terça-feira, 2 de agosto de 2011

Ocorrências anódinas...

A informação local noticiou a provisória substituição de Corvêlo (ido de férias), por Carrão (todo contente e inchado). Deu assim aso a duas séries de reacções, ambas tipicamente tomarenses. Uns, esperançados, cuidaram logo que era agora a subida ao poder do "carrãozismo", com a inevitável e imediata melhoria substancial da lamentável situação da urbe e do concelho. Outros, alarmaram-se. Um autarca que até já anda a distribuir lugares para 2015 (caso do mordomo da Festa dos Tabuleiros), não parece mesmo nada credível.
Com o devido respeito, creio que ambos os sectores se equivocaram. A transitória mudança de fachada é totalmente anódina e irrelevante, mesmo que Corvêlo já não volte a ocupar o lugar para o qual foi eleito pelos tomarenses.
A presente conjuntura autárquica nabantina é de tal forma grave que já não está em condições de melhorar, a menos que haja a coragem de provocar eleições antecipadas. Caso contrário, emendar aqui ou ali equivale a pôr pensos numa perna de pau em avançado estado de podridão. Com efeito, a origem das maleitas tomarenses não reside na crise nacional ou internacional, mas simplesmente em muitos anos de desgoverno, agora agravados por um executivo que visivelmente não sabe nem procura saber para onde vai. E trata-se de todo o executivo = PSD+PS+IpT, ligados de facto não pela vontade de servir ou por projectos comuns, mas apenas pela ganância, pelas gamelas e outras benesses. Se assim não fosse, já há meses que PS+IpT teriam provocado a renúncia dos eleitos PSD, bastando para isso votar contra o orçamento. Não o fizeram unicamente porque nele são também parte interessada. E de que maneira!
Dirão os mais cândidos que Outubro de 2013 é já ali adiante. Sendo verdade, convém contudo não esquecer que 27 meses é mesmo assim muito tempo. Demasiado até, para algumas tragédias. Exemplos: Convento de Santa Iria, Mercado, Elefante Branco da Levada, ParqT...ou, mais evidente para todos, a sangria dos cofres municipais, com despesas perdulárias, configurando casos de nítido esbanjamento.
Numa altura em que o governo é forçado a aumentar os transportes públicos, essenciais nos grandes centros urbanos, em mais de 20%, em média, a actual maioria coligada tomarense continua impávida a pagar à Rodoviária dois euros e meio por cada passageiro dos TUT, recebendo dele apenas um euro. O que dá contribuintes via CMT 60%, passageiro 40%. Estará certo, tratando-se de percursos que, na esmagadora maioria dos casos, se fossem feitos a pé só beneficiariam as pessoas? Até quando vai a autarquia dispor de recursos orçamentais para pagar o défice anual de 400 mil euros, com tendência para aumentar?
Outro tanto acontece com os dois parques de estacionamento, o do ex-estádio e o ex-ParqT. Numa autarquia com quase 600 funcionário, resolveram recorrer a empresas privadas de segurança, para manter os dois espaços em funcionamento permanente. São mais cerca de 400 mil euros anuais. No mínimo. Quanto recebe a autarquia dos utentes dos ditos parques?
Acresce que o Elefante Branco da Levada, uma vez concluído (se o chegar a ser!) vai custar coiro e cabelo em despesas de funcionamento, não constando que o executivo já tenha debatido tal problema. Tal como acontece de resto com a Estalagem de Santa Iria... ou com a ex-esquadra da PSP. Quanto paga a autarquia de renda mensal pelo "Edifício Escavação?" E quanto cobra de renda à Comunidade Municipal do Médio Tejo pela sua sede no Convento de S. Francisco?
Para onde quer que se olhe, o que parece é que os autarcas procuram duas coisas em simultâneo: durar e agradar aos eleitores, sobretudo ao rurais, provocando o mínimo de ondas. Seja! Mas nas próximas autárquicas, o que é que lhes vão dizer?

5 comentários:

Virgílio Lopes disse...

Olhe lá
Sr.Prof.Dr.Rebelo,

Será que o seu idolatrado Ministro é alheio a essa "marmelada" toda que descreve?

Eu só queria perceber como é que o presidente do órgão FISCALIZADOR municipal e mandante CONCELHIO e DISTRITAL do PSD durante os últimos 14 anos não é,para si,douto iluminado,o principal responsável político da desgraça e do pântano tomarense.

Anónimo disse...

Aprendi, já há décadas, que nunca se deve responder a provocações. Abro agora uma excepção, por se tratar de alguém que estimo e que visivelmente anda à procura do seu caminho, malogrado aquele que antes escolheu. Acontece aos melhores.
Respondendo ponto por ponto: 1 - ão é o meu ministro, mas o ministro do governo legal e legítimo do país, por conseguinte de todos nós, quer queiramos, quer não. 2 - Nunca idolatrei ou idolatro quem quer que seja, quanto mais agora ministros. Quem lê com alguma atenção o que escrevo decerto já entendeu que, pelo contrário, procuro ser um iconoclasta, que é como quem diz um destruidor de ídolos. 3 - O principal responsável pelo actual pântano tomarense é o eleitorado tomarense, que mesmo perante a desgraça continua a comportar-se como um pacato rebanho. 4 - Está por demonstrar que eu seja um "douto iluminado" ou, mais prosaicamente, um realista inconveniente, tanto para a maioria como para a triste e inoperante oposição que temos.

Virgílio Lopes disse...

Provocação???

Culpar os actores e os espectadores,branqueando as responsabilidades do encenador e director de actores é coisa bem diferente.

É uma contradição insanável que o agasta e o faz fugir ao cerne do meu anterior comentário.

Só por erro ou equívoco no alvo posso entender as referências a alguém que anda à procura do seu caminho.

O meu caminho,o meu fio condutor, está inalterado desde a minha juventude.

Sem tregiversar!

Anónimo disse...

Sempre temi os homens demasiado seguros das suas perspectivas. E ainda não mudei de opinião a tal respeito.
Agastar-me eu? E porque haveria eu de fugir, se achasse ser realmente esse o cerne da questão? Você é que parece ter dificuldade em entender e aceitar que as suas posições não passam disso mesmo -opiniões, que para os outros valem o que valem.

Virgílio Lopes disse...

O meu post das 00:28 faz uma pergunta e deixa um não entender.

Você não responde,objetivamente,nem a uma nem a outra.

Enleia-se em enredos e defende o Papa...

Surpreendente?

Não. Coerente.