Eis a publicidade inserida numa das edições do LE MONDE da passada semana. Trata-se, como é visível, de uma campanha co-financiada pela Câmara de Lisboa, EGEAC, Turismo de Portugal e Turismo de Lisboa. Mesmo assim, com quatro entidades públicas credenciadas e operando na capital do país, ninguém reparou em dois óbices. Um é indesculpável quando se trata de comunicação promocional -cometer erros de ortografia, o que dá logo uma ideia de pouco cuidado = fraca qualidade, para não dizer pior. Neste caso, um simples s a mais na terceira pessoa do singular do verbo ter (uma coisa de principiantes) dá ao leitor uma frase assim "Lisboa não TENS somente o sol. Venha descobrir o Museu do Fado." Lindo, não é?!
O outro lapso parece-me ainda mais grave, conquanto discutível, ao contrário do anterior. Trata-se da própria ideia de promover o Museu do Fado em França, num jornal lido quase exclusivamente pela classe média alta e alta, tudo gente fina que, não falando nem entendendo português, é insusceptível de apreciar o fado musealizado, tirando um ou outro melómano mais especializado. E mesmo assim... Tanto mais que a nossa música nacional não é dançada, pelo que quem não compreender as letras...quanto mais agora visitar um museu.
Inchados pela nossa vitória em Bali, que nos valeu o galardão da UNESCO, vá de desperdiçar verbas, que a ordem é rica e os frades são poucos. Deve ser por isso que o Turismo de Portugal alegou não ter meios para subsidiar desta vez a Festa dos Tabuleiros de 2011, mas arranjou-os logo para ajudar à promoção do Fado. Bem dizia o outro, já com mais de meia casa passada: "O fado é qu'induca! O tintol é qu'instrói!" Ganda país! acrescento eu.
Outro aspecto a seguir pelos tomarenses é a previsível evolução dos organismos regionais de turismo. Numa entrevista ao semanário SOL desta semana, a secretária de Estado dessa área anunciou a extinção dos 17 organismos regionais existentes, incluindo portanto o que tem uma delegação em Tomar. Em sua substituição, segundo a mesma fonte, haverá apenas um organismo turístico em cada uma das cinco regiões-plano, oficialmente designadas por NUTS II.
Como já é habitual, o Município de Tomar nem deve saber de nada, quanto mais agora ter um plano, uma posição definida, uma táctica e uma estratégia. É pena, porque assim somos bem capaz de transitar da dependência de Lisboa e Vale do Tejo, para a da Região Centro, com sede em Coimbra, de que também passámos a depender para os subsídios europeus, em virtude da nossa tradicional ganância. Haja saúde e coza o forno. Depois da sede de distrito, da Nacional 1, da Linha do Norte, da A 1 e do Hospital, somos apanhados uma vez mais com as calças na mão. É o nosso fado, pelo que o supracitado museu devia ser instalado no Elefante Branco da Levada, por uma questão de justiça. E em cada entrada da cidade devia até ser colocada uma placa rezando assim: "Tomar -Vila-museu do fado dos desgraçadinhos". Era porreiro pá!
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