sexta-feira, 19 de agosto de 2011

ASSIM, NUNCA MAIS LÁ VAMOS!

Jornal I, 19/08/2011, última página

A imprensa de difusão nacional deu algum relevo às declarações do presidente da câmara de Esposende, um dos campeões da poupança na Região Norte, a que se refere Jaime Antunes no seu Bilhete Postal acima reproduzido. Sabedor de que os senhores funcionários locais, mesmo e sobretudo os dos mais altos escalões, se consideram por direito próprio acima de qualquer crítica ou suspeita, fui procurar a fonte citada pelos jornais -um estudo de mais de mil páginas, difundido pela CCDR NORTE. Nele escolhi aleatoriamente dez municípios, além do antes mencionado. Posteriormente, recorri aos resultados oficiais das autárquicas 2009, após o que elaborei a modesta tabela acima, que deve ser lida assim: 1ª coluna: município, 2ª coluna: partido que governa, 3ª coluna: total de eleitores inscritos, 4ª coluna: total de funcionários da autarquia, 5ª coluna: cociente da divisão do total de eleitores inscritos, pelo total de funcionários, que nos dá um funcionário municipal para  X eleitores inscritos, ou um funcionário municipal em cada X eleitores inscritos. Os diferentes concelhos estão por ordem decrescente da sua capacidade de poupança.
Como era previsível, a autarquia nabantina, um autêntico asilo de desvalidos da sorte, aparece destacada em último lugar, o que significa que tem um evidente excesso de funcionários, sobretudo naquelas categorias que menos falta fazem. Daqui resultam duas situações convergentes, ambas nefastas para a recuperação e posterior desenvolvimento concelhio. Por um lado, havendo um excedente de funcionários, aumentam os gastos com vencimentos, prestações sociais obrigatórias, consumíveis e instalações, o que obriga a empolar as contribuições compulsivas dos cidadãos, de modo a garantir o normal funcionamento da pesada máquina autárquica. Por outro lado, como é bem sabido, quanto mais funcionários, mais burocracia redundante, pois todos pretendem "meter a colher", o que alonga desnecessariamente o circuito administrativo.
De tudo isto se alimenta a doença tomarense, que a um ritmo cada vez mais sustentado nos vai arrastando para a miséria, perante a aparente indiferença colaborante dos eleitores. Fartos dos elevados custos e da cada vez mais fraca qualidade de vida local, os tomarenses jovens e que podem vão votando com os pés, fixando-se em concelhos limítrofes mais acolhedores.
Em 1960 éramos 44.161 habitantes, em 1981 45.672, mas em 2008 já só restavam 41.951. E a desgraça continua a agravar-se.  Assim, nunca mais lá vamos!

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