sábado, 27 de agosto de 2011

UMA POLÍTICA MUNICIPAL SUICIDA

Le Monde, 24/08/2011, página 14
Le Monde, 25/08/2011, página 15

No sentido de situar cada leitor no Mundo e no momento que se está a viver, por vezes sem disso termos consciência, impõe-se uma breve abordagem a três níveis: Europa, Portugal, Tomar. No que concerne ao nosso continente, onde desembarcámos tão tarde, a primeira ilustração quase dispensa comentários. Refere-se ao sistema de ensino francês, mas também ficaria bem em relação a Portugal.
Quanto às declarações reproduzidas na outra ilustração, são do economista alemão Henrik Enderlein, 36 anos, professor catedrático na Hertie School of  Governance, de Berlim, conselheiro do Partido Social Democrata alemão. Respondendo a uma pergunta sobre as vantagens das obrigações europeias (os chamados eurobonds), afirmou que: "Constituem uma solução eficaz  para resolver os nossos problemas. A Grécia, sem dúvida Portugal e talvez a Irlanda encontram-se já em bancarrota soberana. Não vamos conseguir resolver os problemas deles unicamente com planos de austeridade, pois isso provocaria uma recessão que acabaria por afectar a Espanha, a Itália e se calhar até a França e a Alemanha. Obrigar esses países a abandonar o euro é politicamente e economicamente irrealista.
Para reduzir a dívida soberana desses estados, sem colocar demasiado em perigo os bancos, proponho a troca de duas obrigações do tesouro gregas por uma europeia. Os detentores de dívida grega perderiam assim 50% do seu investimento, mas receberiam em troca títulos muito sólidos. Para evitar o contágio, poder-se-ia propor aos detentores de dívida dos outros países europeus a sua troca por eurobonds, com taxas diferentes da taxa grega."
A nível nacional não são necessárias ilustrações. Todos sabemos bem que o governo está obrigado pela troika a cortar quanto puder, onde puder e logo que puder. E o empenho dos governantes nessa tarefa é tanto que, pelo menos alguns, até aceitaram perder dinheiro, só para cumprir as suas obrigações de cidadania. É nomeadamente o caso dos ministros da saúde, da economia e das finanças. Por outro lado, são cada vez mais os presidentes da câmara, a começar pelo presidente da Associação Nacional de Municípios, que se queixam de estar em situação de ruptura financeira.
Enquanto isto, como se vivessem no célebre oásis em tempos anunciado, os autarcas tomarenses insistem pesadamente na sua política suicida. Parecem aqueles viciados dos casinos, que já com os bolsos vazios resolvem apostar tudo o que lhes resta numa última jogada, com o conhecido argumento-tipo "Que se lixe! Perdido por cem, perdido por mil!"
Já atascados em dívidas, insistem em obras cuja utilidade e urgência só eles vêem, como por exemplo as da sede do turismo municipal, do caminho pedonal da Mata + casa do guarda, ou da envolvente ao Convento, que não vai resolver nada. Pelo contrário, como a seu tempo se verá.
Claro que uma vez feitas, as asneiras têm de ser pagas. E como os cofres municipais há muito que estão exaustos, embora se tente fazer crer o contrário, há que solicitar mais empréstimos, aumentando a dívida global, já na casa dos 50 milhões de euros (10 milhões de contos). Na reunião do passado dia 4 de Agosto, o executivo aprovou por unanimidade dos presentes (Corvêlo e Vitorino estavam de férias) mais três empréstimos, cujo montante, se calhar à cautela, nem foi comunicado aos órgãos de informação locais. Soma 2 milhões, 15 mil, 460 euros + as respectivas alcavalas, caso os bancos vão na conversa. Grosso modo é mais um encargo de 400 mil contos = 10 contos por cada habitante do concelho. Ah valentes! Sejamos grandes! Pelo menos nas dívidas, já que no resto...
Uma vez que com os tomarenses não se pode contar, salvo muito improvável surpresa, quem nos acode?

1 comentário:

Virgílio Lopes disse...

E quando começou este descalabro?

E quem são os responsáveis?

Mas com os nomes nos "bois"!

É que não foi só o Constâncio a ver a incompetência e a cumplicidade premiadas...

Há outros,aqui bem perto!

E há quem queira branquear o seu passado e presente.

Por isso,do alto da Encosta das Maias,lanço um repto ao Dr. António Rebelo :

Analise-se a evolução da dívida desde a aprovação da 1ª Lei das Finanças Locais até hoje.

Por baixo do valor apurado em 31 de Dezembro de cada ano, ponha-se o nome do Presidente da Câmara e do Presidente da Assembleia Municipal,principais responsáveis políticos e administrativos pela gestão municipal.

Vale?