sábado, 8 de agosto de 2009

DESCOORDENAÇÃO NO BLOCO DE ESQUERDA?

Até já nos acusaram de odiarmos Francisco Louçã. Coisas para levar pouco a sério, posto que por estas bandas é costume arreigado atacar o autor, em vez de criticar o texto. Seja como for, a notícia supra, reproduzida da página 3 do Expresso de hoje, não deixa margem para dúvidas. Louçã está mesmo alarmado com o descalabro orçamental. Afirma mesmo que "Depois da crise económica e social virá a crise orçamental, para a qual o PS não apresenta uma proposta." Ou seja, depois de ter mandado fazer e afixar cartazes com "reforma por inteiro com 40 anos de descontos" e "quem tem lucros não pode despedir", chegou agora à conclusão de que o tempo das reivindicações mirabolantes acabou. Que agora é altura de defender um pacto com novas regras -"um crescimento anual da despesa não superior a 2%" e correcção de desequilíbrios "serviço a serviço para suprimir despesas supérfluas". (O jornalista escreveu "suprir" mas trata-se, obviamente, de uma "gralha", que vai ao arrepio do sentido das afirmações anteriores do líder do bloco.
Saudamos naturalmente esta viragem radical de Francisco Louçã, que vem o encontro daquilo que por aqui temos escrito -Após as eleições legislativas e autárquicas, quaisquer que venham a ser os resultados e, por conseguinte, o futuro governo, vamos ter mais um período difícil e prolongado, em que teremos de "apertar o cinto", quer concordemos ou não. Não estranharíamos, por exemplo, se o 14º mês viesse a ser pago em títulos de tesouro, ou mesmo suprimido. Ou até que o IVA inchasse para 21/22%. É só esperar para ter certezas.
Nestas condições, apoiando embora a nova posição realista do BE, não podemos deixar de estranhar o programa que os seus militantes tomarenses apresentaram oportunamente, e que foi publicado no Cidade de Tomar. Tendo por título "O Bloco de Esquerda apresenta a cultura como factor de desenvolvimento" (Cidade de Tomar de 31/07/09, página 12) o citado documento propõe, designadamente, a construção de um Centro de Artes e do Espectáculo, com condições técnicas para exibições de música, bailado, teatro e ópera; a criação de companhias de dança e de teatro, "bem como uma orquestra profissional de crescimento e consolidação graduais"; "Construir um novo Complexo/Parque desportivo, na zona das Avessadas, que sustente um Centro de Estágio e Formação..."; "Promover um Centro de Investigação sobre as grandes manifestações vivas da Bacia do Mediterrâneo e Europa... ...criar um Centro Internacional de Lusofonia... ...criar o Museu da Fiação, ...criar o Museu da Festa dos Tabuleiros (ou do Espírito Santo, para ser mais abrangente)... ...Criação de uma Pousada e uma Casa que seja um espaço de criação e de divulgação de teatro, dança, artes plásticas, fotografia, cinema, artesanato, escultura, pintura, banda desenhada, grafitti..."
Perante tudo isto a pergunta impõe-se: Trata-se realmente de um programa eleitoral? Ou de um texto poético? Qualquer que seja a resposta, a total falta de coordenação entre o proposto aqui em Tomar, e por Louçã a nível nacional, é por demais evidente. Tão evidente que nos leva a pensar que os autores do documento devem estar convencidos da veracidade daquela frase popular, segundo a qual "Deus Nosso Senhor (neste caso o orçamento de estado, directamente ou via autarquia) tem lá muito para nos dar." O pior é que não tem e, como é sabido, pode haver autarquias pobres num país rico. Autarquias ricas num país pobre, é praticamente impossível.
O ideal será, por conseguinte, ir tentando descer à terra em vez de tentar enganar os eleitores. Mesmo com a melhor das intenções, como é certamente o caso.

7 comentários:

Anónimo disse...

Bom texto, e oportuno.
Contradições do BE bem desmontadas.
A nível nacional o BE serve para incomodar o Poder, mas nunca governará, e se governasse teria de fazer o mesmo que os outros, e obrigar este iludido povo a apertar o cinto.
A nível local o BE não existe, e o que anda por aí é para rir. O "programa" do BE para o "desenvolvimento" de Tomar é absurdo e idiota. Nem nos países mais ricos do mundo uma pequena cidade podia levar um programa daqueles a cabo, quanto mais numa cidade falida, num País falido.
O grave é que há mais gente a pensar assim, todos eles Funcionários Públicos, a receberem do Orçamento do Estado, e o Povo a aspirar a todas aquelas loucuras.
O futuro, e de novo a austeridade, se encarregarão de dar uma grande lambada nos portugueses, que nunca aprenderão.

Anónimo disse...

Dai ficale muito, muito , muito suplendido.

Dai lecebele mail, e lêle:

"Miguel Relvas parece que ainda vai ser candidato pelo círculo de leitores".

Anónimo disse...

O Miguel Relvas e todos os seus clones serão sempre candidatos pelo círculo de Tomar. Os tomarenses não querem mais.
Há dias um conhecido tomarense, ex-Mordomo da Festa dos Tabuleiros, perguntava: por que é que a oposição, em Tomar, não aproveitou a exclusão de Relvas das listas de deputados para atacar?
Responderam: não vê que uma mão lava a outra? Eles lavam-se todos uns aos outros.
Continuou o ex-Mordomo de uma Festa que deu lucro: e se cada um dos sete agrupamentos eleger um membro para CMT, como será?
Resposta de Confuncio: Eles entender-se-ão sempre, pelo bem do Concelho.

Anónimo disse...

Quando comecei a ler o comentário anterior estava a ver que se referia ao Mordomo da Festa dos Prejuízos (2003). Esse qualquer dia perderá todos os tachos, mesmo na Junta de Freguesia de S. João Baptista!!! Mas oportunista sem vergonha como é, tudo é possível daquele denominado "bom nome"... o da vergonha que lhe falta.

Anónimo disse...

O Mordomo da Festa dos Tabuleiros 2003 é um Grande Tomarense, arrelvado, e, como todos os Grandes Tomarenses, não fez nem fazem mada de errado por Tomar.
Os tomarenses gostam deles.
Só que... Tomar está cada vez pior, mas, Tomar é uma cidade muito bonita, vai ter palácios de Ópera, escolas de teatro e de dança, sopa gravatas e tudo, como disse o saudoso Raúl Solnado...kultura.

Anónimo disse...

O BE de Tomar está à rasca.
Não consegue mobilizar ninguém

Anónimo disse...

É óbvio que é impossível todas as ideias para a cultural proclamadas pelo Bloco serem executadas, mas podem ser lidas como bom ponto de partida de reflexão.
Tomar pode SIM desenvolver-se partindo do eixo cultura/turismo. Erro crasso dos que pensam o contrário.