Siena, Património da Humanidade, 60 mil habitantes. Largo do Campo, onde tem lugar o Pálio duas vezes por ano. Sem trânsito, mas com cargas e descargas antes da 9 da manhã.Onze restaurantes, com esplanadas exteriores.
Uma rua do centro histórico de Florença, Património da Humanidade, 380 mil habitantes. Naturalmente sem carros na maior parte do casco histórico. Mas com milhares de motoretas.
Verona, Património da Humanidade, 110 mil habitantes. A terra onde supostamente Romeu e Julieta... Naturalmente sem automóveis em toda a movimentada parte antiga.
Até agora com uma campanha simpática, arejada, com ideias corajosas e provavelmente eficazes, a candidatura do CDS, liderada por Ivo Santos, acaba de tropeçar por duas vezes. E de que maneira! Em declarações à Rádio Hertz, o cabeça de lista dos populares afirmou que, caso vença as eleições, reabrirá a Corredoura ao trânsito, com algumas restrições. Mais adiante, disse igualmente que a dívida da autarquia é neste momento de 10 milhões de euros.
Até agora com uma campanha simpática, arejada, com ideias corajosas e provavelmente eficazes, a candidatura do CDS, liderada por Ivo Santos, acaba de tropeçar por duas vezes. E de que maneira! Em declarações à Rádio Hertz, o cabeça de lista dos populares afirmou que, caso vença as eleições, reabrirá a Corredoura ao trânsito, com algumas restrições. Mais adiante, disse igualmente que a dívida da autarquia é neste momento de 10 milhões de euros.
Quanto ao eventual regresso do trânsito automóvel à Corredoura, trata-se, na nossa opinião, de uma tacanha, inútil e totalmente desadequada tentativa de regresso ao passado. Com se tal coisa fosse desejável, ou sequer possível. Como mostram as ilustrações acima, a tendência é, por todo o lado, a proibição de automóveis nos núcleos históricos, mesmo em cidades muito maiores que Tomar. No nosso país, basta pensar em Óbidos ou em Évora, que desde há muito interditaram ao trânsito automóvel todo o aglomerado urbano situado no interior das muralhas. E não consta que estejam arrependidos.
Aqui em Tomar, cidadãos-comerciantes manifestamente de compreensão lenta, (como de resto sucede com a maior parte dos tomarenses, que quando chegam a perceber qualquer coisa já outros encontraram a solução há muito), nem sequer se dão conta de que, apesar de a sua rua continuar aberta ao trânsito, os comerciantes da Rua Direita também estão em crise. Em vez de cuidarem de encontrar soluções pelo lado do atendimento, qualidade, quantidade, variedade, originalidade e preços, insistem em culpar a autarquia por ter fechado a rua ao trânsito automóvel. É realmente muito mais fácil, mas pouco ou nada democrático. Porque afinal, quantos são os comerciantes da Corredoura? Quantos empregos asseguram de facto? Quanto pagavam anualmente de IRC antes do fecho da rua? E quanto pagam agora? O tempo do "rebéubéu" já lá vai. Agora os problemas discutem-se com factos, números, quadros e o mínimo possível de opiniões, fundamentadas ou não. Habituem-se, diria o comentador Vitorino. O da RTP.
Parece-nos, portanto, de todo insustentável a posição de Ivo Santos, quando numa atitude claramente populista pretende agradar a comerciantes entranhadamente retrógrados porque alérgicos ao futuro.
Sobre a dívida camarária, a menos que tenha havido confusão entre dívida total e dívida de longo prazo, ou dívida exclusivamente bancária (a economia é uma coisa assaz complicada...), o trambolhão do candidato foi de grande amplitude. Falou de 10 milhões de euros, quando fontes fidedignas nos garantem que rondará os 45 milhões, tudo incluído, com tendência para mais. A ser assim, teremos encargos superiores aos da câmara de Faro (cerca de 30 milhões de euros), capital de distrito, com mais população e actividades que Tomar e situada numa região com muito mais perspectivas futuras. Isto está bonito, está! Continuem a aguardar que apareça alguém para nos resolver os nossos problemas, e depois queixem-se, que vos há-de valer um bocado!
2 comentários:
Meu Caro António Rebelo
Agradeço a atenção que tem dado às propostas da candidatura do CDS/PP.
Tenho pena de nunca nos ter honrado com a Vossa presença em qualquer apresentação, conferência de imprensa ou momento de campanha por nós promovidos. E já foram alguns, diga-se.
Também observamos que este seu espaço de reflexão é livre e não o obriga a si nem a ser isento, muito menos a estar presente onde não lhe apetece estar.
Agora vamos ao comentário aos seus comntários:
Quanto à questão da Margem para endividamento líquido da CMT (com referência a 30 de Junho de 2009): 8.700.000 €
a) Embora a CMT tenha esta margem legal para aumentar o seu nível de endividamento, financeiramente não há capacidade para endividamento extra, já que não vai ter dinheiro para pagar as amortizações de empréstimos aos bancos. Dois exemplos para esta incapacidade:
Ex.: Em final de 2008 a CMT registou uma dívida a terceiros, referentes a compromissos assumidos por pagar no montante de 10.500.000 € (ver Mapa 1 do Resumo de Execução Orçamental, colunas "Compromissos por pagar" de 2007a 2009)
1.2. Subida da rúbrica de orçamento relativa a Impostos Indirectos - Loteamentos e Obras (ver linha 21 do Mapa 2)
a) Esta rúbrica do orçamento - receita está deliberadamente empolada para permitir à CMT cobrar mais pelas taxas e licenças de obra que emite anualmente. Um dos parâmetros da fórmula de cálculo do valor a cobrar pela CMT pelos loteamentos e licenças de obras está indexado a esta rúbrica do orçamento. Pelo que quanto mais alto o valor desta rúbrica, mais pode a CMT cobrar pelas emissões de licenças. Em 2008 a taxa de execução desta rúbrica foi de 7% e em 2009 será cerca de 4%, a manter-se o ritmo actual de cobrança destas licenças, o que demonstra o ridículo valor apresentado em orçamento, apenas para permitir cobrar mais!
b) Esta ilusão de aumento de receita por parte da CMT, leva a que no primeiro semestre de 2008 se tenha cobrado menos 43% destas taxas que em 2007, e em 2009 menos 80% que em 2007! Para além de não aumentar a receita, ainda vê esta cair drasticamente em apenas dois anos.
d) O serviço da dívida anual representou 10% em 2007, 12% em 2008 do total da despesa. Está previsto melhorar em 2009, mas, eventualmente, porque as outras despesas estão empoladas em relação ao custo dos empréstimos bancários, uma vez que, para estes, o valor a orçamentar é conhecido nos planos de amortização. É urgente iniciar esforços para renegociar a dívida junto das instituições bancárias.
2.2. Controlo Orçamental - Despesas
a) CMT mantém anualmente compromissos por pagar, orçamentados e assumidos, no valor de 10.000.000€
b) Cerca de 60% das despesas da CMT (e foram 53% em 2007) são para pagamento de salários (31%) e para pagamento de despesas correntes de funcionamento (27%), ou seja, apenas para poder existir, a CMT consumiu em 2008 13.000.000€ e em 2009 já consumiu 8.000.000€, no primeiro semestre (previstos 21.000.000€ no final do ano).
c) Um terço dos compromissos por pagar (serão 3.400.000€ no final de 2009) são para aquisição de bens e serviços, ou seja, aqueles bens vendidos ou serviços prestados na sua maioria por empresas da região, o que lhes torna a situação mais precária neste tempo de crise (linhas 53 e seguintes Mapa 1)
2.4. RESUMO: Como mandam as regras básicas de correcção de orçamentos deficitários, estes devem ser corrigidos pelo lado da despesa, e não da receita. Deve ser feito um esforço para reduzir despesas de funcionamento, e custos financeiros. Reduzir ao máximo a necessidade de recorrer a empréstimos, ainda que de longo prazo (onde a herança pesada passa para as gerações vindouras).
Foi isto e apenas isto que eu referi na entrevista à Radio Hertz. Enviar-lhe-ei de seguida para o seu email pessoal o gráfico de excel aqui referido e que me vejo impossibilitado de aqui publicar.
Pela Candidatura "saber Decidir" - CDS/PP
Ivo Santos
Quanto à questão da Corredoura e da interessante comparação que faz com o exemplo de Florença, entre outros, permita-me explicitar a nossa proposta - presente no Programa de Acção - e depois tecer algumas considerações sobre a matéria:
- Criar a Comissão Técnica de Concertação entre Entidades, envolvidas na implementação e exploração de redes de infra-estruturas – abastecimento de água, saneamento, gás, electricidade, telefone, televisão por cabo e outras, de forma a reduzir os impactos negativos resultantes das suas intervenções no espaço público;
- Requalificar a Rua Serpa Pinto, em termos de pavimento;
- Promover e dignificar do comércio tradicional por implementação de programas específicos de apoio;
A proposta de estudar-se a possibilidade de reabertura do trânsito na Corredoura, entre 2.ª a 6.ª feira, no horário das 9 as 20 horas, surgiu na sequência da reunião de trabalho havida entre elementos da nossa candidatura e a direcção da ACITOFEBA, complementada com contactos formais e informais com outros comerciantes do Centro Histórico.
Reitero que não equacionamos a possibilidade de existir trânsito na Praça da República, e que a circulação será apenas para viaturas ligeiras, no sentido nascente-poente, sem estacionamento.
Faço notar que na Rua do Carmo, em Lisboa, em dado momento o trânsito foi encerrado, para posteriormente ser de novo aberto, por vontade dos moradores e comerciantes.
Convido-o a fazer o exercício mental de aplicar a actual realidade da Corredoura à Rua Marquês de Pombal, igualmente artéria integrada no Plano de Salvaguarda do Centro Histórico. Acha que seria vantajoso não ter trânsito? Defende que as pessoas não utilizam as esplanadas do Café Santa Iria ou do Restaurante Belavista, por causa dos carros que passam ao lado?
Ficam as questões.
Um abraço
P.S. -Quanto à questão de Florença vou-lhe também enviar algumas fotos tiradas em Maio passado no mesmo local que agora visitou. Se acahar que vale a pena pondere publicá-las.
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