Como mostra este título, numa entrevista hoje publicada no jornal PÚBLICO, Macário Correia, ex-membro do governo e ex-presidente da câmara de Tavira, agora a presidir à de Faro, não foi propriamente meigo nem tímido. Afirmou que "Os bancos estarão a concertar-se para pressionarem o governo, o ministro das finanças e a troika para construírem um pacote de financiamento das autarquias que estão a ser estranguladas. Ou o governo toma decisões nos próximos dias, ou podemos ter municípios em estrangulamento total. Há câmaras que estão a pagar os vencimentos do pessoal com as receitas da água, que deveriam pagar ao fornecedor em alta."
Mostrando-se satisfeito com o facto de ter conseguido reduzir em duas centenas o total dos funcionários da autarquia, sem despedir ninguém, limitando-se a não renovar contratos e a não substituir os contratados em fim de prazo, Macário foi contundente: "Cometeram-se muitos erros, ao criarem dívida quando as receias estavam a crescer, o que não é um acto de boa gestão. ... ... [Em Faro] precisamos de 48 milhões para assegurar a facturação vencida e outras urgências. Neste momento tenho a sensação de que a banca não chega a metade das nossas necessidades. Há três meses que ando em negociações quase diárias, ao mais alto nível bancário. ... ... Tem de haver melhoria no gasto do dinheiro público. O Turismo de Portugal gasta muito dinheiro e tem dirigentes muito bem pagos. Era bom que os contribuintes soubessem quanto. O programa Allgarve é uma ofensa à cultura algarvia..."
Entretanto, Tomar continua com quase 600 funcionários, 19 divisões, 5 vereadores a tempo inteiro e pelo menos um projecto faraónico -o futuro Elefante Branco da Levada. Tudo isto apesar de uma dívida global que já ultrapassa os 45 milhões de euros e num clima de perfeita calma olímpica. Vai tudo bem? Há dinheiro para tudo? Os bancos continuam a ser uns mãos largas em relação à autarquia? Os fornecedores continuam a ser os andantes do costume?
Era bom era! Mas tudo indica que o choque será rude e não vai tardar...
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