terça-feira, 9 de agosto de 2011

Sem o conúbio PSD/PS, como vai ser?

Numa das suas boas "saídas", Luís Ferreira interroga, em vamosporaqui.blogspot.com, "Sem crocodilo no Castelo de Bode, como vai ser?" Cá por mim, a pergunta útil e oportuna é outra: Sem conúbio PSD/PS, como vai ser? Isto porque o divórcio me parece inevitável e urgente. Mas convém aguardar pelo fim das férias grandese o aprofundar das latentes hostilidades no seio do casal de conveniência.
Certamente movido pela mesma causa -o evidente e acelerado declínio da cidade e do concelho- um amigo desafiou-me para integrar o grupo fundador de um novo semanário local e regional. Julgo não haver condições mínimas para a continuação da estranha coligação ou para o aparecimento de um novo jornal tomarense. 
A mancebia laranja/rosa, que já dura há quase dois anos, deve estar a chegar ao fim porque o principal objectivo da dita, que era a partilha do espólio, foi conseguido mas é cada vez mais problemático. "Casa onde não há pão, todos ralham, ninguém tem razão". É evidente que aproximando-se 2013, os socialistas tudo venham a fazer em tempo oportuno para não surgirem perante os eleitores como os coveiros do concelho. Da mesma forma que os laranjas, agora bem amparados em Lisboa, estão fartos de desconsiderações e receptivos a conversas esparsas com o líder dos IpT, cuja candidatura de resto apoiaram discreta mas eficazmente. Se não ganharam nem ficaram em segundo lugar, a culpa não terá sido da falta de recursos fortemente alaranjados de usuais jogadores multi-tabuleiros, porque nunca se sabe.
Sobre a hipótese de um novo jornal local, parece-me compreensível que nisso se fale, pois é óbvio que a imprensa local não atravessa um dos seus melhores momentos. Vendas a diminuir, publicidade idem, assinantes que não pagam, eis outras tantas razões para a manifesta pobreza da imprensa tomarense, também fortemente açaimada pelos anunciantes que lhe restam, sobretudo os institucionais, que não gostam mesmo nada da liberdade de informar e ser informado, embora proclamem o contrário aos quatro ventos, quando tal lhes convém. Escrito isto, é minha opinião não existirem condições mínimas para avançar, mesmo abstraindo as tradicionais carências locais, agora singularmente agravadas com a crise, cuja fase mais aguda ainda está para vir.
É sabido que tanto homens como instituições passam inexoravelmente por quatro fases: nascem, crescem, definham e morrem. Desde pelo menos os sumérios, há mais de 7 mil anos, que dos grandes impérios ao mais insignificante dos humanos, nada nem ninguém tem escapado a tal trilho. Tomar está agora na última fase. Vai morrendo aos poucos. E nem sequer se vislumbram sinais de que estejamos perante um daqueles casos descritos por Schumpeter de destruição criadora. Habitantes, (sobretudo os mais jovens), postos de trabalho, empresas, outras instituições, vão desaparecendo, seja por morte ou por mudança de ares, mas em sua substituição nada nem ninguém aparece. E os tomarenses parecem continuar esperançados na vinda de um salvador para nos resgatar a todos desta "apagada e vil tristeza" que já Camões lamentava. E há quem queira fundar um novo jornal? Não me façam rir à custa de coisas tristes, para não ser depois acusado de sadismo. Já basta o que basta!

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