sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O INFELIZ ALAMBOR E A ASELHICE-MOR

PÚBLICO, 01/09/2011, pág 23
O TEMPLÁRIO, 01/09/2011, pág. 19
O TEMPLÁRIO, 01/09/2011, pág. 19
EL PAIS, 31708/2011, PÁG. 41
CIDADE DE TOMAR, 01/09/2011, primeira página
O TEMPLÁRIO, 01/09/2011,  pág. 20
CIDADE DE TOMAR, 01/09/2011, pág. 3

HISTÓRICO BREVE

Trabalhadores nortenhos, de uma empresa da mesma zona, ao serviço da autarquia tomarense, destruiram inadvertidamente cerca de 25 metros quadrados do alambor do Castelo Templário, do século XII. Agiram assim sobretudo devido a deficiências do projecto e a falta de acompanhamento arqueológico adequado, mas também por notória falta de experiência neste tipo de empreitadas, em zonas patrimonialmente muito sensíveis.
Já depois de consumado o infeliz labor, que só o fim de semana interrompeu, alguém que passou por ali veio alertar Tomar a dianteira para o que se passava. Após ida ao local, imediatamente se denunciou a ocorrência, salientando que se tratava do alambor primitivo e não do prolongamento do muro em pedra aparelhada da primeira metade do século passado, como os trabalhadores julgavam.
Amigos da verdade, do património, dos Templários e de Tomar, a começar por Margarida Pardal (que não tenho o gosto de conhecer), perceberam imediatamente a importância do que estava (e está em jogo), acreditaram no que leram e viram neste blogue, tendo desencadeado logo uma petição pública, (teclar peticaopublicaalambor no Google, e depois enter) que nesta altura já vai nas 574 assinaturas em apenas 5 dias. Paralelamente, Tomar a dianteira apelou a quem lhe pareceu mais eficaz.
Em vez de reconhecerem imediatamente o acidente, ouvirem os reclamantes, solicitando-lhes opiniões sobre eventuais soluções e suspenderem as obras naquele sector, Câmara de Tomar, IGESPAR, directora do Convento e SEC José Viegas, têm procurado por todos os meios confundir a opinião pública, sem qualquer respeito pela verdade factual. Segundo eles (ver ilustrações supra), não houve destruição, mas descoberta importante; não se pode falar de crime e mantém-se total confiança no dono da obra (a autarquia), nos arqueólogos (IGESPAR) e no empreiteiro. Bom proveito a todos. Felizmente, muitos portugueses honrados continuam a subscrever a petição, que quando vier a atingir as 5 mil assinaturas permitirá, se assim for entendido, requerer que seja marcada uma sessão na A.R. para debater o assunto.

 O FUTURO PRÓXIMO

Por ora, mantém-se bem viva essa esperança de que Portugal ainda não estará totalmente entregue aos bichos, mas também alguma angústia e preocupação perante a doentia obstinação da autarquia tomarense, sobretudo do seu presidente, ao insistir A - que não houve crime; B -que o alambor vai ser recuperado. Quanto ao primeiro ponto, leia-se e compare-se o caso do alambor com o descrito no EL PAÍS.
Em Portugal - Tomar - Património da Humanidade - Cidade Templária - segundo a autarquia, gente boçal ao serviço da edilidade destruiu uma parte importante de um alambor do século XII, mas segundo a própria Câmara, a directora do monumento, o IGESPAR e até o Secretário de Estado da Cultura, de visita ao local, não houve qualquer destruição nem se pode falar de crime contra o património.
Em Espanha - Granada - Cidade Andaluza - Património da Humanidade, um oficial da força aérea jordana, convidado do governo espanhol, foi apanhado a grafitar na Alhambra, a jóia da arquitectura árabe na península. Imediatamente detido pelas autoridades, foi posto à disposição da justiça, considerado arguido , aguardando agora julgamento. Pode incorrer numa pena de um a três anos de prisão efectiva, acrescida de uma multa entre os 12 e os 24 meses remíveis a dinheiro. Terá igualmente de pagar os trabalhos para restabelecer o aspecto anterior da área danificada, no Palácio de Carlos V, integrado na Alhambra.
Quanto ao segundo ponto, (ver ilustração supra, pág. 19 d'OTEMPLÁRIO)  o alcaide tomarense parece-me estar redondamente enganado se pensa mesmo que o assunto se resolve deixando à vista um pequeno troço do alambor agora danificado, enquadrado por dois modernaços muros de betão. O que se pretende, pelo menos no meu entendimento, é que se suspendam quanto antes as obras naquela zona, se reformule o projecto, se suprimam os muros de betão, bem como o nefasto parque de estacionamento para autocarros, encostado à fachada norte do Convento, e se proceda a cuidadas escavações arqueológicas para pôr à vista TODO o alambor ainda soterrado, que depois deverá ser consolidado.
Cada qual tirará as conclusões que julgar mais pertinentes. Em qualquer caso, permitam-me estas singelas interrogações, para as quais agradeço desde já respostas francas. Somos mesmo europeus? Ou apenas habitantes por mero acidente de um espaço geográfico num extremo da Europa? Vivemos mesmo no século XXI? Ou continuamos mentalmente na Idade Média? Comportamo-nos como cidadãos responsáveis? Ou como encapotados saudosistas do Tribunal do Santo Ofício?
Podendo parecer que não a alguns, são dúvidas fundamentais, tanto para o que já está, como para  o  que aí vem. Sobretudo para o que aí vem, quer queiramos, quer não.

4 comentários:

Sigillum disse...

Prezado Amigo,

Um resumo dos factos, que subscrevo.

Confirmo que não nos conhecemos, ainda, pessoalmente; no entanto, terei todo o gosto, e será uma honra, que em breve possamos colmatar esse "detalhe".

Já contamos com a subscrição de 621 cidadãos.
Os deputados à Assembleia da República, já tem conhecimento do caso, e conhecem a subscrição.
É possível que a Comissão que tem o "pelouro da cultura", venha a agendar a questão para debate.

Isto, não vai ficar pelas meias tintas, pelo descaso, e pelo deixa andar, a que o estado da (in)cultura nos tem habituado, e a que também os cidadãos se têm habituado ...

No próximo dia 08 de Setembro, 5ª feira, às 13h, irá decorrer um protesto junto ao "Muro da Vergonha", por forma a que possamos passar das meras intenções - para media publicar, e ingénuo acreditar -, aos actos.
«PÁREM O BETÃO.
COMECEM A RECONSTRUÇÃO.»
Uma reconstrução criteriosa, e não aquela constante "do mal amanhado cimento ou cal-hidráulica - que é a mesmíssima coisa."

Com consideração, as minhas Saudações Templárias,

Margarida Pardal

Anónimo disse...

Isso mesmo:
"...ou como encapotados saudosistas do Tribunal do Santo Ofício?"

Essa missão urgente do arauto do tomarense... Miguel Relvas (com o já espalhado epíteto de "Torquemada de Tomar"), revela bem a substância do Governo parido no dia 5 de Junho de 2011.

Integrado numa Associação de países europeus, onde ainda pontifica a Igreja Católica(e também sinagogas e mesquitas), centro centenário de impostura, ditadura, perseguição e crime contra a liberdade e vontade dos povos, Portugal (neste caso Tomar), está ainda hoje sujeito à intervenção, nas concelhias municipais, dos famigerados "Visitadores" à moda do "fero monstro" que nos espezinhou durante 300 anos.

É verdade que nos pilares da nossa democracia surgiram com pujança os "vistadores" das suas estruturas locais, escrevinhando relatórios sobre "familiares" exemplares e de toda a heterodoxia militante, que, difícil agora de esturrar, fica, no entanto, "marcada", confiscando-lhes o direito e a paixão de servir as suas comunidades.

Repugnante é
ser o "Visitador" do local controverso o máximo representante oficial das coisas da cultura pátria, o mesmo que, por exemplo, não compareceu nem se fez representar na recente homenagem pública a um dos expoentes máximos da nossa elite pensante - Eduardo Lourenço!.

Tomar já tem na sua História as cortes que ungiram Filipe II de Castela rei de Portugal e parece que a história recente da cidade vai ficar assinalada por sede de um dos políticos mais demagogos e anti-democráticos da nossa experiência democrática, Miguel Relvas, o "ajuntador" de bandos, gangs e camarilhas.

Exemplos:os do "Portugal a Talhões", do "Plano Inclinado" (escepto M.Carreira) blogue "Albergue Espanhol",outros, todos premiados, etc., etc., etc..

O que o "Visitador" em nome de M. Relvas cuspiu, depois da passeata, devia acordar os tomarenses em relação a esse Presidente da AM Nbantina, lugar conquistado em manobras de bastidor que, parece, são ainda desconhecidas, mas cujos resultados políticos para os tomarenses vão merecendo o maior repúdio.

Virgílio Lopes disse...

E o "estadista" Presidente da Assembleia Municipal em silêncio...

Deve estar a ler e reler o artigo publicado esta semana na revista VISÃO.

E vale a pena ler!...

Sigillum disse...

Prezado Amigo,

Reagendemos a:
ACÇÃO DE PROTESTO SILENCIOSO
10 de Set. de 2011, às 13h,
junto ao "Muro da Vergonha".
É favor trazerem bandeira e camisa branca

Todos juntos, vamos conseguir.

Saudações Templárias