sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Obras de vento em popa!

As obras da Estrada do Convento lá prosseguem. De vento em popa, para usar uma expressão dos idos de 500, quando os marinheiros portugueses, numa empresa financiada pela Ordem de Cristo...Tão longe que isso já vai e como as coisas mudaram entretanto! Mas adiante. Perante o persistente silêncio da oposição que temos e o manifesto desinteresse da comunicação social (o que se compreende, porque uma pessoa suja os sapatos todos e já não há engraxadores em Tomar), agora fecharam a Calçada de S. Tiago, na intersecção com a estrada nacional (em cima, na foto). De forma que os turistas a pé, caso reparem na mini-sinalização, seguirão para a esquerda, correndo o risco de ser atropelados por algum carro vindo do parque de estacionamento, dado que a rua não tem passeios. Mas enfim, contrariando o habitual, há uma indicação. Pequena, mas há.
Chegados à Estrada do Convento (oficialmente Avenida do Dr. Vieira Guimarães, aquele do prédio da torre, ao fundo da Corredoura),  as coisas complicam-se singularmente para os visitantes. Se forem estrangeiros e não perceberem português escrito, tudo bem. Seguirão o seu caminho. O pior são os portugas e outros lusofalantes. À direita há uma mini-sinalização, com a indicação "Proibida a entrada a estranhos ao serviço" e na grade, semi-encoberta pela jovem, uma outra acrescenta "Excepto residentes"(que são muitos na Estrada do Convento, como é sabido). Dado que não são nem da obra, nem residentes, só resta aos infelizes turistas CPLP virar o rabo ao macho...e recomendar aos seus amigos uma visita urgente a Tomar, para beneficiarem deste acolhimento cinco estrelas.
Sendo estrangeiros ou tendo-se borrifado para as palermices tomarenses, os turistas terão continuado estrada acima, num piso não pavimentado. Chegados ao cruzamento com a Calçada de S. Tiago, o panorama é este: Passar, mas por onde?!
Como acontece em quase todas as obras, o empreiteiro aguarda que a câmara lhe forneça os elementos indispensáveis para resolver o problema do velho muro de suporte, em pedra não revestida. Por isso fecharam a calçada, para ver se assim...Mas tiveram azar, que o presidente aproveitou logo para ir de férias, e o vice... poderia tomar uma decisão se visse, mas não anda por estas paragens, para não sujar os sapatos.
Na multi-secular calçada, meteram umas máquinas pesadas e vá de abrir uma vala. Tomarenses alarmados vieram logo alertar-me, o que agradeço, tendo-lhes dito que possivelmente se tratava de instalar um colector de águas pluviais e os respectivos sumidouros, para evitar que futuramente a água das chuvadas mais fortes acabe na Praça da República. Afinal enganei-me, pelo menos por enquanto. Trata-se apenas de colocar a manga destinada aos fios eléctricos para alimentar os futuros candeeiros ao longo da calçada. Mas pode bem acontecer que voltem a abrir a vala para instalar o tal emissário de saneamento. Nesta terra  abençoada, nunca se sabe.
Mais acima, Aleluia! Ao cabo de quase quatro séculos, acabaram por alterar o aspecto deste troço da calçada. Para permitir a passagem das máquinas, tal era o estado de degradação. Agora resta saber se o "porta-lampião" do ângulo à esquerda, vestígio da antiga iluminação, será reparado e consolidado, ou continuará no estado lamentável em que se encontra. Aguardemos...
Um talude a necessitar de consolidação antes do próximo inverno...
E umas árvores nascidas quase a meio da calçada, que o multi-centenário abandono desta permitiu que atingissem o porte actual. E agora? Ficarão? Haverá coragem para as cortar?
E, já quase no Convento, esta obra-prima, que devia concorrer ao Nobel de arquitectura. Nada melhor que uma chicana moderna para evitar que os automobilistas ousem fazer a curva a alta velocidade. Conforme já aqui se escreveu, era muito mais fácil terraplanar o talude à esquerda e alargar a estrada, mas não era a mesma coisa. Ficava muito mais barato e as empresas de obras públicas precisam de ganhar a vida com bastante conforto. Caso contrário, depois não ajudam nas campanhas eleitorais, o que seria uma maçada.
Aqui temos outra maravilha arquitectónica. Nos terrenos doados à autarquia, durante a presidência do senhor Luís Bonet,  pela Sra. Dona Maria Luisa Madureira, de saudosa memória, está em construção este mini-estacionamento em concha, diz-se que para 20 automóveis. Pelo aspecto actual, até pode vir a suceder que lá não caibam tantos. Mas também não terá qualquer importância. Nestas e noutras obras tomarenses (Mouchão, Várzea Pequena, Caminho pedonal na Cerca, Casa do Guarda, Casas de Banho com recepção, Rotunda e respectivo muro-mijatório, Paredão do Flecheiro, ex-estádio...) o que importa são os lucros das empresas de obras públicas. Caso contrário, não podem pagar aos empregados nem ajudar alguns partidos e respectivos candidatos. É a vida!

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