quarta-feira, 12 de agosto de 2009

CULTURA E CONJUNTURA - 1


António Rebelo

Não me é nada agradável abordar o tema cultura, numa terra onde manifestamente tal coisa escasseia. E logo ao nível mais elementar -saber estar, saber dizer, saber viver. Apesar disso, resolvi avançar porque penso que vai ser necessário voltar a este assunto em diversas ocasiões.
Assim na generalidade, nas margens nabantinas a cultura parece ser o animal de estimação de todas as forças políticas. Quando convém, penteia-se o bicho, põe-se-lhe o açaimo, bota-se-lhe a trela e vamos nisto. Uma passeata pela cidade sempre permite impressionar alguns transeuntes menos precavidos.
Entretanto, a dois meses das próximas autárquicas, só dois partidos ainda não apresentaram a parte cultural do seu programa respectivo -o PSD e o CDS. Se quanto a este último já se esperava tal carência, devido à sua muito fraca implantação concelhia, a posição do PSD é muito estranha e indiciadora de que algo não vai bem na actual maioria.
Quanto às outras cinco formações, convergem largamente no domínio cultural. De tal forma que até se torna árduo descobrir o que realmente as separa. Vejamos. PS, Setembro de 2006 "A cultura como factor de desenvolvmento concelhio"; BE, Julho de 2009 "O Bloco de Esquerda apresenta a cultura como factor de desenvolvimento". IpT, CDU e TPL alinham mais ou menos pelo mesmo diapasão, sendo no entanto de salientar que os novos independentes, que alguns apelidam de conservadores, são frontais e sem hesitações. Propõem-se "Fazer de Tomar uma capital cultural internacional". Nem mais, nem menos!
Tanto os IpT como a CDU ou o BE apresentaram aos eleitores aquilo que poderemos designar como hipermercados da cultura. De Escola Superior de Artes a Orquestra Sinfónica, e de Centro Ibérico de Esoterismo a Aldeia Pedagógica, há felizmente de tudo para todos, em grande quantidade. A tal ponto que o cabeça de lista da CDU já veio esclarecer que existe uma grande diferença entre as suas propostas e as dos outros -enquanto IPT, PS, BE e TPL se propõem comprar tudo pronto a usar, a candidatura liderada por Bruno Graça tenciona fazer à medida e até vender para outros municípios. Se houver quem compre...
Subsiste todavia o problema principal -quem vai financiar? E aqui todos os programas já anunciados são omissos. Só a CDU fala em contratos-programa, com a autarquia e com outras entidades (?). Situação a esclarecer quanto antes, para que os eleitores possam fundamentar os seus votos, sabido como é que a conjuntura não está para devaneios. Pelas bandas da câmara, a penúria é tanta que houve necessidade de transferir para a banca, mediante juro adequado, cinco milhões de euros de calotes feitos até Dezembro passado. É muito fruta! Um milhão de contos! E de Janeiro até agora, quanto irá ser preciso? Para já não esmiuçar o cerne da questão -se a seu tempo a autarquia não conseguiu as verbas necessárias para não viver a crédito, onde tenciona ir agora arranjá-las para ir pagando o tal milhão de contos, mais os juros? Com mais empréstimos?
Pelas bandas do governo, é o que todos sabemos. Cada vez pagamos mais e recebemos menos em troca. Conquanto nestas alturas de eleições o governo procure falar o menos possível na situação orçamental, em vitude do velho princípio de que não é conveniente falar de cordas em casa de enforcados, há situações que não enganam. Esta, por exemplo: Apesar de ter prometido um subsídio da ordem dos cem mil euros para a Festa dos Tabuleiros de 2007, o Turismo de Portugal ainda não se resolveu a assinar o cheque, nem a efectuar a transferência...

5 comentários:

Anónimo disse...

Propgramação das Festas de Santa Cita

Abusando mais um pouco e agradecendo a compreensão.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Afinal o Ps/Tomar é uma partido muito coerente. No seu programa de cultura de 2006 propunha-se financiar a criação de uma orquestra semi-profissional, se ganhasse a Câmara. Agora, três anos mais tarde, acaba de escolher o tenete-coronel músico aposentado José Pereira Marques (que foi maestro na Gualdim Pais, quando o Luis Ferreira lá tocava) para mandatário. Já é um princípio para a tal orquestra. Ou será que os socialistas tomarenses têm andado um bocadito desafinados e precisavam de uma batuta militar? Em política as fífias pagam-se caras.

Anónimo disse...

Eu apostava mais assim numa coisa mais ou menos parecida com um museu do comes e bebes. Em Tomar fazem-se tantos congressos de comezainas e bebezainas.

Anónimo disse...

O PS/Tomar já tem tudo para ser uma banda. Tem um maestro, o Tenente-Coronel José Marques e os músicos, Luís Ferreira e Hugo Cristovão. Todos já passaram pela Gualdim Pais.
Em dar música já são profissionais.