Os tomarenses em geral, e os políticos em particular, não se dão conta das tristes figuras que fazem na região, com a sua implícita megalomania, a sua arrogância, a sua alergia à mudança e a sua obstinação. A contestação a propósito da reforma do CHMT propicia, além de outros aspectos, a possibilidade de comparar reacções e maneiras de agir. Basta contrastar a petição do post anterior com a carta aberta dos enfermeiros de pediatria do Hospital de Abrantes. Há ou não há uma enorme diferença de estilos? São ou não são quixotescos e ridículos alguns aspectos da actuação dos tomarenses?
Teria sido fácil incluir no post de ontem uma outra vertente sobre a relação entre a constestação à reforma do CHMT e a autarquia, mas o texto sairia muito mais indigesto. Foi o que me levou a destacar esse aspecto, que agora passo a desenvolver.
Além dos tópicos já antes focados, a peculiar e muito pouco habitual contestação tomarense à reforma hospitalar constitui igualmente um excelente pretexto para deixar em paz o nó do problema nabantino actual. Não digo que seja intencional; que haja contestação apenas para desviar as atenções da péssima falta de adequada actuação do executivo autárquico. Limito-me a assinalar que o senhor Jordão também escrevia prosa, convencido de que estava a poetar...
Na minha maneira de ver, a questão da reforma do hospital de Tomar constitui -usando linguagem médica-um sintoma da grave doença tomarense. Se o presidente em exercício tivesse estado à altura das funções que exerce, teria transmitido imediatamente ao órgão a que pertence aquilo que antes lhe fora dito pela administração, e informado a AM sobre o mesmo assunto. Uma vez que preferiu ser manhoso, ocultando deliberadamente o que sabia, as consequências não tardaram. A população deixou de ter confiança nele, os vereadores sentem-se pouco à vontade e a direcção do CHMT não esconde o seu espanto incomodado. Contudo, tal comportamento não é novo. Baseia-se no tradicional "O Calado foi a Lisboa e veio e não pagou nada", que já esteve na origem da ruptura da coligação, com os vereadores socialistas irritados e cansados, por serem sempre os últimos a saber, apesar de parceiros de papel assinado.
Donde me parece legítimo deduzir que o actual executivo não passa de um cancro no organismo tomarense, que agora provocou pela sua inépcia um acesso de febre hospitalar. Esse cancro autárquico templário já teve sete metástases, estando agora reduzido a cinco, devido à corajosa atitude política dos vereadores do PS. Desses cinco tumores políticos malignos, três são da relativa maioria e dois dos IpT.
Os da relativa maioria não têm nem ideia do que possa vir a ser o futuro político em Tomar. Não têm ideias, nem projectos, nem soluções, nem vontade de procurar mudar na sua área de competência, quanto mais agora no caso do hospital. Uns só para salvar a face, outros para embolsar no fim do mês, até que seja possível, vão continuar a empatar e a irritar os tomarenses até ao final de 2013. Com o presidente provisório muito convencido de que nas eleições de 2013 (se não houver intercalares antes) vai ser trigo limpo, farinha Amparo - com Carrão à cabeça, o PSD vence com maioria absoluta. E eu vou para primeiro-ministro do Vaticano. Se entretanto o Obama me não tiver requisitado ao Paulo Portas. Nem sequer lhe passa pela cabeça (ao Carrão, claro!) que o governo pode muito bem não estar para o aturar na reforma das freguesias, na reforma dos concelhos, na redução das chefias, na redução de pessoal, no caso ParqT, no Elefante Branco da Levada ou no problema dos ciganos do Flecheiro, por constituir um evidente, enorme, irritante e muito incómodo empecilho. Foi um sofrível segundo na época nas excursões tintol, das jantaradas, dos subsídios, das festas, mas onde é que isso já vai!
Nos IpT, no fundo uma formação unipessoal de Pedro Marques, a situação é ligeiramente diferente. Graça Costa já terá percebido que o actual estado de coisas não poderá durar muito mais tempo. Mais cedo que tarde poderá muito bem reorientar a sua actuação política. Já o líder ipêtista continua a alimentar ilusões. Ainda não aceitou que entrou na política pelo último andar, que teve sorte e ganhou, mas que essa circunstância muito dificilmente se repetirá. Também nunca admitiu que os seus dois mandatos não deixaram saudades na maioria dos eleitores tomarenses, conforme demonstraram nas duas últimas eleições.
Nestas condições, compreende-se e aceita-se que as metástases da relativa maioria se alapem aos lugares que ocupam. Uma vez que não têm ideias nem projectos nem soluções para o que quer que seja, é natural que também assim suceda para o seu próprio futuro. Tanto individual como de grupo.
Já o comportamento das duas metástases IpT não se percebe de todo. Estão à espera de quê? Que voltem as vacas gordas? Que a relativa maioria se canse? Que os dois socialistas os convidem para umas suecadas com petisco? O povo agradecia uma explicaçãozita. E eu também.
5 comentários:
DE: Cantoneiro da Borda da Estrada
Estive os últimos três dias em Tomar e, pela primeira vez, trouxe a ideia de que a política tomarense está a sair do cativeiro dos últimos 15 anos imposto pelo bando chefiado pelo Dr.Miguel Relvas. Falei com muitas pessoas e colhi sempre a impressão de que os velhos canonistas partidários estão à rasca, fundamentalmente pelas movimentações sociais em torno da defesa do seu Hospital. Soube que os partidos se sentaram à mesma mesa, sem precisarem de pedir opinião ao rabinato, como faziam os judeus quando precisavam de conviver com cristãos ou beber vinho nas suas tabernas, por receio dos teólogos do Livro de que fossem contaminados pelos gentios. "Eu vos separei dos outros povos para serdes meus" (Levítico). Tomar foi também terra de povo Judeu, uma vez que, se há Sinagoga, mais de dez tinham de ser, pois inferior a dez não constituia povo nem haveria Sinagoga. De facto, o que mais parecia nos últimos anos em Tomar, era uma influência exarcebada do princípio de separatividade judaica, pretendida e assumida para sua defesa - e não só religiosa. Neste caso exige-se comunicação, convívio e comunhão de interesses daquelas com o povo tomarense.
Encore bien que je te trouve... - exclamei -, ao constatar que as organizações partidárias se unem em torno de um objetivo comum, que é o das comunidades nabantinas, ou seja, na defesa do seu Hospital e do Serviço Nacional de Saúde, movimento que precisa ser bem dinamizado para outros entendimentos, outras lutas (estou a lembrar-me do IPT) e ambições maiores que hão-de edificar e sublimar, para catapultarem a Cidade Templária para o seu justo e histórico lugar. Terra mais linda e bela não há em Portugal e os tomarenses são uma comunidade carregada de experiência, conhecimento, história e tantas vezes estiveram na vanguarda, na Grande Epopeia de dar novos mundos ao mundo..., na industrialização do País, nas artes gráficas, no comércio, na têxtil, no Ensino e no diamante do momento, que é a Exportação; mas também na produção de nabos, grelos, couves, queijo, enchidos, doçaria e nas indústrias de papel e aviária. E no Turismo.
CONTINUA....
DE:Cantoneiro da Borda da Estrada
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É urgente uma ruptura com o passado recente, sem arrenegações (todos são precisos). Como sou um tomarense da esquerda política, faço votos fervorosos para que os partidos e associações políticas da esquerda desfiram uma machadada certeira na cultura de guetização a que se dedicaram nos últimos 15 anos, cujos resultados desastrosos estão à vista. Unindo-se em torno de um programa, de um projeto para Tomar, escolhendo o líder natural que existe em Tomar, com obra feita, os partidos irão todos ganhar e os tomarenses agradecerão. Objetivo: ganhar o governo da CMTomar nas próximas eleições - na data democrática.
Um projeto para quatro anos.
É altura de afastar da política tomarense o responsável pelo descalabro. Sem hesitações. Com firmeza. Em defesa do municipalismo, das freguesias - do poder local. Foi com o Poder Local que Portugal foi fundado e consolidado e se mantém há 850 anos como a nação mais antiga da Europa. Perguntem aos reis da Primeira Dinastia se não foi assim. Quem quer atacar as autarquias e os autarcas, num momento em que se pode caminhar a passos largos para uma UE política, está a querer vender Portugal a retalho em benefício de bandos e gangues amigos, alienando a política ao povo português.
Tenho pena de nao poder concordar com quase nada do que o apreciado comentador escreve. Entao achar que a política tomarense estará a sair de um cativeiro!E que existe um líder natural em Tomar(?!?!)...
Louvo o seu optimismo mas , com o devido respeito ,sugiro que fique mais dias.
Para Correia Leal:
O nosso amigo Templário, como o seu pseudónimo de resto indica, é tomarense de gema. Nado e criado por estas bandas. E foi um dos fundadores do MRPP...
Prof. Rebelo
Nao retiro uma virgula ao comentário que fiz ao ilustre tomarense.
Nao tenhe nenhuma animosidade aos fundadores do MRPP.Antes plo contrário. Sou amigo de vários... Houve até um que chegou a presidente da comissão europeia!
Parece-me que o nosso conterrâneo também se distraiu e se deixou desviar para a direita.A menos que o tal lider natural não seja quem penso.
Saudaçoes democráticas!
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