A ilustração supra é como o algodão do já célebre anúncio -não engana. Em Tomar, terra de brilhantérrimos pergaminhos, quanto mais mudamos, mais estamos na mesma = no plano inclinado rumo ao abismo. Repare-se: O ante-projecto esboçado pelos tomarenses Mota Lima e Mata de Oliveira, num tempo em que ainda se trabalhava gratuitamente e com gosto em prol da cidade, já incluía um muro de suporte, faltando saber se de betão, como o de agora, ou em pedra aparelhada. Mas contemplava igualmente o desvio da circulação para a direita, uma arborização à moda toscana, uma nova rampa de acesso ao então hospital militar e árvores na bifurcação. E o dito muro até terminava num rebordo, eventualmente com floreiras...
52 anos passados, o projecto agora em execução, devido à fartura dos dinheiros europeus e à facilidade com que até agora se obtinham, é do estilo "tudo à grande e à bruta, que espectacular é que é bom!" E quanto mais caro melhor. Infelizmente para os arautos do falso progresso, sobretudo adoradores de euros orçamentais, aconteceu aquele inoportuno acidente, que resultou na destruição de parte importante do alambor templário.
Graças ao empenhamento dos defensores do património, amigos sinceros de Tomar e admiradores da mística templária, a denúncia aqui feita em tempo oportuno transformou-se numa petição a nível nacional e internacional, já implicou a vinda do secretário de estado da cultura e obrigou os principais responsáveis locais a revelar a sua triste natureza: Dado não poderem negar totalmente a realidade, tentaram e tentam intrujar os cidadãos e caluniar aqueles que, pela sua modesta acção de cidadania, apenas procuram conseguir o melhor para esta terra.
Várias vezes aqui se tem escrito, a respeito das autárquicas de Outubro de 2013, que haverá muitas ocasiões para os tomarenses de nascimento ou por residência manifestarem a sua vontade. Pois faltam poucos horas para uma dessas ocasiões soberanas. Está convocada para as 13 horas de hoje (uma da tarde) a concentração ordeira de todos aqueles que consideram imprescindível defender o alambor que resta, exigir a reconstituição do já destruído e o derrube dos muros de betão, com ou sem forro em calcáreo bujardado ou rústico.
Sabe-se que, desde tempos imemoriais, o grande problema tomarense é um dilema nunca ultrapassado até hoje: Não se pode defender Tomar sem a participação activa dos tomarenses, mas infelizmente também não se pode contar com eles para tal fim. Logo, a partir da uma da tarde, se verá qual a situação actual. SE OS PARTICIPANTES VINDOS DE ALHURES FOREM MUITO MAIS NUMEROSOS DO QUE OS TOMARENSES RESIDENTES, ninguém se irá imolar pelo fogo, penso eu. Mas a prova estará feita de que com semelhantes habitantes, tomar não precisa de mais inimigos. As autoproclamadas boas famílias locais, as chamadas múmias ou estátuas mortas, terão triunfado uma vez mais.
Além do IRS, do IMI, do imposto sobre os combustíveis e do IVA, os tomarenses são obrigados a pagar das mais altas taxas locais do país. Taxa de serviço, saneamento e resíduos sólidos representam perto de metade da factura da água. É insuportável. Sobretudo quando por outro lado se gastam milhões em inúteis obras de fachada, como as que decorrem junto ao Convento. Mas se os tomarenses continuarem a calar-se, os senhores eleitos e outros instalados pensarão para consigo que "quem cala consente"...
Até logo? Ou vamos continuar a acobardar-nos?
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