqui estes comentadores a discutir o "sexo dos deuses" quando o hospital de tomar está a caminho de ser um monumento à megalomania dos politicos portugueses. Já se ouve falar que os cuidados paliativos vão para outras paragens. O melhor mesmo é Tomar encerrar para balanço e começar do zero...

Tomar Tótó disse...

´Saúdam-se daqui os autores do panfleto. Uma sociedade tomarense anestesiada durante décadas que agora ao entrar em pânico desespera e se manifesta. Anónimos porque todos sabemos das novas formas de perseguição (sem PIDE) seja no local de trabalho,seja pelas dificuldades incríveis que se levantam a quem "não é bem visto". A "crise" nos privados e a "mobilidade" no público estão aí como instrumentos. Alguns, como o dr. Rebelo, nascendo na hora exacta, estão bem reformados, com os filhos criados e empregados e imunes a essas novas PIDES. Ficava-lhe bem pensar nisso e não se pôr com lições de moral a quem tem que falar no anonimato, com medo das consequências. O panfleto é sério e justo: Tomar tem vindo a ser esvaziado de serviços e os políticos locais (PSD à cabeça) são responsaveis por isso. Esses políticos têm nome:Paiva, Relvas,Vitor Gil,F. Jesus e mais uns figurantes PS de ocasião.

emege disse...

Vejo o dono deste blog muito aflito na defesa de todos estes senhores visados no referido 'pantleto', vai ao ponto de defender o SR. Carrão, o senhor que tantas vezes o tem aqui atacado e por vezes até de forma desabrida. (O que é necessário fazer para defender o Sr. "Eng." Relvas!).

A meu ver, o que é necessário saber, independentemente do papel estar assinado ou não, é o seguinte:

- É verdade ou não que estas valências vão sair do Hospital de Tomar, embora isso só vá ser anunciado na proxima 4ª feira?.

- É verdade ou não que a CMT neste e noutros assuntos só se mexe tarde e a más horas, e se só o fizer depois das decisões tomadas, ( como é este o caso ) nada de bom irá fazer em prol desta cidade?

-É verdade ou não que o seu amigo Relvas, ( digo amigo e não conterraneo porque o sr. já aqui tem afirmado que é tomarense, ao contrário do seu amigo que é lisboeta) sobre este assunto nada fez na defesa do concelho que diz representar, embora "ultimamente não tenha sabido o que por cá se passa"?

- É verdade ou não que o papel difundido anonimamente tem o mérito de despertar as consciências dos tomarenses, que até o senhor aqui tem referido repetidas vezes estarem adormecidas?

- Embora concorde com o sobredimencionamento do CHMT, é verdade ou não que os tomarenses têm o direito a defender o seu hospital que já possuem há mais de 500 anos?

Atendendo que o sr. acredita no poder das manifestações, ( eu tambem) estaria disponivel para participar numa qualquer manifestação que venha a ser regularmente convocada em DEFESA DE UM HOSPITAL EM TOMAR, para servir condignamente os tomarenses?...,e Ferreira do Zêzere?..., e Alvaiázere?

Por último, não será preciso recorrer ao estrangeiro, como o Sr. muito aprecia, para encontrar uma tal concentração de hospitais num raio de 40 Kilometros. Porque num raio dessa dimensão encontram-se todos os hospitais de Lisboa, mais o futuro hospital de Todos os Santos, mais o Hospital de Almada, mais o futuro hospital de Loures, mais o hospital da Amadora. Mas está claro!, nós aqui não precisamos de um hospital que sirva os tomarenses, temos mais á que sofrer.

Cumprimentos

MGil

Anónimo disse...

Para MGil:

A - Mesmo durante a guerra em Angola e de arma na mão, nunca me senti aflito. Senti medo algumas vezes; aflição nunca. Portanto, não era agora que algo me ia afligir.
B - Ao contrário do que afirma, não defendi nenhum dos visados no panfleto. Limitei-me a pôr os pontos nos is.
C - Sobre o senhor Carrão, lamento que o senhor Gil não saiba detectar num texto uma expressão de ironia, embora admita que talvez a minha habilidade redactiva também não tenha ajudado. O que pretendi sugerir foi apenas isto: Sendo do domínio público que o senhor presidente interino não assume qualquer responsabilidade seja pelo que for, como pode ser responsável neste caso?
D - É verdade que há valências que vão sair de Tomar, outras de Abrantes e outras de Torres Novas. Posso até adiantar-lhe que até ao fim do ano as tomarenses grávidas terão de recorrer à maternidade de Leiria, porque a de Abrantes vai fechar. Para algo vai servir o IC 9.
E - Já manifestei por escrito e aqui reitero a minha disponibilidade para participar em qualquer manifestação em prol de Tomar, desde que não envolva violência, nem ofensas, nem acusações infundadas.
F - Faça favor de comparar o rácio hospitais/habitantes, na zona de Lisboa e na do Médio Tejo.

Cumprimentos. Escreva sempre.

António Rebelo