Após as obras na Corredoura, que não ficaram grande coisa, mas ninguém podia prever; após as obras no Mouchão, que lhe retiraram intimidade, mas ninguém podia prever; após a instalação daquela ponte metálica, que está horrível, mas ninguém podia prever; após a destruição do estádio, que ninguém podia prever; após o encerramento e reabertura do parque de campismo, que ninguém podia prever; após a fonte cibernética, que foi um barrete de todo o tamanho, mas ninguém podia prever; após o inútil e inestético muro-mijatório, que ninguém podia prever; após o pavilhão sem as medidas regulamentares, que ninguém podia prever; após aquela barraquinha do Mouchão, que não se sabe para que serve, mas ninguém podia prever; após o encerramento do mercado, que ninguém podia prever; após o calor insuportável na tenda, que ninguém podia prever; após as obras na estrada do Convento durante a Festa dos Tabuleiros, que ninguém podia prever; após a bronca do alambor, que ninguém podia prever; após o aparecimento dos restos dos lagares, que ninguém podia prever; impõem-se algumas perguntas sobre o já célebre elefante branco da Levada, também conhecido por Museu da Levada. Para que depois não venham dizer, quando surgirem problemas graves, que ninguém podia prever.
Então é assim: 1 - É conhecimento comum a nível internacional que em qualquer local de visita turística se deve evitar sempre que os visitantes se cruzem, pois isso origina que turistas se percam, e um turista perdido é bem pior do que uma barata tonta. Só quem nunca trabalhou no sector é que não sabe. No caso da Levada, foi este princípio universal tido em conta? Ou nem se chegou a pensar no assunto? 2 - Tanto quanto se sabe, a recepção aos visitantes era para ser entre a fundição e a central eléctrica. Agora com o surgimento da estrutura do lagar, continua a ser assim? 3 - Qualquer que venha a ser o local de recepção, sendo previsível que haverá autocarros de visitantes, sobretudo alunos, onde param para deixar ou recolher passageiros? Na Levada? E o trânsito normal? 4 - A visita de um conjunto como aquele, se alguma vez chegar a abrir ao público, será sempre complexa. O projecto em execução tem em conta as eventuais hipóteses de circuitos de visita? A ligação exterior entre os núcleos previstos, designadamente junto aos lagares e à central eléctrica, não obedece às normas europeias de segurança. Estão previstas protecções? Os três núcleos previstos desde o início -fundição, central e moagem- são extremamente perigosos para os visitantes, podendo acarretar perigo de morte, sobretudo a central eléctrica e a moagem, cujas maquinarias não cumprem as actuais normas de segurança. Foi este aspecto tido em conta na elaboração do projecto? Que medidas de protecção foram propostas? Um museu como aquele que pretendem instalar não é como os de pintura, escultura, fósforos, brinquedos, tapetes ou trajes.É altamente perigoso. Na fundição pode haver queimaduras graves, originadas por produtos a muito alta temperatura. Na central pode haver choques eléctricos e/ou arrastamentos pelas máquinas em movimento, na moagem idem, idem. Houve o cuidado de prever protecções adequadas? Particularmente no caso da central e da moagem, com pouquíssimos espaços livres, uma vez que não foram desenhadas para receber visitas, há projecto com o percurso e os locais de paragem para explicações dos grupos de 20 ou 40 pessoas? E o plano de segurança? Sobretudo no caso da moagem, há projecto para saídas de emergência, escadas de socorro, portas corta-fogo? Tratando-se de locais que previsivelmente poderão vir a ser muito frequentados e que têm elevadas cargas de materiais altamente combustíveis, que medidas serão tomadas para garantir a segurança dos visitantes? Como se justifica que nas coberturas estejam a ser usados materiais diversos geralmente considerados perigosos para obras em instalações destinadas a vastos públicos? Não seria mais conveniente aproveitar o aparecimento dos vestígios dos lagares para parar e pensar melhor? Ou preferem vir a dizer mais tarde, quando o museu não puder abrir por razões de segurança, ou quando houver um acidente grave, que ninguém podia prever?
1 comentário:
Pois, pois!
Pensaram nisso, ouviram antes do projeto todos os saberes, os estudos foram rigorosos?
Ou é do género arrancar passeios na Corredora, "descalçar" a rua, assassinar a sua estética original, mutilar o comércio local e plantar canteiros à modernaça, pontapé para o ar, alvejando mortalmente o Património da Zona Histórica?
Pois,pois!
E o Mercado? O tradicional Mercado da Vila?!?!
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