segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A PATRANHA DO FÓRUM - 2

Como muito bem costuma dizer o povo, na sua milenar sabedoria, "mais vale prevenir que remediar". Pareceu-nos por isso útil voltar a abordar a questão do pretenso fórum romano. Sendo óbvio que o texto do Cidade de Tomar tem a sua origem nos próprios dinamizadores da candidatura "Villa Sicó - Programa de valorização Económica dos Espaços da Romanização", António Paiva e a maioria PSD da autarquia tomarense, vale a pena analisá-lo mais detalhadamente. Evitar mais um desastre enquanto é tempo...
Logo o título é uma evidente tentativa de ludibriar os cidadãos. Não se trata, na verdade, de recuperar o fórum romano, pela simples razão de que não se pode recuperar algo que não existe, nem se sabe se alguma vez existiu, e qual era, a ter existido, a sua implantação no terreno. Os leitores com dúvidas farão favor de lá ir ver, que não é nada longe. Fica nas traseiras do quartel dos bombeiros. Na mesma linha, "através de fundos comunitários" é um óbvio vício de linguagem. Não só os fundos não são comunitários, mas dos contribuites europeus, entre os quais os portugueses, como os alegados fundos não irão neste caso além dos 75%. A câmara, via contribuintes portugueses, terá de financiar o restante.
Para além do que antecede, o próprio texto, fornecido pela autarquia, para usar Cidade de Tomar com seu porta-voz, não oferece sequer qualquer margem para dúvidas. O referido projecto "Villa Sicó" tem como principais âncoras "A cidade romana de Conímbriga, a villa romana do Rabaçal, a villa romana de Santiago da Guarda e a cidade romana de Sellium". Esclarecendo que, neste caso, villa não significa vila, mas simplesmente casa rural romana, torna-se evidente que, à excepção de Conímbriga (onde mais de metade da urbe romana continua por escavar, devido à falta de verbas disponíveis), e do Hotel do Pelourinho (iniciativa privada), o resto é, na prática, só fogo de vista e areia para atirar aos olhos dos funcionários de Bruxelas. Houve realmente, algures por estas bandas, uma povoação romana. Mas ninguém sabe ao certo onde era, nem que importância terá tido. Os alegados alicerces do pretenso fórum não mostram qualquer indício de construções monumentais, salvo as dimensões. Não há quaisquer fragmentos de componentes arquitectónicos inquestionáveis. E a própria argumentação segundo a qual terão sido, posteriormente, utilizados noutras construções, morre à nascença com duas perguntas chãs - onde? quando? No próprio cemitério municipal, feito à ilharga no século XIX, apenas se encontrou um fragmento da época visigótica. E na torre de menagem do castelo, feita no século XII, há só duas ou três lápides romanas, de resto inconclusivas. Porquê? Não consta que os templários, apesar das suas múltiplas qualidades, tenham sido precursores na protecção do património...
Há depois, em concomitância, uma nítida intenção de desvirtuar os objectivos do programa. Com efeito, uma das metas a atingir é o "aproveitamento económico distintivo e inovador do recurso endógeno-âncora (no nosso caso a tal cidade romana imaginária...), através da renovação da base económica orientada para actividades empresariais... ... ...estruturação da oferta, modernização e diversificação das tecnologias de apoio à visitação, melhoria dos espaços e conceitos de acolhimento e de uma estratégia de comunicação e marketing..." Tudo orientações louváveis e urgentes, no caso do Convento de Cristo, por exemplo. Agora em relação a uns simples alicerces de origem por determinar?
"Renovação da base económica orientada para actividades empresariais...de suporte à exploração turística...", afinal significa o quê? Usar os escassos recursos disponíveis par conseguir retornos? Ou, pelo contrário, "enterrar" os tais fundos comunitários e arranjar assim ainda mais encargos? (juros, pessoal, manutenção, consumíveis, energia). Convém ponderar com muita calma, antes de embarcar em custosas fantasias que só poderão agravar ainda mais a nossa já muito debilitada situação.
(Os negritos são de Tomar a dianteira)

21 comentários:

Anónimo disse...

E não existirá uma situação intermédia?

Conservar o local, protegê-lo, mas sem realizar umas infra-estructuras tão dispendiosas?

Sebastião Barros disse...

Ora aí está! Preservar devidamente o local, deixando até, talvez,um acesso para eventuais futuras escavações. Mas autorizar o proprietário do terreno (que não conhecemos sequer), a contruir nele um imóvel, desde que respeite determinadoscondicionalismos a fixar previamente. Como está não! Enterrar ali 100 mil contos? Nem pensar nisso é bom!!!

Anónimo disse...

Esses fundos, não sendo para essa causa, poderiam ser utilizados para algo mais prioritário no concelho? (se calhar não, não sei...)

Frei Gualdim disse...

Que tar guardarem o dinheiro mas algo de mais útil? Para quando um museu municipal em condições?

Anónimo disse...

A base económica de qualquer comunidade é sempre orientada por actividade empresariais.

O Forum romano não terá nenhuma inflência na reorganização da base económica de Tomar.

A influência virá de outro Forum como a Assembleia Municipal, e de toda a actividade política que devia existir a partir dela, como a do Executivo autárquico, que devia procurar novos investidores para Tomar.

Tudo o mais é proppaganda.

Anónimo disse...

E como fazer com que esse executivo autárquico vá por esse caminho?

Não basta eleger alguém (entre a amostra dos que temos disponíveis) e ficar à espera que tenhamos a sorte de ter acertado, pois não?

Anónimo disse...

Se o edificado a colocar ali for o da fotografia, fica bonito sim senhor, encravado entre pr+edios e os bombeiros. Pena é que se pareça mais com um stand de automóveis usados.

Anónimo disse...

Não, não basta ficar à espera. Como disse, em 1997, o Prof. Fraúto da Silva, numa conferência em Tomar organizada pela AM: "os tomarenses que tirem os ovos debaixo dos braços"

Anónimo disse...

Os fundos podem ser utilizados para outras causas, desde que préviamente consignados. As escolhas é que terão de ser feitas com racionalidade, e, em Tomar, as escolhas têm sido sempre feitas de forma irracional, com o beneplácito da população - olhem para a fonte cibernética e para os parques de estacionamento.

Anónimo disse...

não me falem dessa fonte... na altura custou quanto? 8o mil contos, não foi?

Frei Gualdim disse...

E sobretudo, não hipotequem o futuro dos vossos filhos.

Anónimo disse...

Com essa do futuro dos filhos não estará a exagerar?

Não perdendo de vista o assunto "Forum".

Frei Gualdim disse...

Os filhos e os netos serão os vossos,não os meus...

Frei Gualdim disse...

O Fórum é de facto uma patranha.
A cidade romana é um mito. Uma pequena casa senhorial que entrou em decadência pela ocupação árabe.
As pedras que deixei além da ribeira aquando da construção do castelo foram as que não tinham valor para os pedreiros e maçons que me auxiliaram na edificação.

Anónimo disse...

...uma "boa patranha", este sim, o está a ser!

mas continuemos, a gozação é do baril! pagode de interessados!



farolim

Anónimo disse...

Senhor Rebelo o que se passa com Tomar? Cheguei hoje e andei a circular pela cidade.
Que vergonha: a fonte cibernética inactivada; o alcatrão todo levantado; as ruas cheias de pedras soltas (isto é duma incúria municipal pois pode provocar graves ferimentos aos humanos e não só); lojas às moscas; um refugo de turistas estrangeiros; negócios em trespasse aos potes; alugam-se, aos molhos, espaços comerciais; edifícios envelhecidos e devolutos; ruas sujas e mal cheirosas; pedintes e sem-abrigo?
Mas o que é isto senhor Rebelo?
Falaram-me dos candidatos e das propostas e fiquei desapontado pois todos eles já fizeram política. Já têm alguma idade e são gente pouco séria. De uma ponta à outra. Não dão ponto sem nó. Uns fazem de empresários falidos e outros de advogados frustrados. Os seus fins justificam os seus meios. Desperdiçam dinheiro em cartazes e outras tretas mais. Se prometessem trabalho, rigor, poupança em vez de propostas ocas, inertes e dispendiosas aí sim eu acreditava agora com o que temos só posso dizer para o mal da terra... yes they can't and I will can with you very soon.

Anónimo disse...

Rebelo não comentes falando de ti próprio ! Que ego...

Sebastião Barros disse...

Como poderá verificar pelo último texto inserido no blogue, à hora desse comentário que refere, havia por aqui mais que fazer. Ou também está convencido que as coisas aparecem feitas sem qualquer trabalho prévio?

Anónimo disse...

No caso concreto do seu percurso de vida, diria que sim, caro Rebelo...

Anónimo disse...

A PSP tomarense está ao serviço da câmara PSD após o fiasco dos parques de estacionamento. Informam os potenciais utentes de que no parque de estacionamento do pavilhão municipal a primeira meia-hora é gratuita. ERRADO! Basta ler a tabuleta das tarifas de estacionamento (em vez de autoarem por, basicamente, nada e que tal se falassem de direito sobre o assunto?) que por sua vez está mal colocada pois uma vez entrado com o veículo motorizado para uma leitura atenta é difícil fazer marcha atrás até porque pode ser uma infracção ao código da estrada! E lá vem o senhor PSP.
Uma questão/resposta? É permitido estacionar junto à entrada do parque de campismo? É permitido estacionar junto às piscinas Vasco Jacob? Não é mas a PSP tomarense mais uma vez mostra a sua incoerência, discricionaridade e excesso de zelo em matérias que nada afectam a circulação rodoviária. O que vale é que muitos podem pagar os autos pois têm mais fundo de maneio que os senhores agentes. Estes privilegiados que circulam no carros e motas públicas até têm estacionamento gratuito. Como pago muitos impostos aceito que se ajudem os mais necessitados (embora não se leia daqui que sejam agentes da PSP). Até era bom que se dessem aulas de civilidade, pedagogia e bom senso a estes senhores. NOVAS OPORTUNIDADES mesus senhores. Nunca leram sobre isso.
Tinha razão o Pedro Marques quando não queria dar lugares de estacionamento aos agentes PSP. Aliás era bom que em vez de se preocuparem com os autos aos estacionamentos, verificassem os carros sem seguro, sem IC ou sem inspecção, gente sem cinto e tipos a conduzirem ao telemóvel. E que tal cuidar do bando de marginais que circula na cidade? Isso é que é serviço público. Servilo público não é mestar ao serviço de partidos políticos para pagar benesses passadas e vidouras. E vai assim a PSP tomarense embora nem tudo seja mau mas quase tudo esteja mau. Como é que um agente da PSP vê um velho a sair de uma taberna a cambalear e deixa-o seguir a marcha num motociclo e não digo mais nada.

Anónimo disse...

Para anónimo das 22:47

Como vem sendo habitual, escreve-se sobre aquilo que se ignora totalmente e procura-se desviar as atenções, atraindo os eventuais leitores para a hipotética vida privada de quem escreve, em vez de se criticar/comentar o que escreve. Mas sem nunca ser explícito, que as alusões vagas passam melhor, não é verdade?
A sua atitude tem um nome, que por cortesia me abstenho de escrever, apesar de também poder usar o anonimato, como passo a demonstrar.