Segundo O MIRANTE on line, a câmara de Tomar foi forçada a desistir por agora da 3ª fase de requalificação do Flecheiro, porque o QREN Mais Centro rejeitou o projecto apresentado, alegando que a autarquia nabantina ainda não tinha procedido ao realojamento da comunidade cigana ali acampada há mais de 30 anos, pelo que os terrenos não estão livres. Parece-me óbvio que semelhante argumentação, além de constituir uma inadmissível intromissão nas competências de um órgão eleito, por parte de outro que o não foi, tem todos os contornos de uma boa desculpa para poder usar a dita verba (2,3 milhões de euros) noutro concelho da área.
Numa outra vertente, face à expressa renúncia da nossa autarquia, coloca-se novamente o problema da manifesta incapacidade para o diálogo por parte da troika Carrão & Cª. Porque como os tomarenses atentos a estas coisas bem sabem, António Paiva encontrou uma solução para o realojamento da referida comunidade cigana. Situava-se na Zona Industrial e veio posteriormente a revelar-se impraticável, devido às reacções adversas dos interessados, dos industriais já instalados na zona e da opinião pública, que nela viu um intolerável acto de segregação, tipo apartheid.
Tendo entretanto António Paiva renunciado ao mandato para que fora eleito, para ir ocupar um lugar mais rendoso, nunca mais os seus sucessores julgaram necessário prosseguir com aquele processo, apesar dos vários avisos da oposição. E lá se foram os ditos milhões para outras paragens. E lá continuam os ciganos no Flecheiro. E lá continuam os da troika caseira a facturar ao fim de cada mês, como se desempenhassem os lugares a que se candidataram com geral satisfação de quem os elegeu.
Nestas coisas públicas a complexidade é a regra e os interesses sempre divergentes, pelo que é indispensável possuir elevada capacidade de raciocínio, o que pressupõe muita agilidade mental, excelente domínio da língua portuguesa, enquanto ferramenta indispensável para argumentar, contra-argumentar, transigir e arredondar arestas, bem como uma sólida experiência política e de relações humanas em ambientes bem diversos. Quando se ocupam lugares de responsabilidade que exijam tudo isso e não se esteja à altura, urge contratar profissionais ou outros que o estejam. Sob pena de se poderem provocar prejuízos irreparáveis.
Ciganos, Convento de Santa Iria, Convento de S. Francisco, Elefante branco da Levada, TuT, ParqT, Convento de Cristo, Estalagem de Santa Iria, Mata dos sete montes, são alguns dos assuntos de uma longa lista a necessitar de providências urgentes.
No caso Ciganos/Flecheiro/Autarquia só ainda não entendeu os contornos do problema quem não quis. Estão alí há mais de trinta anos, em terrenos em parte do domínio público e em parte da autarquia. Dizem que só dali sairão para alojamentos decentes, onde não fiquem todos no mesmo bairro. Ao ser-lhes perguntado porque recusam ser alojados no mesmo bairro, um dos patriarcas foi sucinto: Ciganos sabe!? Nestas condições, parece-me não ser necessária uma agilidade cerebral por aí além para intuir que há duas soluções extremas -o realojamento nas condições pretendidas ou a expulsão pura e simples- bem como todas a variantes imagináveis entre esses dois extremos, às quais se possa chegar, num diálogo tipo "ameaça e prebenda". Outro tanto sucede com a ParqT, cujas soluções extremas são ainda mais simples: pagar ou não pagar. Uma vez que a autarquia não tem nem virá a ter tão cedo dinheiro para a primeira hipótese, resta portanto negociar algo entre essa e o mais próximo possível da outra. Tarefa bem entendido só para quem saiba mesmo o que está a fazer e tenha pelo menos um novo trunfo sólido na manga...
A fase da política para aprendizes já passou.
1 comentário:
Existe um jogo que se chama Dominó. Tem 28 peças rectangulares com diversos pontos marcados, e a peça que é mais indesejável para quem joga é o chamado CARRÃO que tem um total de 12 pontos. Repito: indesejável por todos os jogadores.
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