Copiado do diário JN
No rascunho incluindo no post "Grandes temas da actualidade local e regional" constata-se que Tomar, cidade que no século passado disputava a liderança distrital a Santarém, meio século mais tarde está na cauda da região, a par com vilas como Constância ou Entroncamento, no que concerne a empresas industriais. Pior do que nós só Alpiarça, Chamusca, Barquinha ou Sardoal. É o que se pode chamar uma queda vertiginosa. Que ainda prossegue.
No escrito anterior, "Aselhices...", apontam-se algumas causas da nossa acelerada decadência: facilitismo, desmazelo, incompetência, autismo, basófia. Tudo num clima de paz cívica, como se fosse a coisa mais natural deste mundo a cada vez mais grave crise especificamente tomarense. Acrescenta-se agora outro exemplo, o qual permite comparar com o acontecido em Tomar, num assunto muito semelhante.
Trata-se do edital de alienação da "Casa da Igreja", presentemente propriedade do Município trasmontano de Mondim de Basto. Excelente na sua redacção, enquanto documento administrativo, revela igualmente três aspectos fundamentais: Transparência total e disponibilidade para informar; Clareza de intenções e atendimento em balcão único; Reconhecimento da total liberdade de iniciativa dos potenciais investidores. Este último aspecto é particularmente importante no contexto actual, como se sabe pouco ou nada propício a iniciativas arriscadas com capitais próprios. Atenta a isso, a autarquia trasmontana propõe duas opções em alternativa: ou compra definitiva, ou direito de superfície por 50 anos. E vai até mais longe, ao especificar que "o único destino a dar aos imóveis é afectação a uma actividade comercial que promova a economia e o turismo local". Estamos assim muito longe do modelo inicial tomarense, que pretendia para o ex-Convento de Santa Iria milhão e meio de euros à cabeça, com a obrigatoriedade de requalificar tudo aquilo, de forma a obter-se um hotel de charme, de pelo menos quatro estrelas e 60 quartos.
Totalmente irrealista, a proposta acabou por se transformar em direito de superfície sem qualquer pagamento à cabeça, mantendo contudo as restantes exigências. Inesperadamente, um ex-autarca e empresário tomarense, em seu nome e como representante de investidores estrangeiros, iniciou conversações de carácter técnico com quadros superiores do município, tendo acabado por concluir que afinal o pretendido (hotel, 4 estrelas, 60 quartos), nem sequer é possível, tendo em conta o normativo hoteleiro internacional e a existência do Arco de Santa Iria, que o executivo não consente que seja alterado. E lá se vai por água abaixo uma das grandes bandeiras dos anteriores e do actual executivo.
Mondim de Basto é uma vila pertencente ao distrito de Vila Real. Tem um executivo de 5 membros (2PS, 2CDS, 1 PSD) e apenas 8.846 eleitores inscritos, contra 38.500 em Tomar. Mas pensando bem na trapalhada do ex-Convento de Santa Iria, ou por exemplo na do ParqT, fica-se com a impressão de que a cidade é lá em cima e a vila aqui no Vale do Nabão, apesar da diferença no total de eleitores inscritos. Entre outras coisas porque os nortenhos têm o hábito saudável de escrutinar a vida política, enquanto que os nabantinos é como se já estivessem mortos. Salvo quando há algum desafio de futebol importante, ou uns passeios à custa do orçamento... porque é extremamente fácil ser generoso com o dinheiro dos outros.
E depois ainda aparecem uns maduros com a distinta lata de acusarem de "bota abaixo" quem pelo contrário procura denunciar mazelas apenas com o intuito de que possam ser ultrapassadas quanto antes. Sãos os óculos partidários em acção...
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