Voltei hoje ao Convento, como costumo fazer quase todos os dias úteis, desde que começou a empreitada agora em curso. É que a organização dos trabalhos me pareceu desde o início -a mim que sou leigo na matéria- algo caótica. Em vez de procederem por sectores, não senhor; começaram em todo o percurso, que continua impraticável, causando assim graves problemas aos turistas pedestres. Só me lembro de algo semelhante nas obras da rotunda, que deram água pela barba a moradores, transeuntes, empreiteiro e autarcas.
De forma algo surpreendente, resolveram agora incrementar o ritmo de trabalho na cofragem e armação de ferro do inaceitável muro de betão de quase cinco metros de altura, conforme se vê na foto, tirada a partir da entrada moderna do ex-Hospital Militar, implantada no século passado. Algo de inconcebível.
Julgo saber o que terá levado o subempreiteiro em questão a aumentar o ritmo de trabalho, de forma a poder encher a cofragem, erguendo assim a barreira de betão, esta noite ou amanhã. Por isso alertei quem me pareceu mais aconselhável, no sentido de evitar o facto consumado. Logo veremos se com sucesso.
De qualquer modo, só quarta-feira próxima, julgo eu, poderá haver uma solução definitiva e esclarecedora. Ou favorável aos vorazes adeptos do betão, ou beneficiando o património tomarense e todos aqueles que teimam em defendê-lo contra ventos e marés. Sobretudo contra as marés, como esta da ganância perante os fundos europeus, que leva pessoas geralmente sensatas, cultas e cordatas a embarcar em projectos que até no Casal Ventoso ou no Bairro de Aldoar eram bem capazes de destoar. Quanto mais agora rente ao Castelo dos Templários/Convento de Cristo, a nobre Casa da Ordem, Património da Humanidade desde 1983. Resta por conseguinte aguardar, acreditando que ainda há esperança. Digo eu, com boas razões para tanto.
Entrementes, está na Internet uma petição a favor da reabilitação do alambor involuntariamente destruído em parte. Está em http://www.peticaopublica.com/?pi=THOMAR 1 Não estive entre os seus iniciadores, mas já a subscrevi e recomendo a todos os leitores de Tomar a dianteira que também subscrevam e difundam, para que se saiba ser impossível destruir património de todos nós sem incorrer no opróbio geral.
Tenho bons motivos para pensar que, apesar das crescentes dificuldades, continua a haver muitos portugueses honrados, que não se vendem por um prato de lentilhas, uma suculenta gamela ou fins de mês sem angústia. Para algo de útil servem as infelicidades...
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