Toda a comunicação social local difundiu o material informativo enviado pela autarquia, do qual constava com grande relevo que "Já se pode ir ao Convento pela Mata dos Sete Montes". Sendo verdadeira, tal afirmação engana os leitores com a verdade. Sempre foi possível transitar entre a cidade e o Convento e vice-versa, desde que a velha Cerca Conventual foi comprada pelo Estado, em hasta pública, nos anos 30 do século passado. Havia um funcionário para abrir o portão "de Lagar" e outro para abrir o da Torre da Condessa, bastando para isso, em ambos os casos tocar a sineta, entretanto roubada.
Só depois do 25 de Abril é que o pessoal da Mata foi reduzido drasticamente, de 16 para um funcionário, enquanto o do IGESPAR/Convento de Cristo passou de 5 para 37. Coisas. A partir de então, deixou de haver que abrisse o Portão do Lagar, sendo o da Torre da Condessa aberto só mediante pedido prévio no Convento.
Foi esta a situação que encontrou António Paiva, que o levou a organizar com pompa e circunstância um percurso pela Mata, com acesso ao Convento pela Porta do Sangue. Vieram as obras, numa parceria Mata/Autarquia/IGESPAR e vai-se a ver o acesso passou a ser pela Torre da Condessa, que apesar disso nunca voltou a abrir. Finalmente, alvo de fortes críticas devido às mal planeadas obras que cortaram os acessos tradicionais ao Convento, tanto para peões como para veículos, a autarquia lá acabou por conseguir, passados meses, que se reabrisse o Portão do Lagar, tendo então difundido a informação acima referida.
Sempre muito interessado em tudo o que possa contribuir para melhorar o quotidiano desta terra que me viu nascer e que adoro, fui refazer o percurso Cidade/Convento pela Mata. Eis as minhas observações, cujo único intuito é fornecer elementos par a melhoria do que já foi feito.
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Ultrapassada a primeira indicação, ainda no exterior da Mata e já publicada em texto anterior, o turista depara-se com este cenário: Em frente? Para a esquerda? Para a direita? |
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Com algum esforço, lá consegue lobrigar ao fundo um pequeno painel, que embora com fundo azul, quando devia ser castanho, de acordo com as convenções subscritas por Portugal, pode ser que seja útil... |
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E é mesmo útil, embora o seu aspecto indique que não vai durar muito mais tempo... |
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Alguns metros percorridos, nova indicação, desta vez pregada numa árvore... |
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Oitenta metros mais acima, o muro do século XIX, onde devia ter sido reaberto o antigo caminho para a Porta da Almedina, a entrada principal de Tomar até ao século XV... |
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Aqui vemos o acesso pelas escadas da Torre da Condessa, que acabou por ser preferido, por falta de coragem para restabelecer o trânsito de peões pela Porta da Almedina. O portão que permite a passagem para o laranjal (antiga almedina) e o Convento, continua fechado. |
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Procurando com muita atenção, o turista lá acabará por ver uma pequena indicação, desta vez pregada numa nespereira. |
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Sempre a subir, aparece-nos à direita uma oliveira multicentenária, com outra indicação pregada. Vá-se lá saber porquê esta parte do percurso não foi abrangida pelas recentes e onerosas obras |
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Finalmente o Portão do Lagar e o almejado Convento de Cristo. Erro! Para alcançar a entrada do monumento ainda faltam uns bons 500 metros e mais algumas indicações que é preciso ir descobrindo. Umas mais pequenas, outras maiores, em madeira, em papel ou em metal, o melhor mesmo é ir lá ver, para ficar a perceber porque é que os visitantes se vão embora com evidente alívio, prometendo não mais voltar.
Mata dos 7 Montes, o acesso natural ao Convento de Cristo? Antes mais uma oportunidade perdida, pois tudo aquilo é pindérico, cheira a improviso, a desenrasca e a trabalho feito a despachar, do tipo "para o que é, bacalhau basta". É pena. |
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