segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Custo horário do trabalho na União Europeia

Le Monde - Géo & Politique, 23/01/12, página 3

Há dois ou três dias que ando indeciso entre escrever ou não sobre o hospital, os tomarenses, as manifestações, os argumentos e a Assembleia Municipal. Finalmente, reflexão feita, parece-me melhor deixar para quinta-feira, caso ainda me pareça oportuno. Atitude prudente, por conseguinte.
Entretanto, cuido ser útil a infografia supra, com os custos horários do trabalho nos diferentes países da União Europeia. A barra preta com os algarismos indica o custo do país indicado por baixo, enquanto o círculo mostra a variação para mais ou menos, do 3º trimestre/2011, em relação a igual período de 2010, salvo indicação diferente.
O primeiro elemento surpreendente é o facto da Bélgica aparecer à cabeça, antes mesmo da Suécia e da Dinamarca, geralmente considerados como dos mais elevados níveis de vida do Mundo. Situação que se explica com três elementos excepcionais no continente: A administração da União Europeia, os diplomatas e lóbis a ela ligados e os diamantários de Antuérpia, uma comunidade de cerca de 20 mil pessoas, que realiza 7% (em valor) das exportações belgas. Foi o que Portugal ganhou com a expulsão dos judeus, no final do século XVI. Outro dado interessante resulta da comparação entre a Grécia (17,70€/hora) e Portugal (12,17€/hora) com os gregos a desceram quase 4% devido às medidas de austeridade, mas os portugueses a subirem muito ligeiramente.
Com o custo horário do trabalho mais favorável aos investidores há nove (ou talvez onze) países, todos ex-comunistas. Por pouco mais tempo porém, se tivermos em conta os aumentos entre 2010 e 2011, a variarem de +3,6 na Letónia até + 9,8% na Bulgária. A este ritmo, não tarda muito para Portugal passar a lanterna vermelha. Mais a mais agora com a austeridade...

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