Com os agradecimentos de Tomar a dianteira a Laura Rocha.
Com licença de Vossas senhorias, que me ledes, aqui se reproduzem duas excelentes peças, para abrilhantar a excelente situação a que conseguimos chegar, 36 anos após o 25 de Abril. Melo Antunes e muitos outros devem dar voltas e mais voltas nas respectivas sepulturas, sempre com a mesma pergunta: Tanta coragem, tanta renúncia, tanta audácia, para isto?!
Do semanário O RIBATEJO, com a devida vénia e os nossos agradecimentos, ao jornal e a Daniel Abrunheiro, o autor:
NOME (PARA O) COLECTIVO
"Estamos reféns de uma corja de bandalhos. Tenho outras maneiras de dizer o mesmo. Seguem-se elas. Já.
Somos um alfeire sequestrado por uma quadrilha. Vivemos como récua por conta de uma vara. Rebanho que teimamos em ser, trepa-nos pelas canelas uma ninhada ignóbil. Sabeis de que tropa vos falo, claro. De que malta. De que chusma. De que choldra. De que ádua. De que matilha. De que ninhada. Claro que sabeis.
Mas sabeis também que aqueles de que vos falo, esmifrando-nos embora os bens, não lograrão nunca extirpar-nos a condição de pessoas de bem. Podem secar-nos o pão, interditar-nos o trabalho, molestar-nos a saúde, injustiçar-nos os direitos, analfabetizar-nos os filhos, corromper-nos as famílias, emporcalhar-nos as ruas, evacuar-nos as aldeias, atoleimar-nos de bola, senhoradefátimar-nos as mentes, casamentogayzar-nos de postmodernidades balofas, redbullizar-nos de avionetas para tolos pasmados de corneta no ar, tonycarreirar-nos até que zumbamos, relinchemos, zurremos, chasqueemos, pissitemos, cuculemos, grasnemos, cacarejemos, cucuriquemos, ronquemos, grugulejemos e regouguemos. Poder, podem. E vão continuar a poder, enquanto permitirmos que possam. Só que há duas coisas: eles vão continuar bandalhos. E nós vamos continuar alfeire, que é o nome colectivo dos porcos de engorda.
E se isto não é grunhir com razão, então não sei o que seja."
daniel.abrunheiro@gmail.com In O Ribatejo de 01/10/10, última página.
1 comentário:
uma barraca com submarino à porta e frigorífico na varanda
qual medina carreira, qual carapuça!
ainda recupero o fôlego depois de, boquiaberto durante 20 minutos, ter ouvido a entrevista da ana lourenço ao padre manuel ventura, no 'jornal das 9' da 'sic notícias'.
palavras de uma violência extrema, na análise que fez da realidade actual, ditas naquele registo doce que os padres aprendem nos seminários.
deixo-vos a imagem que ele encontrou para retratar o nosso país, hoje: 'uma barraca de lata (com antena parabólica) e um submarino à porta'.
outra: 'um país onde as famílias, quando têm que receber um velho em casa, são obrigadas a meter o frigorífico na varanda'.
brilhante porque verdadeiro!
in antonio boronha blogspot
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