"As crises graves têm também a sua vertente útil. Denunciam os impostores e detectam as mentiras", escreveu Christophe Barbier no L'Express de 21/12/11. E tem toda a razão, pois estamos agora em Tomar confrontados com um desses casos. A mancebia política PSD/PS, aqui denunciada desde o seu início como inútil e nefasta para o concelho, deu o berro ao cabo de 24 meses. Sem ter produzido qualquer fruto. Não foi consumada nem se mostrou necessária. Excepto para eleger o presidente da Assembleia Municipal. Durante a sua relativamente curta existência nunca propiciou o diálogo, tanto quanto se sabe por culpa exclusiva da troika laranja, abrigada atrás de uma estranha obstinação a toda a prova. Postura que persiste, apesar de entretanto ter havido mudança de presidente e a ruptura da dita.
Dado que a crise é grave, nada indicando que possa vir a melhorar, mesmo o médio prazo, soa a patranha das grandes, só para mobilar o discurso e tentar enganar palonços, aquela afirmação de Carlos Carrão, dizendo que não se cansará de procurar o diálogo. Que diálogo? Com quem? Para quê? Quando? Quais são os temas objecto de diálogo, o que supõe negociação? Que há a negociar? Que contrapartidas pode o PSD oferecer à oposição? Mistério...
No actual braço de ferro entre a troika laranja e o quarteto oposicionista, o diálogo de surdos já começa a enjoar os tomarenses mais atentos a estas bizarrias. O PSD tem de dialogar, clamam PS e IpT. Não nos cansaremos de procurar o diálogo, responde o PSD. E não saímos disto há mais de um mês. Entretanto a triste verdade veio ao de cima, como azeite na água, sendo agora evidente para todos o erro monumental cometido pelo PSD. Apesar de totalmente inútil para a cidade e para o concelho, a defunta mancebia entre laranjas e rosas custou bem caro ao erário público: 2 vereadores a tempo inteiro x 5 mil euros mensais x 28 + 2 acólitos x 4 mil euros mensais x 28 = 504.000 euros = 100 mil e 800 contos, no mínimo. E para quê?
Constata-se agora que para nada, uma vez que o trio laranja afinal até dá conta do recado, ou pelo menos tem afigurações nesse sentido. O tempo o dirá. Mesmo a Festa Grande -orgulho de todos os tomarenses segundo o senhor Carrão- ficou mais barata. 300 mil euros = 60 mil contos, segundo consta, o que mesmo assim representa 500 euros = 100 contos por cada tabuleiro. É muito dinheiro. Sobretudo em tempos de acentuada penúria. Mais 400 euros dos TuT = 80 mil contos + 350 mil euros = 70 mil contos dos dois parques de estacionamento, + 6,5 milhões de euros = 1,3 milhões de contos para a ParqT, e o mais que adiante se virá a saber, começa a tornar-se evidente que com a gestão laranja, Tomar não é um município mas um poço sem fundo. E à medida que forem insistindo em continuar a ocupar os lugares para que foram eleitos, outras chagas se irão tornando evidentes.
Pode até vir a acontecer que a dada altura venham a ficar na incómoda posição daquele casal de determinada zona junto de uma linha de caminho de ferro, na qual passava um comboio todas as madrugadas por volta das quatro e meia. Quando já tinham 12 filhos, resolveram solicitar um subsídio à companhia ferroviária, alegando que às quatro e meia da manhã ainda é muito cedo para se levantar, mas demasiado tarde para voltar a adormecer. Na mesma ordem de ideias, quanto mais agarrados ao poder, pior. Não tarda, começará a ser demasiado cedo para eleições normais, mas demasiado tarde para eleições intercalares...
Façam o favor de pensar bem no assunto, para depois não virem a arrepender-se. Olhem que cada comboio só pára uma vez em cada estação!
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