quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Soma e segue: Mais uma aselhice...

Foto Rádio Cidade de Tomar - Uma das lajes postas a descoberto
Detalhe de um lagar de varas, vendo-se o tronco e um pouco do parafuso
Uma seira em esparta. Trabalho e foto de José da Encarnação
Já se esperava. Aqui na urbe é um segredo de polichinelo que as obras do alcunhado Elefante Branco da Levada nunca tiveram nem têm um projecto global digno dessa designação. Não por culpa dos arquitectos responsáveis. Apenas porque o executivo autárquico nunca foi capaz de lhes explicar cabalmente e de forma completa o que pretende ali instalar, como, quando e para quê. Nestas condições, os tomarenses mais por dentro destas e doutras coisas esperavam a qualquer momento o que acaba de acontecer: durante as obras em curso apareceram vestígios importantes do passado, pois não foram feitas sondagens prévias capazes. Tal como sucedeu nas obras da Envolvente ao Convento, com as consequências agora conhecidas. Por outras palavras, a ignorância é atrevida, mas o acaso vinga-se bem.
Foi a Rádio Cidade de Tomar que primeiro noticiou o achado, cabendo a Hugo Cristóvão avançar de humor em riste. Ao que parece, tendo aparecido para já oito lajes, como a documentada na foto, "esta será por muito tempo uma obra inacabada", refere a notícia, acrescentando que Corvêlo de Sousa prefere a expressão "em permanente construção". Ele lá saberá porquê. 
Claro que Hugo Cristóvão não perdoou. "Então querem lá ver que para as obras junto ao Convento de Cristo não se pode alterar o projecto e para os Lagares del Rei já se pode?!", pergunta ele com carradas de razão, pois ignorava ainda a curiosa questão do projecto praticamente inexistente, conforme referido mais acima.
O piadético da questão é que já se fala de 8 mós, quando na verdade se trata de lajes ou lájeas, que serviam de base e escorredouro para seiras previamente cheias de azeitona, empilhadas, e pressionadas pelo tronco, à medida que, acionada pelas varas, por sua vez empurradas a pulso, o parafuso rodava.
Comentário final provisório: Nunca foi muito honesto um sapateiro ir além da chinela. Agora então, com a cada vez mais acelerada evolução do mundo e a crise que nunca mais pára de se agravar, o que faz com que cada dia que passa haja menos nas gamelas, está-se a tornar extremamente doloroso ser prior desta paróquia. É bem feito! Quem é que os mandou pegar nas cornetas, se nunca aprenderam a tocar de jeito? "Quem sabe, toca; quem não sabe, passa a corneta a outro, que não há que cheguem para todos", dizia o velho cabo de corneteiros do 15, ali no Pinhal de Santa Bárbara. Já lá vão mais de 50 anos, mas continua actualíssimo. 

1 comentário:

Luis Ferreira disse...

Estimado

Só um pequeno esclarecimento: Já foi alterado o projecto inicial de intervenção nos Lagares D'El Rei, considerando a existência de erros e omissões no projecto inicial. Foi aprovado na reunião de Câmara de 25 de Agosto.

Alterações no da envolvente não são possíveis, uma vez que a "descoberta" do alambor não pode ser equacionada como "erros e omissões" do projecto inicial. É exigido novo projecto, o que ate acho bem, uma vez que já que é para decompor e valorizar a descoberta, que se faça como der ser e não a "atamancar", como é habito nesses casos...