quarta-feira, 5 de agosto de 2009

MAIS OBRAS A ESMO?


Já anteriormente aqui se abordou a questão das obras na Mata e na envolvente do Convento. Como só agora acedemos a um desenho que permite perceber quais os trabalhos a efectuar, pareceu-nos oportuno voltar ao assunto.
A apresentação do projecto, subscrita pelo arquitecto-consultor Mário Bernardo, começa assim:
"Pretende-se que a intervenção consiga a aproximação entre o complexo monumental e a cidade de Tomar, conseguindo, deste modo reter o maior número de visitantes do Convento." Sem querermos de modo algum levantar problemas onde eles não existam, havemos de concordar que este primeiro parágrafo poderá ter algumas qualidades, mas a clareza e a elegância não estão certamente entre elas. Acontece aos melhores.
Mais adiante, pode ler-se igualmente: "Propõe-se que este estacionamento [de 34 lugares] tenha uma configuração orgânica, de modo a melhor se adossar ao terreno existente e será pavimentado com saibro solto de modo a salvaguardar a sua permeabilidade." Trata-se do novo parque de estacionamento, a construir naquele terreno junto à estrada, do lado esquerdo de quem sobe, imediatamente antes do desvio para a Sra. da Conceição. Coberto de "saibro solto", tudo indica que no verão será um mar de pó e no inverno será ornamentado com inúmeras regueiras, logo às primeiras bátegas. Logo veremos...
Passemos então ao conjunto, já que o texto de apresentação, apesar de aí ser dito que "A solução escolhida, após terem sido discutidas as vantagens e desvantagens inerentes a cada uma...", não menciona qualquer outra hipótese.
Numa crítica anterior, procurou-se demonstrar que é um erro crasso obrigar os turistas com local de partida em 4-Entrada da Mata a subirem até 2 - Torre da Condessa (apresentada no plano como "nova entrada no Convento", cometendo assim dois erros graves numa frase tão curta - 1- a entrada não é nova, pois existe há mais de 500 anos, tem é estado encerrada; 2- não é entrada no Convento, mas no castelo; o Convento fica umas boas dezenas de degraus mais acima). Com efeito, bastaria escavar a antiga via de acesso a 14 - Porta da Almedina (o acrescento é nosso), para poupar alguma caminho e algum dinheiro nas obras. Mas enfim! Como até vão instalar iluminação pública, apesar da Mata encerrar ao pôr-do-sol, já nada nos surpreende.
Há também as obras previstas para o espaço junto à fachada norte do Convento, que prevêem o rebaixamento e alargamento da actual estrada municipal, implicando a construção de um muro de suporte e estacionamento em faixa "para autocarros, com vista a recolher os turistas no fim da visita e levá-los a visitar a cidade (considerando que estes chegam no sentido de Pegões)."
O plano nada diz sobre o assunto, mas terá de haver, obrigatoriamente, rampas e escadas de acesso à actual saída dos visitantes, bem como uma rampa da acesso ao Claustro da Micha e respectivos taludes laterais. Tudo por causa do aludido rebaixamento, cuja utilidade prática está por demonstrar. Obras a mais, como vai sendo costume?
O mais grave disto tudo é que se vão gastar somas elevadas, em parte pedidas à banca, para modificações cuja concgruência não é nada evidente, excepto no que se refere à Cerrada do Cães e às Calçadas dos Cavaleiros e de S. Tiago. Quanto às modificações previstas para o lado norte do Convento, servirão para quê, quando a saída dos visitantes deixar de ser por ali? Como é que os autocarros que recolhem os turistas junto dessa fachada, os levam depois a visitar a cidade? Vão estacionar onde? Para os turistas fazerem o quê? E os horários imperativos das viagens organizadas, que são todas as de autocarro? Alguém pensou nisso?
O tempo da improvisão e das obras de pouca ou nenhuma utilidade, só para inglês ver, já foi. Agora exige-se rigor, modéstia, realismo, conhecimentos, sentido prático e pelo menos rudimentos de economia. Sem tudo isso, nada feito. Como se verá certamente em Outubro próximo. Aliás, a pouco mais de 3 meses do fim do mandato, para os actuais autarcas o mais honesto e ético seria não se meterem nesta e noutras cavalarias altas, uma vez que, ao que se diz, a autarquia começa a estar atascada em dívidas. Numa situação de progressiva diminuição das receitas e de aumento das despesas...

O negrito, o itálico, o 14, a linha vermelha e a indicação entre [ ], são de Tomar a dianteira. O desenho é da CMTomar, a quem agradecemos.

5 comentários:

Anónimo disse...

E não seria possível tirar a estátua do Infante D. Henrique para estacionamento de mais duas viaturas? Isto sem contar os outros lugares circundantes.

Anónimo disse...

E, ao que me parece, uma vez mais ficam esquecidas as escadinhas da Senhora da Piedade e toda a sua envolvente cujo estado é deplorável. Peço ao responsável do blog, pessoa atenta a este tipo de situações, que esquadrinhe e fotografe a zona e promova aqui uma discussão sobre a decadência de um dos mais bonitos locais da cidade de Tomar

CARLA

Anónimo disse...

Inteiramente de acordo.
Mas, como é possível ter discussões livres numa terra onde não se querem discussões livres?

Rui Ferreira disse...

Excelente análise!

Anónimo disse...

Mim achar que fazer parque pala autocalos bom idea.

Mim achar que deixal turistas na Srªa da Conceição e fazer entlada na Torre da Condessa, palvoíce.

Quanto resto acha que devem ir como loja tlezentos. Não tem qualidade tem que ser balato.