sábado, 20 de agosto de 2011

LINGUAGEM DUPLA

Foto Rádio Hertz

Chega a ser irritante. O fenómeno é universal. Os ingleses dizem "double talk" e os franceses "langue de bois". Mas aqui pelas bandas do Nabão parece-me tudo demasiado óbvio. Como quem está convencido de que os eleitores são todos demasiado pacóvios para perceberem determinados assuntos.
Luís Ferreira e Pedro Marques, conhecidos e bem rodados políticos locais, responderam publicamente a temas antes difundidos aqui em Tomar a dianteira. O vereador do PS fê-lo no seu blogue vamosporaqui e em comentário que aqui se publicou com todos o gosto, como é normal. Quanto ao ex-presidente da câmara eleito nas listas do PS, preferiu o site da Rádio Hertz. Em ambos os casos é o leitor atento confrontado com a multi-centenária sentença católica "Que bem fala Frei Tomaz; façam o que ele diz; não olhem para o que faz".
O mentor do PS local, visivelmente incomodado com a actuação dos seus parceiros de coligação, não perde uma ocasião para os arrastar no lamaçal, ao mesmo tempo que aproveita para realçar as excelsas qualidades dos eleitos rosas. Desta vez temos direito à acção que em tempos terá sido desenvolvida pelos socialistas locais em prol do transporte ferroviário na zona. Segundo Luís Ferreira, na altura adjunto do governador civil e deputado municipal em Tomar, terá sido bem esforçada, culminando até num encontro de duas horas com o responsável máximo da CP. Tudo somado e mais de dois anos passados, onde estão os resultados? Estamos como nos clubes de futebol portugueses, onde quase sempre "para a próxima é que é"?
Seja como for, incomoda ouvir e/ou ler as catilinárias dos socialistas nabantinos sobre aqueles com quem voluntariamente se amancebaram, ao mesmo tempo que para não perderem as gamelas vão votando favoravelmente as piores heresias. Quando muito -oh ousadia, das ousadias!- lá se abstêm de quando em vez, para que os IpT possam brilhar, como sucedeu no caso ParqT, de que todos estamos recordados.
Outro tanto acontece com os seguidores de Pedro Marques, que apesar de não estar "de papel assinado" com o PSD, continua a usar e abusar da linguagem dupla. Uma após outra, as suas declarações públicas ou de voto, que são muitas e conhecidas, criticam os laranjas, avisam os laranjas, condenam os laranjas, mas apesar disso nunca votam contra os laranjas, como em coerência deviam fazer. Porquê? Simplesmente porque o líder dos IpT sabe muito bem quem lhe financiou a campanha eleitoral (cujas contas continuam a aguardar publicação) e com que fim: roubar eleitorado ao PS, facilitando assim a vitória tangencial da força incumbente por interpostas pessoas.
Desta vez, a acusação de Pedro Marques é grave de mais (ver site da Rádio Hertz). Implicitamente deixa perceber que a relativa maioria PSD + rosas está a arrastar o concelho para o "esquema Madoff/Dona Branca", rumo à declaração de insolvência a curto/médio prazo. Mas se assim é -e tudo aponta nesse sentido- porque será que os IpT nunca votaram ou votam contra? Para ajudar à desgraça? Ou para não contrariar os patrões ocultos, que dentro de dois anos há mais campanha eleitoral?

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