quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Uma das grandes maleitas tomarenses

Vista Geral de Tomar e do seu castelo, aguarela, Pier Maria Baldi, gravura 59 do livro A viagem de Cosme de Médici por Espanha e Portugal, 1669 (clicar sobre a imagem para ampliar).

Uma das grandes maleitas tomarenses reside na falta de humildade perante o saber e perante a realidade. Parte-se geralmente do princípio de que aquilo que ignoramos, os outros também não sabem. Ao que se acrescenta uma teoria assaz curiosa, segundo a qual só os autoproclamados especialistas, porque diplomados disto ou daquilo, podem opinar sobre a sua especialidade, como se a mesma constituisse assim uma espécie de jardim privado para uso exclusivo do seu proprietário e homólogos. Tem acontecido com historiadores, arquitectos, engenheiros, médicos, arqueólogos e outros produtos das universidades portuguesas. Digo das portuguesas, pois os oriundos de instituições universitárias estrangeiras regressam em geral com ideias muito mais arejadas. Por isso costumam ser tão mal acolhidos, como agora está a acontecer com o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira...
Não espanta por conseguinte que, na triste e nefasta série de erros do chamado caso do alambor, a casta dos funcionários superiores transitórios e sobretudo do eleitos tenha enveredado pelo caminho da negação e da fantasia, em vez de admitirem os factos, o que os obrigaria a pedir desculpa e a aprender mais qualquer coisinha, como por exemplo a arte de chegar a decisões realmente  consensuais, em vez daquelas em que os restantes intervenientes, por medo ou por interesse, só dizem aquilo que os chefes querem ouvir. E assim nunca mais vamos conseguir sair da cepa torta.
Uma vez que, de acordo com a versão oficial, falsa como Judas, A - Não houve crime nem destruição de parte do alambor; B - Trata-se de uma descoberta muito importante; C - Ninguém sabia nem podia saber que ali havia restos do primitivo alambor templário, do século XII; os autores desta versão farão o favor -se assim o julgarem conveniente- de ampliar a gravura supra. Feito isso, procurem sucessivamente o Arco de Santa Iria, a Torre de S. João, os Paços do Concelho, a Calçada de S. Tiago, junto ao muro da Cerca Conventual, o Castelo dos Templários e, na extremidade direita deste, a torre cujo alambor foi agora em parte destruído, devido sobretudo à ignorância e arrogância que campeiam pelo Vale do Nabão. Desculpem a franqueza, mas comigo é sempre pão pão, queijo queijo. Se ninguém ousar dizer as verdades incómodas, como vamos conseguir ultrapassar a crise? Quando regressar das areias marroquinas El-Rei D. Sebastião?
Ganhem mas é juízo e tentam agarrar o futuro, com humildade, com denodo e com ambas as mãos!

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