segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

CARTA À TROIKA CASEIRA

Distintos e prendados senhores autarcas da troika da relativa maioria:

Como bem sabeis, a vossa mancebia com os homólogos socialistas finou-se, ao cabo de dois anos de lua de mel de uma união nunca consumada. Nunca houve o diálogo prometido no acordo casamenteiro. Por culpa vossa e só vossa, dizem os socialistas, abusados na sua boa-fé.  Agora estais sós e desamparados, a nadar em potes de iogurte, tentando fingir que pretendeis alcançar uns objectivos que ninguém, além de vós, consegue enxergar quais sejam.
Desorientados de tanto andar à roda, estais a recorrer ao jogo do empurra, atribuindo aos vossos colegas oposicionistas as culpas que vos cabem. E tendes até o descaramento de proclamar que procurais o diálogo, quando é do conhecimento geral que nem sequer sabeis o que vem a ser isso. Tudo canhestras e toscas manobras para adiar o inadiável. A aceitação de que, sem a ajuda da oposição, ou no mínimo de Pedro Marques, não conseguireis ir a lado algum. Porque assim é e em virtude de todos também já terem percebido que o vosso único objectivo é manter os lugarzitos que ora ocupais, seja como for até às autárquicas, previstas para outubro de 2013, no estado actual das coisas -com sete ao burro e o burro no chão- só vejo uma saída mais ou menos airosa: ter a coragem de dizer a verdade. Frontalmente. Sem rodeios.
Chamai os vossos ex-concubinos e os outros dois comparsas e dizei-lhes assim: A nossa única preocupação neste momento é conseguir manter os lugarzitos até ao final deste mandato. Pelo dinheirito, pelas outras vantagens, pelo penacho, para manter as aparências e para o nosso líder Carrão continuar convencido de que será cabeça de lista e vencedor em 2013. Há pessoas assim. Para isso precisamos da vossa ajuda nas votações essenciais, tanto no executivo como na Assembleia Municipal. Revisões orçamentais, orçamento 2012, orçamento 2013, ParqT elefante branco da Levada, obras da estrada do Convento, Convento de Santa Iria, ciganos, e assim. Dizei-nos o que quereis em troca. Menos o maldito diálogo, que isso recusamos, por alergia crónica e total falta de experiência.
Constatareis assim, assaz rapidamente, não existir qualquer hipótese de entendimento, pelo que se vos tornará enfim claro que o actual "jogo do empurra" apenas tem em vista forçar-vos a renunciar e a convocar eleições intercalares só para o executivo. Que são inevitáveis. E que quanto mais tarde vierem a ocorrer, mais desfavoráveis vos serão. Cá estaremos todos para conferir.
Em tão lamentável contexto e tendo em vista unicamente evitar-vos futuros enxovalhos, será bom que tudo se resolva tão prontamente quanto possível. Cenas como aquela do despeitado senhor Carrão, clamando em pleno parlamento municipal que ia pedir à tutela indicações para contrariar a vontade dos representantes livremente eleitos dos tomarenses, são pura criancice política e revelam que a democracia ainda não conseguiu penetrar em certos bestuntos, mesmo ao cabo de 37 anos. A evitar absolutamente. Para que os cidadãos de outros concelhos não possam continuar impunemente a gozar com os tomarenses.
Mexam-se!!!

Respeitosamente,

António Rebelo

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