quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Mudar é urgente...

Confrontado pela Rádio Hertz com o desastroso resultado conseguido pelo IPT na primeira fase de colocações, o seu presidente, doutor Eugénio de Almeida, seguiu a norma portuguesa -Em vez de assumir a necessidade urgente de empreender reformas naquela casa, que o mesmo é dizer, a inevitabilidade da mudança, resolveu culpar os outros. É mais fácil, mais rápido e muito menos arriscado, uma vez que, quando se empreendem reformas, sabe-se quando começam, mas quase nunca quando e onde acabam. Assim, para o jovem presidente do IPT, um doutorado da Universidade Portuguesa, no caso concreto da fraca preferência pelo estabelecimento tomarense, que foi lanterna vermelha na primeira fase de colocações, os culpados foram os exames do 12º, este ano mais difíceis, segundo afirmou. Fica por explicar o caso antes aqui apresentado, da formação em turismo cultural, com apenas 3 colocados em 35 vagas, quando todos os outros estabelecimentos com formações similares, ou esgotaram ou conseguiram bem melhores resultados. Porquê?
Uma vez que o doutor Eugénio da Almeida decidiu manter de Conrado o prudente silêncio sobre a matéria, tratando-se de uma área onde julgo possuir alguma experiência, tanto profissional como académica, eis a minha posição. Na origem, tratou-se da usual prática, muito tomarense e portuguesa, de sacar uma ideia alheia, como se as ideias fossem desde o seu surgimento propriedade da comunidade, para a partir dela alinhavar uma nova via de formação, numa actividade que era e é das que mais crescem no Mundo. A partir daí, sucedeu o previsível e infelizmente também habitual: o autor da ideia nunca mais foi visto nem achado na questão, para não atrapalhar, enquanto os sacadores, cuidando ter descoberto a pólvora, apenas tinham, não a ideia na sua complexidade, mas apenas a sua designação, coisa muito diferente, como é fácil perceber. Seguiram-se laboriosas práticas, para alinhavar algo parecido com um currículo académico de uma formação profissionalizante, logo seguidas da busca incessante de algum especialista, para chefiar a nova estrutura. Só então se deram conta de que, em Portugal, especialistas diplomados e com prática profissional substantiva em turismo nacional e internacional, eram poucos e não queriam vir leccionar para Tomar. Contactado, o "paí" da ideia apresentou as suas condições, que não foram aceites, tendo até sido apodado de açambarcador.
Implementada com o que conseguiram arranjar em termos de corpo docente, os anos passaram e os resultados aí estão. Os primeiros alunos formados já se deram conta de que afinal os proclamados docentes-especialistas sabem tanto e têm tanta experiência de turismo cultural como de lagares de varas. Decepcionados, foram e vão passando a palavra, num mundo onde as conversas da treta já não convencem ninguém.
Eis quanto! Ou, para usar, um provérbio popular adaptado: "Quem cabritos vende, mas cabras não tem, certamente lixa alguém". É o caso, sem tirar nem pôr!

1 comentário:

FUNICULIN disse...

Os números de colocados nos diferentes cursos dizem tudo, disso ninguém deverá duvidar ou será que ainda haverá quem duvide?

A culpa é sempre de alguém. Assumir o real é que não pode ser, então culpam-se os outros.

Já agora como poderia um estabelecimento de ensino daquela natureza ter sido comandado por um Cabo Corneteiro com a equivalência a uma licenciatura, quando havia Generais (Mestres e Doutores)?

Sim, era o Pires da Silva com a patente baixa que comandava os elementos de patente elevada, Mestres e Doutores.

Para que conste.