quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Afirmações despropositadas do SEC

Tencionava comentar "O clamor do alambor", que Luís Ferreira publicou no seu blogue vamosporaqui.blogspot.com.  Acontece, porém, que entretanto o SEC visitou o Convento de Cristo e produziu declarações de tal modo despropositadas e mesmo infelizes (ver post anterior), que não consigo calar a minha indignação. Acresce que há uma evidente sintonia entre as posições do governante PSD e do autarca PS. A evidenciar uma prévia afinação pelo mesmo diapasão. Exigências da coligação, penso eu. Passo  assim a rebater as declarações do SEC Francisco José Viegas, tal como noticiadas pelo portal da Rádio Hertz.
1 - "Estou de visita a Tomar para conhecer o magnífico trabalho de restauro que está a ser feito no Convento." Não é verdade, ou não é toda a verdade, na melhor das hipóteses. O governante sabe muito bem porque veio tão lesto a Tomar. O respeito pela amizade força-me a não dizer mais por agora, esperando não ser constrangido a ir mais longe sobre o assunto.
2 - "Houve de facto a descoberta de um fragmento do alambor." Também não corresponde à realidade. Só pode haver descoberta de algo desconhecido e o troço do alambor agora posto à vista sempre foi do conhecimento dos que realmente conhecem o monumento, sem todavia andarem a apregoar a sua autoproclamada qualidade de "especialistas". De especialistas desses está o país infelizmente bem fornecido.
3 - "Desta forma, o cenário de qualquer tipo de crime contra o património é para afastar, ou melhor: nem se pode colocar." E porquê?  Doravante deve considerar-se que destruir cerca de 25 metros quadrados de um alambor templário do século XII é uma boa acção? Como qualquer cidadão, um governante tem liberdade de opinião, mas os factos são sagrados. Ou já deixaram de ser, com a mudança de governo?
4 - "Aconteceu esta importante descoberta. Agora há que classificar, há que inventariar, há que recuperar..." O em princípio ilustre visitante terá pensado estar a falar com criancinhas? Ou com labregos? Não se trata de entreter o povoléu  com a usual burocracia de faz de conta. Simplesmente de respeitar uma herança comum com mais de oito séculos, nunca procurando adulterá-la com muros de betão, como se está a fazer, à vista de todos e, ao que agora se constata, com o beneplácito do SEC.
5 - "Manifesto a minha confiança pela forma como têm decorrido os trabalhos e não tenho que duvidar das qualidades e das intenções dos técnicos do IGESPAR, que irão esclarecer este processo, nem das partes envolvidas. Ninguém está a esconder o que seja."
Óptimo! Assim, na devida altura, se for caso disso, já se saberá quem é o responsável máximo. Por agora, o que se continua a estranhar é que os"técnicos do IGESPAR irão esclarecer este processo", mas entretanto a directora do Convento foi proibida de prestar declarações sobre o assunto, segundo as suas próprias palavras. Sendo a senhora arqueóloga profissional e não havendo nada a esconder, segundo o SEC, porquê e para quê tal proibição?
Conclusão provisória muito franca: Se é só para fazer declarações infelizes e despropositadas sobre assuntos que preocupam os tomarenses e os portugueses defensores do património, na minha humilde opinião de bom pagador de impostos, não adianta que venham cá mais governantes. De blábláblá inconsistente estamos todos fartos. Ou não?

3 comentários:

Sigillum disse...

Prezado Amigo,

Fará o favor de remeter para o seu artigo anterior, o mesmo comentário a este seu presente artigo.

Tem toda a razão na sua indignação, que é a de todos nós.
Olvidam eles, e parece que é moléstia em todos os lugares do aparelho estatal, que são funcionários públicos.
Todos eles.
A entidade empregadora desses srs., são os cidadãos contribuintes portugueses.
Por tal, mais respeito e "caldos de galinha", não lhes fazia mal nenhum.

Saudações Prezado Amigo

Sigillum disse...

Estimado Amigo,

Um acrescento:
a quem julgam que estão a enganar?
Neste momento atingimos as 400 assinaturas, em menos de 72h, 3 dias ...
O mundo inteiro vai falar deste crime de lesa património histórico imemorial, português sim, mas também da Humanidade.

Saudações Prezado Amigo

jflores disse...

O mau era o Salazar. Não se podia falar. Agora não deixam a directora falar, qual é a diferença?