domingo, 7 de agosto de 2011

ÊXITO E EXEMPLO EM TERRA DE SANTA MARIA

Termina esta noite a 15ª edição da "Viagem Medieval em Terra de Santa Maria", evento que animou Santa Maria da Feira durante toda esta semana, tendo recebido cerca de 50 mil visitantes por dia. Organizada com grande profissionalismo pela empresa municipal "Feira Viva", dirigida por Paulo Sérgio Pais, as 14 edições anteriores, noutros tantos anos, foram financiadas pelo Município local. Este ano porém, tendo em conta a crise e os sucessivos cortes governamentais nas verbas destinadas às autarquias, a organização ousou reformular o seu modelo, no que concerne aos recursos disponíveis e aos objectivos, disso dando conta à população do concelho e ao público em geral.
Informou em tempo oportuno que nesta edição, pela primeira vez, cada entrada custaria dois euros, permitindo aceder ao recinto da feira durante toda a sua duração, graças a uma pulseira inviolável, funcionando como bilhete. Acrescentou que, caso o produto das entradas e outras receitas (terrados, percentagens, publicidade, bilhetes para espectáculos no interior), não permitisse cobrir os custos, o evento deixaria de ser realizado.
Ontem à noite era já grande a satisfação na sede da organização, pois já tinham vendido um total de 185 mil pulseiras, além dos habituais bilhetes para os espectáculos no interior do recinto (torneios medievais, bruxaria, teatro, música...). Temos assim que, quando as entidades organizadoras definem claramente os seus objectivos, agem com profissionalismo e as manifestações têm qualidade, o público ocorre em massa, apesar da crise. Outro tanto tem acontecido nas várias iniciativas levadas a efeito por uma empresa municipal em Óbidos, igualmente com grande competência, audácia e imaginação criadora. Trata-se por conseguinte de êxitos que se saudam, por serem igualmente exemplos a seguir. Nomeadamente por aqueles concelhos cujos municípios já nem ganham para se alimentar, mas insistem em subsidiar actividades perfeitamente reformáveis, ou mesmo dispensáveis, quanto mais não seja por uma questão de respeito por todos aqueles que alimentam o fisco.
Subsidiar uma festa que pela sua beleza e fama poderia grangear cerca de meio milhão de euros anualmente, mas que em nome da tradição custa aos cofres públicos cerca de 200 mil euros de quatro em quatro anos, é um daqueles erros que a história se encarregará de classificar. Até porque  os recursos da referida autarquia são nesta altura tão abundantes que decidiu pagar o usual subsídio de 100 mil euros em cinco prestações de 20 mil. Seria de gargalhada, se não fora mais para chorar. Imagine-se o leitor indo a um espectáculo com um bilhete comprado a crédito...ou em duas prestações. Ao que chegámos! Falo, naturalmente, da Câmara de Tomar, que apesar deste e doutros percalços, parece estar para lavar e durar.

Sem comentários: